quinta-feira, dezembro 30, 2010

Quando o amor se torna veneno

"O bem, o mal, a vida, a morte, amor, veneno...

Acordei, lavei a cara e olhei-me ao espelho
O tempo parou, mas eu por fora estou mais velho
E por dentro respiro fundo, deixo-me ir ao fundo
Conto pelos dedos as noites que já não durmo
Diz-me porquê tens tanta raiva por dentro
Converterei o teu ódio no mais profundo sentimento
Levarei os teus olhos a visitarem o meu interior
Dar-te-ei tudo o que tenho, em troca do teu amor
O calor e o reconforto do teu corpo que aquece o meu
Que com os anos vai parecendo morto
E a inocência desvaneceu-se no bater dos ponteiros
do relógio
Pergunto-me a mim próprio
Guerra santa, fome tanta, religião profana
Não vês que o rumo da vida muda constantemente
Depende da opção tomada
Sê Homem e sofre as consequências dos teus actos
Ser-te-ão pagos na mesma moeda
Tudo aquilo que nos desejas terás o triplo dessa
merda
Seja amor ou seja inveja
Afogam-se mágoas em canecas de cerveja
Situação ridícula, a vida é uma película
E nós os actores principais
E quando alguém morre não há duplos, são mortes
reais
Nunca mais voltará a ser como era
A não ser os corações que continuarão a ser de
pedra
A não ser as pessoas que continuarão a ser
hipócritas
E quando nada tiveres todos te voltarão as costas
Mas na solidão encontrarás a consciência
Procura dentro de ti porque cada um vai por si

Quando o amor se torna veneno e a vida muda
Mas as impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias.

Será que estás satisfeito com a vida que vives?
Olha para dentro um momento e quebra limites
Pessoas felizes voam como pássaros livres
Momentos alegres fazem esquecer cicatrizes
Das punhaladas nas costas daqueles de quem mais
gostas
Da língua perversa que faz de ti assunto de
conversa
Cuidado com a inveja e os efeitos nefastos
Sobre quem a venera e manifesta
Apresenta perdão ao teu irmão, de pomba branca na
mão
Esquece o ego, cego, que enlouquece
E quando um rude golpe na alma a fizer rebentar
Quando já não tiveres mais lágrimas para chorar
O Amor cura, nunca caduca, o ódio fere
Existe a justiça solene, que resiste numa folha
perene
Que não desiste, que persiste, enquanto não alcances
não descanses
Pois nada será como dantes
Depois de buscas incessantes levaremos avante
O nosso barco a bom porto
Com o nosso suor, com o nosso sangue, o nosso povo
sairá triunfante
Não existe diferença entre carvão e diamante
Tudo aparece no tempo certo, Deus nunca esquece o
seu projecto
Sempre dará alimento, o universo conspira se for bom
o investimento

Se o fim for altruísta a meta estará à vista, quem
não arrisca, não petisca
Agora o egoísta que desista, nem insista à nossa vista
Se o fim se justificar o meio vai-se proporcionar
Pode demorar, pode desvanecer, mas nunca vai morrer
Nunca digas nunca, pois quando sem dificuldade se
vence sem prazer se triunfa
Percebes?! É simples: faz as tuas preces, pedes e
verás que recebes
Mas com calma, porque uma vez não são vezes
Não dês com a língua nos dentes antes de fazeres o
que queres
Gastas energia com palavras e é só nos actos que
perdes

As impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias

Amor, veneno, um sentimento extremo
O maior pesadelo é acordar todos os dias como se
fosse o mesmo
O medo faz-nos perder o horizonte dos nossos sonhos
Imbuído na dor tens de encontrar
Algo que verdadeiramente possas amar
Talvez um ritmo, talvez uma flor, talvez um filho
Talvez um sítio, uma sinfonia de violinos ou
simplesmente o brilho da lua no rio
Envenenado, sai purificado da montanha
A brilhar como o azevinho, como o orvalho da
madrugada
Sentimentos puros que se soltam
Como as últimas folhas de Outono levadas pelo vento
Mas elas voltam para te fazer brilhar na aurora da
história
Porque como cristais, os cisnes ainda permanecem
imaculados nos lábios da memória
Então aprendi, vivi o dia como se fosse o último
Senti a chuva como se fosse a última
Beijei a mulher como se fosse a única
O sofrimento numa guitarra, em dedilhado o nosso
fado
Faz chorar as pedras da calçada
A caminho de casa, um sentimento triste invade as
nossas almas

Pela falsidade envenenadas
Mas a verdade esconde-se por detrás das máscaras
A verdade esconde-se por trás das músicas
A verdade esconde-se por trás das túnicas
Que cobrem a face de belas escravas asiáticas
A beleza de poesias leva-te às falésias místicas
Onde o brilho do Atlântico revela as vistas
paradisíacas
E onde o espírito da luz se move sobre a face das
águas límpidas
Respiro sons profundos
Envolvidos por bolhas de ar que libertadas de seres
aquáticos
Elas sobem à tona e emergem enviadas dos mais
complexos aquários
E nós não contemplamos, todos esperamos
Pelo dia em que a terra prometida vem
Pelo dia em que a paz vem
Mas isso é algo que vem todos os dias
Quando a lua nasce e quando o sol se põe

Quando o amor se torna veneno e a vida muda
Mas as impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias

Real ou não real
Sentido e fatal, ao mesmo tempo
Amor, veneno, veneno, amor, veneno
É difícil ser lembrado mas é fácil ser esquecido
Amigo, inimigo, escondido o genocídio
O quinto elemento será a salvação das massas
Nas mãos erradas é uma faca com duas lâminas
Celibato mental contacto ou fenómeno psíquico
Mas a verdade é que ninguém sabe explicá-lo
Amor por vezes é comido pelo veneno
Onde um beijo se pode tornar no cunnilingus ou um
demónio
No Ódio, o homem esconde mil e uma facetas
Umas dentro de outras, como bonecas holandesas
Mau karma, confiança, amor, desconfiança
Sentimentos platónicos divididos como castas
O que separa o amor do medo
Violência debaixo do mesmo tecto sobre a barreira do
silêncio
Dedico estes versículos a todos filhos da puta sem
testículos
Que transformam lágrimas de mulheres em gritos
Quando o amor se torna veneno a vida muda
E a semente do ódio é regada pela chuva

O amor parte de nós
Temos que começar a reflectir naquilo que damos
A reflectir naquilo que tiramos
E o nosso sonho...
O nosso sonho somos nós que o fazemos
A cada hora que passa
A cada dia que passa
É algo que pode estar presente
Em nós, a cada momento
Guardamos ressentimentos e ódio no nosso coração
Mas até mudarmos por dentro
Toda a gente na tua vida
Toda a gente na nossa vida
Há-de ir e há-de vir como o vento

A princesa das neves mais brancas
Também cria as nuvens mais cinzentas
E é ela que cria as tempestades mais frias e
gélidas
Quando o amor se torna veneno
A vida muda.."


