sábado, outubro 25, 2008

no feelings




tive bastante trabalho em tirar, tira por tira, o meu coração, a inverter a brocado que a minha mãe teceu dentro do ventre com as mãos de fada que o tempo lhe permitiu. e esse músculo desenrolado, esfiapado, nas minhas mãos jaziu morto. escorrido por entre os dedos, uma areia fugidia, mas apenas até ao momento exacto antes do momento oportuno. talvez agora dele, do coração, faça um laço à velho oeste para encoleirar toda a sorte de animais. ou salte apenas á corda. ou faça outro tipo de situações ou conspirações, imbuído nos mais nobres dos inutéis propósitos que o mundo consagrou aos homens. na verdade, dei-me a todo este trabalho, porque estou sem sentimentos. sem sentimentos por mais ninguém, que não eu mesmo, o meu lindo mesmo.

3 comentários:

mar disse...

olha que isto é muito bom ó desaparecido. tens aqui um muito bom pedaço de prosa, tens crescido, mais na prosa do que na poesia, penso. aliás na poesia aponto-te só levo erro de não seres coerente por vezes mas gabo-te a determinação em escrever sobre a sociedade =), depravada. na prosa já és um senhor.

um beijo
deste
mar.

p.s. é sempre bom ver-te pela minha casa aberta. tenta ler alguns pedaços de literatura no e deste mar. bons cantos de mim.

mafalda disse...

calar as vozes
calar as vozes
calar as vozes.
e resta o amor puro
da única voz que não se pode calar.

Anônimo disse...

creio que teres sentimentos a partir da tua linda pessoa, daria menos trabalho do que desfiar o coração.entretanto, tiveste que o fazer para descobrir que não os tinhas. eras um. sem tirar nem pôr.