quinta-feira, agosto 27, 2009

dope show

"When you walked through the door
It was clear to me (clear to me)
You’re the one they adore, who they came to see (who they came to see)
You’re a … rock star (baby)
Everybody wants you (everybody wants you)
Player… Who could really blame you (who could really blame you)
We're the ones who made you."


- Eminem

terça-feira, agosto 25, 2009

'The Hope That House Built'



"In the end everybody wins as long as we remember
There's a reason for incredible wealth (incredible wealth)
Incredible luck (incredible luck)
Don't despair life is just a dream and nobody can judge us
If we choose to face ingradually (ingradually)
Makes everything right (means nothing can beat us)

Come join, come join our hopeless cause
Come join, come join our lost cause
Come join, come join our hopeless cause
Come join, come join our lost cause. (...)"

segunda-feira, agosto 17, 2009

silver

encontramos novas formas de ritmo neste contra-relógio casio pregado ao pulso esquerdo que corre louco desde a sua longínqua forja. corre como um fio de lava, projéctil líquido, tipo candeeiro chique caído, sem cima, só com um baixo, que foi as partida. encontramo-nos em novas formas de choque à medida que nos desbobinamos rumo à frente e ao que vem depois dela, em espirais, sempre, alongadas como um adn imemorial.


"Come on, Rick, I'm not a prize.
I'm not a cynic or one of those guys.
Come on, Rick, I'm not a rope,
Now pull your socks up.
Come on, Rick, I'm not a child,
I'm not special or one of a kind.
Come on Rick, I'm not a drunk,
I know my own worth,
I'm an adult!
I'm an adult!

A common purpose,
A common goal."


- Future Of The Left

quarta-feira, agosto 12, 2009

'Recuo Táctico'

"Deitei-me num lugar onde
havia amena névoa sedosos livros musical solitude
as portas uma a uma aferrolhadas
as janelas sem uma fenda por cerrar
lá de fora nem o vento nem a ira nem o dia
aqui só noite
só noite nos meus sentidos calafetados de usura
esperando o sono perfeito que há-de vir.

Música incensos livros o vazio pleno
finalmente o vazio pleno
a desabitação interior de um cérebro dissolvido
o sono a vir o sono a vir
quase liberto da vigília insuportada.

Mas no instante mais sublime
do refúgio anestesiador
me achei repelindo a música o silêncio os livros
o pavor do vazio pleno já dentro do sono sem nele estar
a cresta amarga esfolando-me a garganta asfixiada
os braços sem espaço os olhos espavoridos
e então num salto desferido e brusco
devolvo-me à esgazeada aragem
da rua tumultuada
onde deixo de ser ninguém
para ser nada"

- Fernando Namora

segunda-feira, agosto 10, 2009

Façam o favor de ser felizes


Um sentido e profundo adeus a Raúl Solnado, o homem que ensinou gerações de portugueses a rir de boas piadas.

quinta-feira, agosto 06, 2009

público?

Fiquei ontem a saber quanto é que a minha mãe gastar com os livros escolares da minha irmã. Algum palpite? Sendo que a minha irmã vai para o 7º ano e anda duma escola pública em Penafiel? Nada mais, nada menos que 300 euros. Isto sem contar com o material escolar e de desenho. Nem eu gasto tanto em livros. 300 euros é apenas o ordenado de muita boa gente que, como os meus pais, pode ter mais que um filho a estudar. Imaginemos que são gémeos, até.
É este o ensino público público português. Só espero que a qualidade de ensino esteja ao nível da qualidade (expressa no preço) dos livros.

quarta-feira, agosto 05, 2009

circus

não te intrometas e espera que o jogo acabe. traz-me um copo entretanto. os outros meninos estão ansiosos por me ver jogar, não os quero deixar mal, vou arrasar. mas esquece, que não entendes esta minha corrida. traz um copo para mim, só para mim, para mais ninguém: os outros que ouguem ao olhar para mim, por não terem ninguém como eu te tenho a ti. não é? mas não te metas. ai de ti! se te atravessas no meio deste jogo ou no meio do meu caminho. é que juro que te mato! pronto, não chores, sabes bem que te vou dizer que não disse por mal e que vou dizer que só te quero bem. mas entretanto vai lá, e volta quando eu te chamar.