- Dealema

quarta-feira, dezembro 29, 2010

identifica-os e conhece-os

"Born with insight and a raised fist
A witness to the slit wrist, as we're
movin' into '92
Still in a room without a view
Ya got to know
Ya got to know
That when I say go, go, go
Amp up and amplify
Defy
I'm a brother with a furious mind
Action must be taken
We don't need the key
We'll break in

Something must be done
About vengeance, a badge and a gun
so rip the mic, rip the stage, rip the system
I was born to rage against 'em

Fist in ya face, in the place
And I'll drop the style clearly

KNOW YOUR ENEMY!"

- Rage Against The Machine

terça-feira, dezembro 28, 2010

cieiro

cieiro quando escolho o frio. cieiro quando existem toneladas de cidades entre nós. são gretadas as mãos que te escrevem.
cieiro quando a televisão se apaga e cieiro quando o cigarro se acende. há uma dor de garganta que o porto nunca amansa.
cieiro quando o céu arrefece com o poente laranja. cieiro na rua à hora da consoada. a cidade decretou silêncio.
cieiro quando retomamos. cieiro quando partimos. cieiro no coração que construímos.
cieiro quando voltamos
a despedir-nos.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

quinta-feira, dezembro 23, 2010

don't panic. it's just christmas comin.

O Natal ainda me lembra cd's com álbuns pirateados de Coldplay, Red Hot, e mix's de Xutos e RATM. E da sensação de os ouvir no discman novo, só com o aquecedor por companhia.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Talvez o Keene Act ainda esteja para vir...

Ok. Eu sei que é politicamente correcto ser contra os dowloads ilegais ou contra a partilha gratuita de ficheiros. Que há um sem número de motivos racionais, económicos e sociais para os condenar, ao passo que, do lado oposto, existem argumentos mais, digamos, subversivos, e como tal, mais facilmente ignorados. Porém, eu sou adepto do "tanto quanto possível para o máximo de gente possível" e sempre achei criminosos os preços cobrados para alimentar uma cultura dita popular. Cultura, auto-assumida como indústria. Cultura renomeada como entretenimento. E se vivemos numa época dourada em que, como nunca antes, existe tanta gente a aceder a tanta oferta cultural, dependendo apenas da sua persistência, paciência e imaginação, óbvio que me dá um pequeno arrepio na espinha a possibilidade de ver esta época de partilha acabar afim de que homens muito, muito ricos, fiquem apenas muito ricos.
Quando a França aprovou uma lei que multa quem fizer dowloads de ficheiros partilhados na web, com a penalização de ficar ser acesso à web, tremi. Pensei (e, a bem dizer, ainda penso) que é uma questão de tempo até mais países europeus lhe seguirem o exemplo. (Um pequeno apontamento para a aironia desta medida ter sido lembrada na pátria das liberdades individuais). Porém, este revés em Espanha acho que aliviou um tanto a pressão do cerco. Já havia sido dado outros sinais, como a eleição de um deputado do Partido Pirata Sueco para o Parlamento Europeu.
Talvez o Keene Act ainda esteja para vir...

terça-feira, dezembro 21, 2010

Dr. Pôncio Monteiro

(1939- 2010)

Aos poucos, os guerreiros vão partindo. E a fibra em que foram forjados é difícil de encontrar nos dias de hoje. Infelizmente, aos lutadores de ontem sucedem os oportunistas do presente. Não há como não louvar quem, até ao último sopro de vida defendeu com unhas e dentes o clube do coração, um dos principais obreiros da sua metamorfose de clube regional para potência mundial. Dos primeiros a dar o peito às balas, e impiedoso na hora de contra-atacar.
A Nação Portista não esquecerá o Dr. Pôncio Monteiro.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

O que mais me choca nesta aprovação, é ter sido feitapor "unanimidade". Como é possível que os nossos representantes no Parlamento, quanto a uma questão que está longe de ser compreendida e aceite pelo povo português (como sabemos, bem pelo contrário), consegue reunir "unanimidade"? Gente que não tem o mínimo de pudor em se insultar a alto e bom som e em directo, no exercício das suas mais altas funções, dentro de um órgão de soberania? Honestamente, PAGAVA para ver os rascunhos e documentos pessoais dos deputados. Porque os seus acessores, cristos, terão de escrever pelo acordo ortográfica, que não têm outra opção, agora gostava de ver quem é que, desta gente que aprova acordos assassinos da língua e ortografia portuguesas por "unanimidade", o aplica, igualmente, por unanimidade. E já agora, com pronúncia dos trópicos, devidamente acomodada à ortografia.

http://http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1735799

quarta-feira, dezembro 15, 2010

"Whatsoever I've feared
Has come to life
And whatsoever I've fought off
Became my life

Just when everyday
Seemed to greet me with a smile
Sunspots have faded
And now I'm doing time
Now I'm doing time

'Cause I fell on black days
I fell on black days."


seria bem mais difícil se pensar não fosse tão fácil. porque pensar é imediato.e custa menos do que, supõe o senso comum, pensar duas vezes. pensar duas vezes custa um pouco mais, ainda assim pouco. sendo que pensar é concebível e racionalizar possível, não é tão difícil ver, quanto o poderia ser, estes dias negros cujo lastro derramamos, qual lágrimas, pelo oceano fora. não é difícil, de todo, ver que a aportar é um verdadeiro novo dia.

sábado, dezembro 11, 2010

Contra-Informação


(29/4/1996 - 10/12/2010?)

