segunda-feira, janeiro 30, 2012

SPA

É intelectualmente estimulante pensar no fundamento da existência da SPA e no seu papel na tão propalada defesa dos direitos de autor. Esta "sociedade", "colectividade", o que for, que esgrima pelos interesses dos artistas, e cobra multas pelo não pagamento de direitos de autor, de autores e artistas que não lhe estão associados, e fiscaliza, qual ASAE das artes, todas as festas, romarias, festivais, concertos de garagem, a fim de obter o seu dízimo, ou antes, o preço pela protecção que presta a esses autores e artistas. De resto, a mesma SPA que tão veemente condena a partilha gratuita de música e outros, esse autêntico flagelo da século XXI.
Porém, a título de curiosidade vejamos este texto, bem elucidativo do que ganha a SPA com o actual estado de coisas, e talvez aí fiquemos mais elucidados do que se esconde por detrás da máscara dos tão acérrimos defensores dos direitos de autor.

domingo, janeiro 29, 2012

Divagando sobre a minha própria dependência, porque não sou outra coisa senão um dependente, acendo o rastilho da ansiedade. Um carro é urgente. Uma casa é urgente. Um sítio longe é muito urgente. E nesse sítio, nessa casa, levado pelo meu carro, chamar-lhe lar. E sem justificação, acumular garrafas de whisky, porto ou aguardente, a ser bebidos em copos baços. Fumar, cigarro após cigarro, dias a fundo e noites adentro, de uma varanda de chão empoeirado, que certamente lá estaria, a debruçar-me sobre esse sítio que me daria saudades do Porto. Do meu Porto. Um sítio onde eu pudesse, livre de paternalismos, deixar as janelas fechadas e as persianas corridas. E nos recantos onde a luz não chegasse proliferariam teias de aranha, de que eu nunca iria dar conta. No chão, manchas de óleo, comida e álcool; as cómodas e as mesas enterradas em pó; no quarto, uma única cama e meia dúzia de cobertas. O frigorífico e a despensa estariam vazios, limitando-se a meia dúzia de itens estragados. Uma televisão com 4 canais, sempre ligada, a meia voz, para fazer ruído, um rádio que não funcionava e um computador só com o word instalado. Em todo o sítio ouvir-se-ia o lacónico barulho da água a correr. Outras vezes o lacónico barulho de grilos, no exterior. E ainda o lacónico barulho de portas a bater dentro de casa, e portas a abrir fora dela, gente a sair, gente a entrar, gente. Em suma, um sítio sem vestígios da minha chegada ou saída, da minha presença ou ausência, um sítio cheio de mim, cheio de tristeza até às marcas de humidade no tecto, isolado porque habitado por isolados e não porque matematicamente concebido para não ser conhecido de mais ninguém. Digamos, uma emancipação.


quarta-feira, janeiro 25, 2012

Pratica(mente): Fugazi

"Não penso no futuro, e não perco muito tempo no passado, embora seja responsável pelo meu passado, de outra forma não estaria ao telefone consigo. A banda nunca foi uma loja ou um negócio. Sempre nos preocupámos com a música, antes, durante e depois dos concertos. E procurámos fazer coisas esteticamente interessantes, que estimulassem as bandas a desafiar o domínio do mercado. Para que fosse a música, e não o dinheiro, a guiar as pessoas."

- Ian Mackaye, in "Fugazi: quando o rock era rebelião", retirado do site da "Ípsilon"


Como é bom ouvir um dos grandes falar assim. Isolado neste maciço mundo de massas, é cada vez mais difícil encontrar ecos de opiniões sinceras, marcadas por uma inocente inclinação para o mal e desmesurados saltos apaixonados pela música.

segunda-feira, janeiro 23, 2012

7 biliões de almas



"Never before in human history have so few owned so much to so many, Mr. Jiabao. A handful of men in this country have trained the remaining 99.9 per cent - as strong, as talented, as intelligent in every way - to exist in perpetual servitude; you can put the key of his emencipation in a man's hand and he will throw it back at you with a curse"

- Aravind Adiga, in "The White Tiger"