«We play house and swear to end
This congenital heart defect here
But it won't end with me
Because all I know about love
I learned from household names
And voices that keep me up at night
And I'll teach my son about love with household names
And voices to keep him up at night
A son named self-fulfilling prophecy
A son named self-defeating prophecy
Before I know it I hear my own son's voice screaming:
'You. I learned by watching you.'» - Off Minor

terça-feira, agosto 04, 2009

got to love the people who set themselves up for disaster

jovens que traçavam finos ao fim da tarde traçam sacolas em paragens de autocarro. não têm horário de partida, apenas horário de chegada. estãlo por conta do mundo, a entidade que gere os horários dos autocarros e a frequência com que passam uma única vez por cada pessoa em dado e certo lugar. não adiantam consumições: está feito, está feito. os jovens que traçavam finos ao fim da tarde e os bebiam com gula de óculos de sol postos estão traçados para morrer. porque a rota do autocarro está traçada por cima deles. para daqui a 5 minutos e eles sabem-no. e vão continuar à espera.

domingo, agosto 02, 2009

Who Watches The Watchmen?

Há coisas que acabam por me queimar no âmago. Chamo-lhes desde fantasmas pessoais a inimigos privados. Mais vulgarmente denomino-as por manias e expresso-as com um 'já estou a bater mal'. Mas essas coisas, são coisas que me deixam de facto a bater mal. Sobretudo quando me fazem relembrar uma máxima sacralizada por um amigo meu: não há super-heróis. Não há. Não existe semelhante. Não há vigilantes em lado nenhum. Quanto muito existe gente de moral elevada que luta, por força das circunstâncias, encapotada para lutar um dia mais. Porém parece que dia após dia aparece um ou outro super-herói da Marvel, abençoado pelo toque da aranha e lança teias a tudo e a todos os maus da fita e aos que ainda se fizerem ao seu caminho. Parece que proliferam. Que são mais cás mães. Na minha faculdade então, Jesus!, Messias para todos os gostos e feitios. Melhor: todos de mãos limpas e bem lavadas. Deixa-me inclusive fodido o tempo que se perde com futilidades do género prémios canotilho, os 'argumentos' na SdD completamente 'inocentes' para fomentar o 'debate', o conteúdo a que se fecha os olhos em troco de uns bons flyers e bom discurso de cacique. Chateia-me que gente tão inteligente se contente com tão pouco, e que os grupos de intelectuais de uma faculdade de Direito se consigam concentram tão esforçadamente em batalhas de egos e se esquecerem das verdadeiras pessoas (e variadas pessoas) que lá andam e estudam. muitos a chamar a si a responsabilidade de defender muitos mais, pelos mais diferentes meios, e a coisa mais transversal que há nessa faculdade é uma barraca na Queima. O que me quer parecer é que os defensores não sabem quem defendem, e que quando vigiam não têm quem os vigie. No entretanto, o que tem mesmo de ser feito (é simples!) não se faz. Se calhar continuamos a ser apanhados de calças em baixo quando os nossos Defensores faziam tudo o que podiam por nós e escusam-se a responsabilidades, não prestam declarações, continuam de cara tapada e voam para longe directos a mais um salvamento do dia

Quem tiver paciência para ler nas entrelinhas e fazer um mea culpa, poupava-me a conversas futuras sobre o tema.


"Looked at the sky through smoke heavy with human fat and God was not there. The cold suffocating dark goes on forever, and we are alone" - in 'Watchmen'

"O espelho"

«O senhor Valéry não era bonito. Mas também não era feio.
Há muito tempo atrás havia decidido trocar os espelhos por quadros de paisagens. Desconhecia, pois, o seu aspecto exterior actual.
O senhor Valéry dizia:
— É preferível assim.
E explicava:
— Se me visse bonito ficaria com medo de perder a beleza; e se me visse feio ficaria com ódio às coisas belas. Assim, não tenho medo nem ódio.
E sem ser bonito nem feio, o senhor Valéry passeava pelas ruas da cidade, olhando, com atenção, para as pessoas com quem se cruzava.
Ele explicava:
— Se me sorriem percebo que estou bonito, se desviam os olhos percebo que estou feio.
Teorizando dizia ainda:
— A minha beleza é actualizada a cada instante pela cara dos outros.
Por vezes, depois de se cruzar com alguém que desviava os olhos, o senhor Valéry, percebendo, passava a mão pelo seu cabelo, penteando-se ao mesmo tempo que procurava um outro rosto dentro de si próprio, agora mais agradável.
O senhor Valéry comentava, em jeito de conclusão:
— O espelho é para os egoístas.
— E o desenho? — perguntaram-lhe.
— Hoje não há desenho — respondeu o senhor Valéry, e despediu-se logo de todos com um movimento brusco, mas gentil.
As pessoas gostavam do senhor Valéry.»

- in 'O Senhor Valéry' de Gonçalo M. Tavares