E se salvássemos aqueles que "impunemente" gozaram com a classe política, futebolística, e restantes personas ou personalidades deste nosso cantinho, durante mais de 14 anos?

terça-feira, dezembro 07, 2010

burnt alive




"Do you remember 1968?
Too dumb to worry but old enough to hate
It and hide.
A death to remember, photos came out grey.
Finger printed bruises or finger painted face.
When and why
Did you drop the bomb on the back of her head?

Ride on, be ready! Be ready! Be ready! Be ready!
I ride you! I ride you! I ride you! I ride you!
Burnt alive... so burnt alive.

Still, there's reason to apologise
for my thoughts,
and who made me feel sorry too?
You made me admit.
Still, there's reason to apologise
It's all my fault.
and who made me feel sorry too?
You made me admit."


- Rocket From The Crypt

sábado, dezembro 04, 2010

A abstinência moía-o, mas não era o que chateava. O que o chateava era aquela insubordinação escusada e absurda. Aquele estalo de mão aberta de quem não aguentaria um beliscão da realidade. Então, ele optava fazer horas. Queimar o tempo como se um cigarro batoteiro lhe tivesse escorregado da manga e se acendesse. Fazer de conta que não vinha ao caso aquele teatro (porque não tenhamos dúvidas, era um teatro) exibir o eterno clássico "Sou bem melhor do que tu" mesmo a dois dedos do seu nariz. Enquanto, hercúleamente, delineava objectivos mundanos para atingir no curto prazo, dizia a si próprio que aquele espalhafato só lhe merecia desprezo, e não uma raiva sem nome.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

eleito. durante anos acumularam expectativas sobre este jogo. aquele em que serias o homem. do jogo. o que puxa por nós todos e arrasta para o golo. encabeçando o grito de revolta colectiva que nos moía a alma e só podia ganhar corpo na voz de um homem assim. durante anos esperamos. ele alega que nos salvou e nós nem demos por isso. deixamo-lo com a sua bebedeira surda e trivialidades políticas. fechamos a gravata, encolhemos ombros e ignoramos aquela (outra) desilusão, erro defensivo que ditou a nossa derrota.

segunda-feira, novembro 29, 2010

Leslie Nielsen

(11/2/1926 – 28/11/2010)

Mais do que um comediante, uma lenda ou até mesmo que uma instituição. Hoje, o mundo acordou mais sisudo.


“Doing nothing is very hard to do...you never know when you're finished.”
- Leslie Nielsein

sábado, novembro 27, 2010

Estive a dar uma olhadela ao trailer da "nova" série de Fox "The Walking Dead", que já conhecia de nome.



Baseada numa BD (de 2003, refira-se já), do mesmo nome e, pelo que pude ver de grande qualidade, aborda um cenário apocalíptico, em que o mundo é devastado por uma praga de zombies. E há um homem, entre um número contado de sobreviventes que procura a família. De resto, são as cidades e as estradas desertas, a pessoa que acorda do coma para um mundo novo de destruição.
À margem do mérito que a série possa ter, e não vou ser boca podre para criticar uma série que ainda não vi, que vou ver e muito provavelmente gostar, as semelhanças com o filme "28 Days Later" de Danny Boyle (de 2002) estão mais do que à vista.



O que só dá mérito a Danny Boyle pela forma como recuperou e reconstruiu a ideia do zombie, agora regularmente baptizado de "infectado" graças ao "28 Days Later". E para mim, que gostei imenso do filme quando o vi, não tanto pelos zombies, quanto pela sensação de isolamento e solidão que transmite, sinto-me feliz por ver a quantidade de matéria prima que teve para ser explorado noutras produções que lhe vão claramente beber como este "The Walking Dead", "I Am Legend" ou mesmo "REC".

terça-feira, novembro 23, 2010

"I'm tired of losing myself to some stupid childhood dream of what I could have been
Money proves the point and I'm stuck between summer holidays & punk routine
I shoot off a 100 things to remain more sorry than safe, you see
I only get this fucking chance once and I just can't let it be

Well, I'm still certain that what motivates me is more rewarding than any piece of paper could be Well adjusted & corrupt, all those icons that stole our teenage lust
A scenario of simplicity, a scenario of you and me
A scenario of simplicity, a scenario of you and me

Rather be forgotten than remembered for giving in"


- Refused

segunda-feira, novembro 22, 2010

"Tornámo-nos demasiado inteligentes para poder acreditar em Deus e não suficientemente fortes para acreditarmos em nós mesmos"

- Alexander Blok

sábado, novembro 20, 2010

"Era uma destas naturezas ricas e pobres ao mesmo tempo, movidas por altas ambições que nunca realizam. Almas que põem tanta avidez no que desejam, tanta inquietação no que procuram, que tudo lhes foge da mão no momento crucial."

- Miguel Torga, in "Vindima"

quinta-feira, novembro 18, 2010

Storm And The Sun

"I can't sleep until the sun dries me
Restless breeze
Hammered soul lying
Wise men say only fools rush in
Harvest please!
Let the storm right in!
The storm and the sun
Are making me whole
They're calling me out
The storm and the sun
Are making me whole
They're making me
And I'm falling apart
When it feels like
I'm falling apart!"

- Sights & Sounds


segunda-feira, novembro 15, 2010

Julgas-te muito bom bad boy. Intocável. Um desafiador nato de costumes que reconheces acertados. Mas o mal, o mal da Igreja, o mal do pecado não te assusta. Pisas o risco em perfeita consciência da merda que estás a fazer. Mas o dolo, o dolo dos juristas, o dolo dos entendidos, o dolo dos malfeitores, não te assusta. Julgas-te melhor que os teus próprios erros. Que as tuas vitórias ou que as tuas derrotas. Quando o acaso te prega um susto, de coração nas mãos, nem sabes onde te meter.

Brada

domingo, novembro 14, 2010

Intrigante. A Groundforce despede 336 funcionários, em Faro, alguns dos quais com 10, 15 e 20 anos de casa, ou seja, gente com formação especializada para aquele trabalho, e depois são deslocalizados não sei quantos funcionários de Lisboa para fazer o trabalho desses 336? Não teria sido melhor despedir apenas alguns funcionários? Poupavam-se nas trocas e baldrocas e subsídios de desemprego. E nem vou entrar nos 700 milhões do prejuízo que a mesma empresa tem no Brasil, com os seus 2.800 funcionários...

sexta-feira, novembro 12, 2010

Interna-me, disse eu.
Senão qual a diferença entre mim e os vales à minha frente?
Como encararei a mágoa do adeus e do esquecimento?
Porque eu vou levantar-me desta pedra pelo meu próprio pé.
Interna-me.
Força-me.
Porque eu vou ficar aqui.

terça-feira, novembro 09, 2010

Running Red

esta casa está assombrada. as palavras fizeram-se martelos, e a pancada é surda. e muda. tudo no seu lugar, mas a lesão sangra por dentro da pele. está tudo bem. tudo tremendamente bem. mas a porta não abre, ninguém pode sair, e ninguém quer ficar.