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Unsaid

não falamos quando subimos; encostamo-nos à soleira do nosso refúgio e os nossos olhos, juntos abraçaram o horizonte todo. não falamos, nem suspiramos quando nos tocamos ou quando nos levantámos e seguimos. abandonamos e descontruímos, numa fluidez de videoclip, o nosso passado, enterrado no Sameiro. o que não falamos, tudo o que não falamos e teríamos dito permaneceu. com o peso do chumbo, no ar por nós respirado em latitudes distintas, em planos antagónicos e culturalmente inconciliáveis. entre nós, não ficou dito isto:

sexta-feira, janeiro 13, 2012

A Fonte

"(Eu sou) O quinto anjo.. fusão
Monstro megacéfalo, com fome de som
Poeta encapuçado, vocábulo envenenado
Uma alucinação visual e acústica do diabo.
(Eu sou) Hipocentro que te abala por dentro
A sensação de choque que percorre o teu esqueleto
O meu fetiche pelo terror martela-me o cérebro
Desci à terra porque Cristo tem fobia de pregos.
(Eu sou) Alinhamento perfeito fora de ângulo
Vândalo quando canto, sonâmbulo quando ando
Manipulo o músculo verbáculo
Como um testículo ejaculo alfabeto diabólico para o óvulo
Tentáculos incrédulos especulam o meu cálculo
Não atingem o meu pináculo mental nem a binóculo
Terráqueo sem vínculo, do berço até ao túmulo
Engole o fogo do meu íntimo.. Inspector Mórbido.

A FONTE, A DÁDIVA, O ÓDIO, O AMOR
A SOLIDÃO, A DOR, GUERREIRO GENIAL

A LUZ, O MEDO, A ILUSÃO AO SONHO

DO BERÇO AO TÚMULO SOU ESPECIAL!"

terça-feira, janeiro 10, 2012

Coachella

Ou o festival que tem a singular capacidade de me pôr a amaldiçoar, de tempos a tempos a minha indisponibilidade crónica para voar até à Califórnia quando me dá na real telha. Em contrapartida, se foi o festival a assinalar o regresso ao activo dos bons velhos RATM, eis que é o responsável também este ano de assinalar o enterro do machado de uma guerra de outra boa velha banda, também conhecida por uma abreviatura (ATDI), desaparecida quase ao mesmo tempo que o povo se começou a prestar atenção a bandas mais do lado de fora do circuito, e que muitos, MUITOS de nós ansiam ver desde esse tempo; o tempo em que queríamos ser aquele guitarrista que dançava salsa, aquele vocalista que fazia malabarismos com o micro, aquele guitarra-ritmo tão cabisbaixo, cujo canto uns anos mais tarde nos levaria às lágrimas. É, essa banda voltou. Uma das melhores bandas do século XX, cujo álbum "Relationship of Command", de 2000, vejam lá!, chegou a ser considerado o álbum do milénio!, por algumas publicações.

Maldito sejas, Coachella. Não se devia poder ressuscitar tão bons sentimentos e recordações a tantos quilómetros de distância.
"Why had my father never told me not to scratch my groin? Why had my father never taught me to brush my teeth in milky foam? Why had he raised me to live like an animal? Why do all the poor live amid such filth, such ugliness?
Brush. Brush. Spit.
Brush. Brush. Spit.
If only a man could spit his past out so easily."

- Aravind Adiga, in "The White Tiger"

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Senna



A história de um ícone perdido da nossa infância mais remota, um nome que ao longo dos anos nos habituou a ser sinónimo de implacável, o brasileiro que só não ultrapassou a morte: têm o incrível condão de comover um comum mortal, pouco mais que leigo em automobilismo.

sábado, janeiro 07, 2012

Ainda há esperança



"Eu vejo a nova geração levar o tempo em vão
Uma nação liderada para a escuridão
Eu vejo no futuro mano uma abominação
No novo nascimento nasce a luz para a salvação
Coração é o abrigo que aquece a solidão
Não dês um "passo-bem" a uma criança sem mão
A indiferença, escravidão da nova educação
O egoísmo conta flores no jardim da maldição
Filhos que mendigam por afecto,
Pais não têm tempo, tempo muda para amanhã
O céu coberto, um gesto, um sorriso, um choro, uma palavra
Um cheiro, um sonho, uma infância abençoada
A inocência de uma lágrima evapora
A ferrugem que corrompe a mente humana é desumana
Ainda vamos a tempo, este é o hino
Um minuto de atenção pode mudar um destino

Ainda há esperança na última criança
Na sua herança mora a boa aventurança
Ao futuro da raça o ódio é uma ameaça
O amor é a chama, a hora é de mudança."

quinta-feira, janeiro 05, 2012

"Assim como o dia escurece para o pedinte que deambula pelas ruas numa noite desolada de Inverno, sem casa, nem amigos - tão devagar, tão cansada -, assim me voltava a luz da alma."

- Edgar Allan Poe, in "Histórias Extraordinárias"

terça-feira, janeiro 03, 2012

Neeson, you dirty lone wolf ultra protective bad ass motherfucker




"I don't know who you are. I don't know what you want. If you are looking for ransom, I can tell you I don't have money. But what I do have are a very particular set of skills; skills I have acquired over a very long career. Skills that make me a nightmare for people like you. If you let my daughter go now, that'll be the end of it. I will not look for you, I will not pursue you. But if you don't, I will look for you, I will find you, and I will kill you."

- in "Taken"