sexta-feira, setembro 30, 2011

Blinded



"I was always one of the righteous
Never lived outside of the light
Kept a close watch on the whitewash
Disguising the dead bones inside
Disguising the dead bones inside

I was always one of the good ones
Keeping tabs on everyone else
Sure that I was one of the chosen
I was a child of Him
I was a child of Him

But you buried me in the bright light
Yeah you held my eyes to the sun
Til I could see that
I was worse
Than I ever feared I could be
But somehow
I was loved
More than I ever dared to believe
Because of you"

quarta-feira, setembro 21, 2011

Júlio Resende



(23/10/1917 - 21/09/2011)

Faleceu hoje um dos maiores pintores portugueses, Júlio Resende.
Aqui fica uma modesta mas genuína homenagem e um louvor pela imensa obra.

terça-feira, setembro 20, 2011

em estado bruto

"Cavamos fundo no coração em busca das rimas reais, as superficiais são extraídas
Está de volta a comitiva emblemática, a nossa clique é dealemática
Gajos vão para os jornais dizer eu sou demais, faço e aconteço, moço tu és um fracasso
Mentes porque no fundo tu és um frustrado por não seres o que realmente tens mostrado
Tomaste-nos por trastes como tu, tu tens a alma no cu, queimaste-te, catástrofe!
Início do Juízo final, as massas em Fátima avistam a nave espacial
Atenção, invasão dos extra-dealemestres, teste 1,2,1,2 terrestres:
Vocês tão em vias de extinção, seres humanos como animais racionais de estimação
Ex-peão infiltrado, Fusão mau contacto, o mercado já foi esmagado. Câmbio.

Saímos das criptas com visões apocalípticas, trazemos o machado que decepa as mente cépticas
As nossas vidas não são movidas por cifras, temos um objectivo: eliminar ervas daninhas
Super-heróis urbanos neste tempos mundanos, cercamos em pentágono não há fuga pelos flancos
Sem subterfúgios, esconderijos ou saídas, falsos cometem arakiri como virgens suicidas
Quando criticas não é uma banda ou um artista, é todo um movimento que te tem debaixo de mira
Dealema é a omnipotência de resistência, com residência vitalícia na vossa essência
Encarcerados no teu subconsciente, permanentemente a dar a face na linha da frente
Somos o toque da corneta que anuncia o ataque, o golpe da baioneta na frente de combate.

As pílulas de estado de espírito podem ser perigosas numa crise há um aviso no frasco
Em letra miúda não ingerir em situações potenciais de risco.tava só a ler um livro!
Mais uma obra dealemática, viemos liquidar falsos génios com hip hop lacrimogéneo
Soberbo, música de guerra é um passatempo, o êxtase é tanto que brincamos com relâmpagos
Tortura, ripostar é um acto de loucura,
vão pró caralho betos já se julgam homens de rua
Caçadores sem rosto com fome de lobo, o vosso projecto é como um bebé que nasce morto
Profetas de sangue frio, inquisição, pernas abertas em posição de violação
À velocidade de um pensamento não há arrependimento, tu baixas a cabeça isto é música de enterro.

Isto é música de enterro não existe arrependimento, viajamos à velocidade do tempo
Interrompemos este tempo de antena pra notificar que por estas bandas tudo continua na mesma
Cinco no recinto virando barcos como tinto, fechando tascos em compassos, sócios gritam tá limpo
De corpo e alma sem veneno, dealemático e sereno, em beats e versos 4 por 4 todo-o-terreno
Se a gera excede a regra mantém-se firme como pedra
Ao contrário de quem abre a boca, é para entrar mosca ou sair merda
Nós construímos um futuro mais próspero, queimáste rapidamente cabeça de fósforo
Falas muito do meio e nada fizeste por ti, há merdas neste mundo que até o diabo se ri
Não encenamos peças, não vamos em conversas
Nem cremos em promessas, vê se dispersas."

segunda-feira, setembro 19, 2011

"Qual o antídoto para a corrupção? Na história do BOPE, a resposta foi uma só: orgulho. Orgulho pessoal e profissional. Respeito ao uniforme negro. Antes a morte que a desonra. O processo de selecção era tão difícil e doloroso, o ritual de passagem era tão dramático, que o pertencimento passou a ser o bem mais mais precioso. Ser membro do BOPE, partilhar dessa identidade, converteu-se no bem mais valioso. A auto-estima não tem preço. Portanto, não se negoceia."

André Batista, Rodrigo Pimentel e Luiz Eduardo Soares in "Elite da Tropa"

quinta-feira, setembro 15, 2011

"Cansados daquele delírio hermenêutico, os trabalhadores repudiaram as autoridades de Macondo e apresentaram as suas queixas nos supremos tribunais. Foi aí que os ilusionistas do Direito demonstraram que as reclamações careciam de toda a validade, simplesmente porque a companhia bananeira não tinha, não tivera, nem teria nunca trabalhadores ao seu serviço a não ser os que recrutava ocasionalmente e com carácter temporário. De modo que se desfez a patranha do presunto da Virgínia, das drageias milagrosas e das retretes natalícias e determinou-se por sentença do tribunal e proclamou-se em éditos solenes a inexistência dos trabalhadores."

Gabriel García Márquez in "Cem Anos de Solidão"

terça-feira, setembro 13, 2011



"I flew beyond the sun before it was time
Burning all the gold that held me inside my shell
Waiting for you to pull me back in
I almost had the world in my sight
Lost love, bright eyes fading
Faster than stars falling
How can I tell you that I've failed ?
Tell you I failed..

Falling from grace cause I've been away too long
Leaving you behind with my lonesome song
Now I'm lost
in oblivion."

segunda-feira, setembro 05, 2011

naqueles dias, os dias começavam quando começavam mesmo e não por se ter estipulado numa convenção qualquer. e acabavam quando estavam todos sentados à mesa, a beber, a falar alto, a gozar uns com os outros, os miúdos ansiosos por se porem a correr á volta das mesas e das cadeiras ou por se encafuarem nos quartos e tirar as teimas dos vencedores dos jogos da tarde. à semana era o verão. o verão mesmo. o verão em que se acorda cedo por ser a hora em que o sol acorda também. um verão mais fresco do que o dos dias de hoje, forrado a cal, alimentado a pão com manteiga, recortado pelo horizonte do monte e das suas três árvores ciclópicas que não existem mais. naqueles dias, três de nós iam para cima da velha corte de coelhos ver o pôr-do-sol contar anedotas e sonhar com o dia em que teríamos uma mega drive. e setembro ainda era o mês mais triste do ano, porque o verão acabava. e com ele as escondidas nos socalcos, àrvores e tanques, as emboscadas aos gatos, as corridas de bicicleta. chegava setembro e passava a estar frio para se jantar tarde, tarde para preparar o regresso á escola e tarde para continuar a manter junta uma família feliz que crescera para além dos limites. fazia-se tarde: cada um teria de voltar para casa. voltamos todos, menos os dois velhinhos que esperam pacientes o nosso regresso. e no entanto, quase vinte anos depois daqueles dias, todos voltamos, multiplicados em número e em tamanho, dobrados, amassados, atrasados pelas convenções que estipularam o que os dias de hoje seriam. são outros os miúdos que correm à volta da mesa, a própria mesa é diferente e setembro já não é o mês mais triste de todos, mas os domingos de verão continuam a pôr-se com a mesma benevolência. quanto aos velhinhos que esperam pacientes, esperam com mais entusiasmo do que nunca. são felizes e olham para os seus dezassete com sentimento de missão cumprida.