"This time we are certain
A cloud draws color running red
I'll bury my hands in black water
Undercover where they've bled
Oh reconcile these actions
In tune and unaware
Where is my matchmaker
Tell me how you live your life
Cold cool flesh killing night
Without warm light becoming nothing
I watch the falling embers beckon
Come inside, come to me
Unaware of this growing tension
The stillness quips at your retreat
Where is my matchmaker
Tell me how you live your life
Cold cool flesh killing night
Without warm light becoming nothing
Oh reconcile these actions
Covet it's murk and bleak relief
Casting fuel into the fire
In it we find the truth we seek."


- Kylesa

sábado, novembro 06, 2010

doctor, doctor

"I won't be the one you like
I won't be the boy next door
I won't be the chosen one
That's not what I'm here for
I don't like the way you are
I despise what you hold dear
Don't you try to make me change
I'll haunt you for a thousand years!"

sexta-feira, novembro 05, 2010

Crawl

"All that you say is complementary
Within these walls, where lies
are on display

If you hide the truth, then rest assured
there's nothing left to say,
there's nothing left to do

The difference between finding
what you love,
and loving what you found
is killing us right now
It'll always be true, living as one
beats dying as two
we both know this can't go on

Crawl back in place
I promise not to chase
I guess this time
I loved what I could taste
What the years have lost, is
what I've gained
There's nothing left to give
after everything I gave

Crawl back in place
I'm trying not to hate
I guess this time
I'll watch you fade away."


- Sparta

quinta-feira, novembro 04, 2010

tu sabes a sensação de desbravar o desconhecido e sentir as tuas pernas tremerem de medo ante os passos que se avizinham. o caminho tem silvas e pedras. e estiveste sozinho com quem bem sabes e julgavas conhecer melhor que a morte. descreveste tudo num caderno que por ora se desfaz no teu bolso, e esse é o único bem que carregas. tu sabes a sensação de chegar são e salvo a casa. mas não te conformas com o desterro a que foste condenado, no lado de lá do oceano. e o teu caderno é na verdade uma âncora, encravada na borda desta praia, que devido ao peso dos teus feitos e das tuas derrotas te suga, lentamente, pelas areias da sanidade até ao abismo do mar costeiro. tu sabes: quando o sol se põe, não há casa aonde regressar.
"we all become
what we most dislike
in this picket fence cartel
There's nothing left to tell

what have we become
cycle all over again
filled the shoes 'til i was ten
in front of the classroom
in front of my peers
that day will always be remembered
'cause it was etched in tears"


- At The Drive-In

Something Better

"You want something better!
When it don't feel right
Never seem to stay too long
You're never satisfied

One day you're gonna wake up
Find you're past your prime
Realize what you should've kept
Is what you left behind

Is what you left behind

You're looking over you're shoulder
Most days and nights
Everyone seems to have it all
Greener on the other side

You got a feeling you're entitled
You feel you have the right
When you finally have it all
Will you draw the line?

One day you're gonna wake up
One day you're gonna wake up

You want something better
When it don't feel right
Never seem to stay too long
You're never satisfied

One day you're gonna wake up
Find you're past your prime
Realize what you should've kept
Is what you left behind

One day you're gonna wake up!
One day you're gonna wake up!"


- Danko Jones

quarta-feira, novembro 03, 2010

Walking Dead


"The greats come alive, the water's on fire
Have I been to this place before
Yeah we danced through the night as the flames burned bright
And the patrons passed out on the floor

What's so new about what you're saying
It's a new generation with the same sad song
What's so new about what you're saying
Just a new generation with the same sad song

The walking dead couldn't tell us any better
It's a tale you've got to live to know
Yeah the story you're telling's from the book I wrote
I've forgotten more than you'll ever know
Cause at the end of the day when the hope fades away
It was an outlook you could never afford
You're on one last stand with the boys in the band
Before the demon strikes the final chord

You've got tons of fans in hell, boy that much I know
Tune me up and turn me on before I go

Just another sad song."


- Dropkick Murphys

terça-feira, novembro 02, 2010

Ball Lightning


"Oh, here comes Lorna
And I know he's thinking
He don't care what I say

He's got arms and
He's got fingers
He can't hold a dead pig

It's all fine while you're cryin'
You want some cheese with your whine?
You want some cheese with your whine?
Hey, yeah (du, du...) Hey, yeah (du, du...)
Hey, yeah (du, du...) Hey, yeah (du, du...)

(He's not the one) He's ball lightning!
(He's not the one) He's ball lightning!
(He's not the one) He's ball lightning!"


- Rocket From The Crypt

sábado, outubro 30, 2010

this is not a post scriptum

sempre te escapou a subtileza da marca "SPORT" ser a mais recomendada pelos feirantes de renome local. eu falava-te, deleitado, das maravilhas da ciência que se harmnonizavam desde os alicerces das casas à fúria dos soldados. interessante, achavas tu, mas ainda assim tinhas os pés frios. merda então. porque lançaste a tua alma dessa forma ao mercado de trabalho maquinal e deslambido que semeia chagas de Cristo em carpinteiros que não ressuscitam? esquece, esquece, esquece, esquece, esquece, esquece, maluco ou não, não tenho é paciência.

sexta-feira, outubro 29, 2010

"Porque tenho eu frieiras
Se nunca tiro as luvas?
Porque tenho eu arranhões
Se os meus gatos são meigos?
Como dizia uma pobre rapariga
Que era criada e mal sabia ler
Também eu vou dizer
Coração partido
Pé dormente
Vou para a cama
Que estou doente
Porque me traíste tanto?
Se os meus gatos são meigos?
Porque me traíste tanto?
Se eu nunca tiro as luvas?"


