quinta-feira, janeiro 31, 2008

a matar horas mortas em tempos de exames

'A noite é fria e delicada e cheia de anjos.'
Canta o rádio
e tanto que estudar.

Estrelas são estrelas
no caminho para esta casa.
Detestava ter de ver
no meu quarto

esta prisão.

domingo, janeiro 13, 2008

O Império do Mal

Ando honestamente saturado do rumo que definimos para o nosso mundinho dos dias de hoje.
Saturado....
Porque uma vez que a dicotomia Bem e Mal ficou demodée com a morte de Deus, optaram-se por pôr outros santos no altar: terceiromundismo e modernidade, ou qualquer outro conceito de semelhante. Em suma, o que é artesanal é merda, o que tem normas complicadas, directivas europeias e fiscalizado por polícias autoritárias é que é fixe. A nossa sociedadezinha faz-me lembrar o típico exemplo académico cliché da filha do lavrador rico, que teve de malhar na terra a vida toda para ter o que quer que fosse, mas que se arrepia com uma galinha morta e que ensinará os filhos a nunca, jamais, em qualquer situação sujar as mãos com terra.
Basicamente,... aos meus olhos surge no extremo a visão caricata de de florzinhas de estufa, adubadas de politicamente correcto e a fotossintetizar luzes de televisores, pc's, iPODS e outras fontes fidedignas de informação.
Para ser mais concreto: não é a ASAE em si que me irrita, não são as directivas europeias a legislar sobre galheteiros e tamanhos de preservativos unifomizados que me irritam, nem leis do tabaco e afins.
Irrita-me é por um lado a caça assumida o tudo o que é tradicional e típico, e cuja produção em grande escala, industrialização, ou massissamente fiscalizado destituirão de sentido e destruirão mais tarde ou mais cedo, levando consigo um bom naco vivo do nosso património cultural que demorou gerações a consolidar.
Irritam-me os subsidios que a UE dá às regiões pobres, quando adopta uma politica economica que na pratica resulta no nulo do que fez antes. Resultado?: calam-se os possiveis descontentes, alegram-se as grandes nações, assimetrias culturais aligeiram-se. O Mao já tinha percebido isso: um povo deslocado das suas raízes é deveras mais fácil de controlar. E calar.
Irrita-me ainda, quanto a esta lei do tabaco, o nobres espírito salazarista de que a maioria das pessoas do nosso dia-a-dia se imbuíram. TODA a gente quer saber se TODOS os cafés cumprem TODOS os pintelhos da puta da lei. E queimam, e chibam, e denunciam quem for preciso. O senhor director da ASAE rejubila nesta altura na sua poltrona, esfregando as mãos de contente, pela nova ideia de 'cada-um-fiscaliza-o-cu-do-vizinho' que ele deve pretender ver implementado no nosso Portugalzinho.

Vá lá, talvez eu esteja a exagerar. Vá lá...
Mas seria assim tão difícil dizer aquilo que toda a gente tem vontade de dizer que é mandar essa escumalha à merda?