- A Naifa

quinta-feira, outubro 28, 2010

"I'd listen to the words he'd say
but in his voice I heard decay
the plastic face forced to portray
all the insides left cold and gray
there is a place that still remains
it eats the fear it eats the pain
the sweetest price he'll have to pay
the day the whole world went away."


- Nine Inch Nails

Desfecho

"Não tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar eu pude combater
O terror de te ver
Em toda a parte).

Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado e paciente...

E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.

Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia."


- Miguel Torga

quarta-feira, outubro 27, 2010

Acordo Ortográfico

Lutar contra o Acordo Ortográfico não é uma causa perdida enquanto houver uma pessoa no mundo que ame a língua e a escrita portuguesa. Uma forma de luta encontram-na aqui, numa petição online, amplamente difundida, mas que nunca é demais relembrar. A outra é aqui, num grupo de facebook, "RECUSO-ME A ESCREVER PELO ACORDO ORTOGRÁFICO!". Porque recusar escrever pelo Acordo Ortográfico é o primeiro passo. O segundo é acabar com ele.

terça-feira, outubro 26, 2010

o chapéu na cabeça é uma metáfora para poucos.
(não perderei o meu tempo a explicá-la aqui)
ido à sua vida, o Homem dourou da cor do seu meio natural.
rodeado de frio, qual os heróis das lendas de espadas,
desenhou o seu rumo na relva solarenga.
o vento agoirava, mas o chapéu não caiu.
e o guerrilheiro, Homem, seguiu em frente.

domingo, outubro 24, 2010

sexta-feira, outubro 22, 2010

"It's all about the he says she says bullshit.
I think you better quit lettin shit slip
Or you'll be leavin with a fat lip
It's all about the he says she says bullshit
I think you better quit talkin that shit, punk
So come and get it

I feel like shit
My suggestion is to keep your distance
Cuz right now I'm dangerous
We've all felt like shit
And been treated like shit
All those motherfuckers, that want to step up

I hope ya know
I pack a chainsaw
I'll skin your ass raw
And if my day keeps going this way
I just might break something tonight

I pack a chainsaw
I'll skin your ass raw
And if my day keeps going this way
I just might break something tonight

I pack a chainsaw
I'll skin your ass raw
And if my day keeps going this way
I just might break your fuckin' face tonight

GIVE ME SOMETHING TO BREAK!"

quarta-feira, outubro 20, 2010

Get Back!

os "ending credits" mais marcantes dos últimos anos. nem a sic os cortou quando passou o filme.

Engraçado como depois de a merda cair, todos os visionários têm uma opinião bem formada desde sempre do que se devia ter feito para ela não ter caído.

segunda-feira, outubro 18, 2010

the mango kid

"All you pretty ladies pass me by and turn your heads
But when I get on stage you can't take your eyes off me
I say too little too late I'm walking on!
You find another pretty boy to turn you on

I got my name on the line!
My eyes on the prize !
(Let me tell you)
You want to know my name?

I'm THE MANGO KID!

All you fellas look me up and down and cop my style
But when I see you at the club you can't look me in the eye
It's OK! if you wanna look and take, take, take
Just make sure you credit the KID who showed you how to shake

I got my name on the line!
My eyes on the prize !
(Let me tell you)
You want to know my name?

I'm THE MANGO KID!

You can call me THE MANGO KID but your girl calls me BABY! I've been a rock prodigy since the age of 20!
What comes outta this mouth ain't called boastin' it's just truthin'
!"



quarta-feira, outubro 13, 2010

Os Professores Bitaites

PS diz: Portugal tem de dignificar os compromissos que assumiu, passar uma imagem de confiança aos mercados, Portugal atravessa um momento difícil, é necessário pedir mais sacrifícios aos portugueses, as medidas tomadas são para o bem do país, os mercados esperam de Portugal uma resposta capaz para a crise, bau-au-au, na-na-na, espera-se atitude responsável por parte do PSD...

PSD diz: O país não pode continuar com este Governo, Governo foi eleito para governar, não o PSD, engenheiro José Sócrates não cumpre o que promete, situação do país é difícil e não compactuaremos com subidas de impostos, é preciso pedir desculpa aos portugueses pela subida de impostos que viabilizamos, este PEC é intolerável, este Orçamento é intolerável, bau-au-au, na-na-na espera-se atitude responsável por parte do Governo do PS...


Quem é que já está tão farto deste bate-boca e lugares comuns como eu?

quinta-feira, outubro 07, 2010

this mouth gets louder

correntes nos pulsos e estaca no coração e esta boca aumenta de volume.
duas marcas de beata por braço e uma jaula que comprime e um soco.
uma montanha russa grita e um maomé hiberna e o mar cáspio seca.
e aldeias sucumbem e rios vermelhos vazam e imperadores ajoelham.
camisa de forças e estaca no coração e esta boca aumenta de volume.
hoje é cegueira e amanhã só nevoeiro e depois a montanha sobre as nuvens.
e uma corda amarrada ao pescoço escorrega para os pés e num salto

já não prende nada.

terça-feira, outubro 05, 2010

República


Cem anos e cá estamos. Este dia foi o oficialmente designado para homenagear a luta de diversos que colmatou na presente forma de governo, que aos altos e baixos, lá nos foi surpreendendo, desiludindo e aguentando. É pena que coincida com um outro dia histórico e marcante na construção do país como o foi o Tratado de Zamora. Por isso, ao invés de repescar debates sobre quem está melhor na cadeirita, se aníbais, se duartes, aproveitemos este dia para relembrar aqueles que ao longo de todos estes séculos se recusaram terminantemente a baixar os braços por aquilo em que acreditaram, sendo que muitos deles morreram a acreditar em nós, Portugal.

segunda-feira, outubro 04, 2010

"Poucas vezes encontrei um monárquico convicto que superasse a condição de pressuroso candidato a aristocrata. O conjecturado ideal monárquico entre nós, traduz-se numa mescla entre um vago saudosismo pindérico e um esforço de ostentação onomático. No fundo, a maioria dos nossos monárquicos são porfiados candidatos a aristocratas - só desejam a monarquia enquanto esta puder constituir um instrumento da sua própria valorização pessoal. Acreditam, nesciamente, que o acaso do nascimento os deveria ter dotado de privilégios e distinções capazes de os diferenciar de quem não está interessado em possuir um certificado de pedigree de igual calibre. Recusam, enfim, o princípio da igualdade e a lógica do mérito individual não herdado."

- Carlos Abreu Amorim, in "NS"

sexta-feira, outubro 01, 2010

On A Rope

"Saw right through me,
Staying started to unglue me
And I knew that I couldn't win
I Wanna steal your love, stop holdin' the dove
Just to pull my good luck in

On a rope, on a rope, got me hanging on a rope
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope

Same old story, yeah it's getting kind of gory
Throw my all time low away
Spit turns into a treasure, taste the blind side of life
Choke words that I can't say
No gun, no bomb, no way I'll run
Too bad, I'm not in shape
Too little, too late, that deal's so chaste
Do burning hands seem to care?

On a rope, on a rope, got me hanging on a rope!
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope!
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope!
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope!
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope!
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope!
On a rope, on a rope, got me hanging on a rope!


All right, I'm ready--the wild sound's gonna take me away
That beat's so steady
Make me fall to my knees, just start crying
No, no, no no no no no no no please no

ON A ROPE! ON A ROPE, GOT ME HANGING ON A ROPE!
ON A ROPE! ON A ROPE, GOT ME HANGING ON A ROPE!
ON A ROPE! ON A ROPE, GOT ME HANGING ON A ROPE!
ON A ROPE! ON A ROPE, GOT ME HANGING ON A ROPE!
ON A ROPE! ON A ROPE, GOT ME HANGING ON A ROPE!
ON A ROPE! ON A ROPE, GOT ME HANGING ON A ROPE!
ON A ROPE! ON A ROPE, GOT ME HANGING ON A
ROPE!"

(deviam ter visto o cover dos computers disto)

quarta-feira, setembro 29, 2010

WE SWEAT BLOOD!

"I'm into never stopping
I'm making no sense
But I can never sit still I keep on riding
When you're fast asleep
I'm working all night
I never sleep either I'll take a break when I die
Every drop is precious
Makes you want to cry
Bring me close to the edge, dare me to die
Can't call it driven
When you're driving
It's easy to stay awake when your blood is boiling!

You want to know why?
WE SWEAT BLOOD!
Me, myself and I
WE SWEAT BLOOD!

If I could sleep with eyes open
I damn well will
Some people need a push I need a sleeping pill
I like to cut through bull shit
with my mouth as a knife
I'd like to stick it to you 'cause it only feels right
Every drop is precious
Makes you want to cry
Bring me close to the edge dare me to die
Can't call it driven
when you're driving
Easy to stay awake when your blood is boiling!

You want to know why?
WE SWEAT BLOOD!
WE SWEAT BLOOD!
WE SWEAT BLOOD!
WE SWEAT BLOOD!

I wish there was 80 seconds in a minute,
90 minutes in an hour,
60 hours in a day,
500 days in a year

'Cause every drop of blood
and every bead of sweat
and every night awake
each day to slave away
!

WE SWEAT BLOOD!
WE SWEAT BLOOD!
WE SWEAT BLOOD!
WE SWEAT BLOOD!"


sexta-feira, setembro 24, 2010

"Once you realize what a joke everything is, being the Comedian is the only thing that makes sense."

- in "Watchmen"

quarta-feira, setembro 22, 2010

Sorrows

"Paralyzed, from overseas
South Pacyfic is under my window
Still it's a long way, long way from home
Further North rain's pouring down on Osaka
I'm seizing up inside
Your pain's on a screen
Falling on you, raining on you
Sorrows feeds on the loudest times
We knew it wasn't time.
Sorrows!
We take this on apart."

- Sights & Sounds

segunda-feira, setembro 20, 2010

cismas

Continuado cismado com isto dos centros escolares e mega-agrupamentos. Até consigo perceber a lógica de criar centros escolares em concelhos onde as poucas escolas que existem têm 10 alunos, de diferentes anos, a ter aulas todos juntos. Os miúdos passam a ter de fazer mais de meia hora de camioneta para ir aprender a ler, mas males menores a que estamos habituados a padecer, certo? Agora, vemos exemplos de escolas que com um considerável número de alunos se vêm obrigadas a fechar, e outras, a abrir ou a sofrer remodelações, a acolher mais umas centenas de alunos como se batatas. Este critério puramente economicista de fecho/abertura de escolas, só vem prejudicar os de sempre: os que não tem voz para fazer ouvir os seus direitos, os alunos. Porque os alunos de uma escola ou infantário que funcione bem, com um número considerável, mas não excessivo, de inscritos, têm o direito a aprender, a crescer e a desenvolver-se num espaço próprio, ao seu ritmo entre os seus. E mesmo os próprios professores e educadores merecem esse espaço: o de se preocuparem unica e exclusivamente com quem têm de formar. Assistir a aberturas de centros escolares que pomposa e orgulhosamente fazem apanagio de andar na casa dos 1000 alunos, desde a pré-primária até ao 12º, a mim não me suscita nenhuma tranquilidade. Em vez de pactos e orçamentos que num dia são criticáveis e noutro são aprovados com voto de confiança, a nossa classe política deveria conseguir um consenso definitivo sobre a educação para as próximas gerações. Consenso esse que vem sendo adiado à tempo demasiado. Não faz sentido que a cada ano lectivo que passa não se saiba o que vai acontecer no seguinte. Não faz mesmo. E amealhar o maior número de alunos num porquinho mealheiro e chocalhá-lo aos ouvidos europeus, não vai esconder os nossos bolsos vazios ou falta de competência formativa. Tão pouco a nossa mania de escolher nomes para instituições desfasados daqueles que as pessoas lhes dão de facto.


PS : Porque não juntar aos centros escolares Universidades, e assim os miúdos eram preparados desde o berço para ser aquilo com que sempre sonharam? Quão ideal seria ter a mesma pessoa a acompanhar-nos desde a pré-primária até à faculdade? A poupança nos cofres do Estado e a alegria nos olhos das crianças fariam valer a pena, decerto. Só não me ocorre é nome para essa fusão de serviços, mas de certeza que a classe dirigente se lembrará de algo.

quinta-feira, setembro 16, 2010

fechado para obras

o nó da gravata já não escavava mais.
e tão tensa era a mão
na hora da recusa.
de posto em posto, de sede em sede,
por ruas de amargura
de agravatada azáfama.
megalómanos chamara-lhes sempre
megalómana essa
fúria de certezas.
tão tensa a sua mão na hora da recusa,
não recusava apertar
a mão que o recusava.
abandonava esganado este mundo
que por missiva assumia
não ter lugar para ele.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Ignition 2010 - Rock n Rally


Pontos nos is e ver boas bandas onde boas bandas devem ser vistas. Este ano o Ignition vai straight through HELL, penafiHELL, pós amigos. Um "Foge Pinheiro Que Te Mato" musical. Reza a lenda que começará tudo a 23 do corrente Setembro: quem tiver atrasado para o imposto de selo é favor dirigir-se ao Largo da Ajuda, Penafiel, ás 22h, que as funcionárias do guichet tratam de tudo. A etapa número 2, ocorre a 24, em Quintandona. Quem estiver interessado em mostrar ao carlos sousa how we get the job done, é favor aparecer durante o dia; quem quiser andar na cowboyada com computadores e bisontes, que fique pra noite. Muita barulheira esperará aos reis magos do asfalto que se deslocarem a Entre-Os-Rios, na etapa 3 do rally, a 25: a acompanhar uma bela travessa de fromages robóticos bem orquestrados com tango em pouca roupa. A 26, os competidores terão a braços a dura tarefa de mostrar com quantos paus se faz uma canoa, no contra-relógio mais alucinado alguma vez criado pelo homem e apadrinhado por Lance Armstrong. A praia de Abragão serve de cenário a uma performance inédita de indianos negros de bombaim, de ascendência barcelense e de uns enigmáticos bifes, profissionais da coisa, rodados na cena e que talvez a possam triplicar tudo isto por mil.
Entrada Livre mes amis.
As coordenadas pa GPS estão no flyer.
Levem os carros, que a festa também é para eles.
Comunguemos da mais nobre iniciativa e façamos um vitname de animacion em terras de Sousa.



Line Up:
Dia 23: Warm up: DJ: Concept Makers; Soldielocks @ Largo da Ajuda
Dia 24: O Bisonte (pt); The Computers (uk); DJ: Wechoose @ Quintandona
Dia 25: bueno.sair.es (pt); Robot Orchestra (fr); DJ: Pesos Pesados @ Entre-Os-Rios
Dia 26: Black Bombaim (pt); Maybe She Will (uk); DJ: Bricolage.108 @ Abragão


Mais Informações:

http://ignitionpenafiel.com/
http://facebook.com/ignition.penafiel

Admiráveis nomes

Extenso auditório, após ter-me decidido a recolher os nomes mais bizarros/ excêntricos/ originais da nossa caríssima língua portuguesa, a fim de consagra um "top" com os mais bem conseguidos. Até ao momento, eis alguns achados:

Dr. Pinto Bull;
Erivonaldo Todo Bom;
Susy Darling Alves de Alves Camisão;
Dr. Seisdedos Machado;
Dr. Salazar Casanova;
Arnaldo Cafofo;
Dr. Coito Pita;
Carlos Abelhas;
Abakarina Cynderella de Oliveira Pires de Assis Rómulo

terça-feira, setembro 14, 2010

Play The Blues

"I love to play my Rock'n'Roll, but I've played the blues before
I've had my share of broken hearts
but I don't play the blues no more
If you meet the girl of your wildest dreams
she's gonna turn out to be a curse
Love will hit you bad boy, but the blues will hit you worse

If you wanna know how to play the blues...
Get yourself a woman!

Muddy Waters sang out the truth back in 1941
Woman gonna get to you like Jimmy Hendrix with a gun
Mr FredMcDowell lost his pride when he begged his girl to stay
Mr Robert Johnson lost his life with too much love one day

If you wanna know how to play the blues...
Get yourself a woman!

I love to play my Rock'n'Roll, but I've played the blues before
I've had my share of broken hearts
but I don't play the blues no more
If you meet the girl of your wildest dreams
she's gonna turn out to be a curse
Love will hit you bad boy, but the blues will hit you worse

If you wanna know how to play the blues...
Get yourself a woman!
Pick it sweet...slide it slow, Whoo!"


- Danko Jones


sexta-feira, setembro 10, 2010

"Garrote na cabeça tipo Rambo
Trabalhava para o Drácula no contrabando
Quim, tio maluco, o ressacado
Desaparecia com tudo, chamavam-lhe o mágico
O quarto cheio de drunfos e garrafas de cerveja
Bonecos dos estrunfes e caixa de esmolas da igreja
Em tempos tinha sido Rockeiro
Agora rocka forte a fugir dos ninjas o dia inteiro!"

- Dealema
"Homem, não tenhas medo, a escuridão em que estás metido aqui não é maior do que a que existe dentro do teu corpo, aposto que nunca tinhas pensado nisto, transportas todo o tempo de um lado para o outro uma escuridão e isso não te assusta (...)"

- José Saramago, in "Todos Os Nomes"

quarta-feira, setembro 08, 2010

três tiros pela noite de bréu acordaram o gato vadio. o baque nos contentores foi bastante explícito do que acontecera: ali não havia qualquer caixote de latão como nos filmes. a mão ainda tremia da sentença, mas quis o destino que ninguém morresse. aquilo ali não passava de um beco aonde se refugiavam os mendigos depois da jornada de esmolas. ali não havia espaço nem para claustrofobia e a verdadeira condenação era ali entrar, e não a que se ditasse à vida dos outros. na rua perpendicular havia festa na cidade, e as pessoas riam, fumavam, bebiam e gritavam. ele ali não ouvia nada. estaria bem melhor a correr horas infinitas sem olhar para trás, mas as pernas mandavam nele e ordenavam-lhe que ali ficasse. desamparado e de pé.

terça-feira, setembro 07, 2010

Notas

Nota 1 - Ontem à noite, embalado, entre outros, pela televisão que transmitia uma reportagem sobre a vida do malogrado magnata Lúcio Thomé Feteira, fui desperto pela mesma quando ouvi um senhor referir-se a Feteira como um homem "afecto ao regime", isto é à Velha Senhora. A ironia deliciou-me. Para começar, a reportagem decorria em Vieira de Leiria, terra natal do hombre, onde não lhe pouparam elogios (não menos irónico, que numa anterior reportagem sobre a vida de Lúcio Thomé Feteira na Visão um popular tenha desabafado que Vieira de Leirira tinha vendido a alma aos Feteira), haver uma descontraída afirmação de que o Mister Cofina era um homem que se mexia como peixe na água dos tubarões do regime. Aliás, já são do conhecimento público as declarações de Feteira, poucos anos antes de morrer, nas quais considerava Salazar como o maior estadista português. No entanto, a reportagem de ontem, chamava e bem a atenção para o patrocínio que Feteira dava aos opositores moderados do regime (eu li que chegou a custear a fuga de Mário Soares, entre outros, mas não entremos por aí). Uma curiosa afirmação, que se atribui a Salazar é expressiva: "eu admiro tanto este homem, e ele não gosta nada de mim", ou algo do género. E o sumo está aqui: Feteira era afecto ao regime, tinha afectos com o regime, quase de certeza amava o regime, e por isso apoiava-o, financiava-o, deixava o regime fazer o que lhe desse na telha; quando o regime mexia no que não devia, ou então para refrear as rédeas do cavalo e salvaguardar a própria posição de intocabilidade, Feteira lá ia sendo afecto à oposição, apoiando-a, financiando-a, deixando-a fazer o que lhe desse na telha. Porque, como homem poderoso e imprescindível que era, não se podia dar ao luxo de ter só um peso e medida, e para quê apostar num cavalo quando se tem dinheiro para apostar em todos? E o regime, engolia, claro, quem é que podia dizer não a uma fortuna daquelas? Tudo isto para dizer que fiquei a pensar, mais uma vez, que são os Feteiras deste mundo que mandam nisto, e cada dia mais e mais.
Nota 2 - Assistiu-se a um movimento interessante nesta legislatura. Além do português de Portugal ter sido oficialmente proscrito (qualquer dia a ASAE fiscaliza-nos a pronúncia), assistimos a uma interessante subversão de nomenclatura. Os hospitais públicos, grosso modo, passaram a ser "centros hospitalares" (a título de exemplo, faço refeência ao da minha terra que passou de Hospital Padre Américo para Centro Hospitalar Tâmega e Sousa), as escolas fecham, e abrem "centros escolares" e não fosse ter-se alargado o período experimental da nova LOFTJ e já só teríamos comarcas (grosso modo também com nomes de rios: Comarca do Baixo Tâmega Sul, a sério, qual o problema desta gente com os rios?), divididos em juízos de tudo e mais alguma coisa, e não em tribunais disto e daquilo. Será que as manias de uns são mesmo o progresso de outros, ou o essencial continua, como penso, por fazer?

segunda-feira, agosto 30, 2010

Go Go not Cry Cry

Causa Perdia pt. 2

"O mundo é destruído, em direcção ao abismo.
Entra na fila, alista-te à causa perdida.
Está na hora da revelação,
Corvos largam páginas do Apocalipse de S. João.
Canibalismo incentiva à perseguição,
A Humanidade é faminta, mastiga-me o coração.
Com o símbolo do Homem cravado na testa,
Carregam escrituras à procura da Besta.
As asas de uma ave ainda batem no petróleo
Olha o sol a engolir o último fôlego.
A voz de uma criança ainda chora após a morte
Ainda canta numa igreja destruída na Guerra Santa.
O tempo é um brinquedo de bruxedo,
Brincam com o futuro e limpam lágrimas de medo.
Vivemos numa galeria de hipocrisia,
Aquecimento global, somos estátuas de gelo.

Ele caminha entre chamas e telhados abatidos.
Não olhar à esperança de sairmos deste Inferno vivos.
Na causa daria a sua vida pelo próximo.
Soam as sirenes no quartel: herói anónimo!
O único, no último piso de um edifício,
Uma criança nos braços foi necessidade de sacrifício.
O corpo marcado por queimaduras tatuadas,
Acorda de noite sufocado pelas chamas do passado.
Um fardo pesado, é um fado embebido em mágoa.
Muitos partiram antes da primeira linha de água.
Quantos voluntários no exercício da função
Ceifados deste mundo pelas chamas da escuridão.
Jovens adolescentes, bravos combatentes.
Saudade e coragem no seio dos seus parentes.
Soldado da paz, audaz anjo na terra,
Parque da cidade em direcção ao pico da serra!

Contra tudo e contra todos,
Contra ventos e marés,
Lutas na causa perdida,
Sem saberem quem tu és.

Convicto percorro o meu caminho com fé.
Na causa daria a sua vida pelo próximo.
Convicto percorro o meu caminho com fé.
Sou guerreiro.
Herói anónimo!

Contra tudo e contra todos,
Contra ventos e marés,
Lutas na causa perdida,
Sem saberem quem tu és!"


- Dealema

quarta-feira, agosto 18, 2010

sem epifanias, sem amarguras. sem esperanças, sem desespero. curiosidade em saber se o dia de amanhã vai estar á altura do dia de hoje, isto é, sem epifanias, sem amarguras, sem esperanças, sem desespero. talvez essa curiosidade seja um espelho da hipocrisia que vai para aqui na estabilidade, pois pode ser sinónimo de existir uma epifania, ou uma amargura, uma esperança, ou um desespero. não relativizando, não é assim. apenas os opinion makers ganham (porque lhes pagam) em relativizar e aqui preterem-se os estrangeirismos. é verificar a inexistência de expectativas, sendo que expectativas implicam planos e pressupõem ânimo e vontade. estes não existem, aqueles muito dificilmente existirão, a menos que dentro do foro estritamente necessário ao maquiavélico fim de engrossar as fileiras de números na conta bancária. os sonhos confundem-se, propositadamente, com ócios, paixões, com falta de foda, e mesmo pensar fundo nas questões torna-se demasiado pesado, e os noticiários são tristes demais. a inpiração não chega. ninguém toca á campainha e ainda bem. quando éramos novos centenas, ou milhares de ideias que ficaram por levar a cabo e ninguém morreu. e ainda bem.

terça-feira, agosto 10, 2010

homem que é homem vai à missa de manhã ao domingo

Ele, homem feito, era homem de ir à missa todos os domingos. Homem de fé, ou de hábitos, ou fé nos hábitos, cada um saberá o que lhe chamar. Era uma urgência muda que o fazia levantar às sete da manhã do primeiro dia de cada semana, que não lhe tolhia os músculos da mesma forma nos restantes dias, à mesma hora, para ir trabalhar, altura em que almadiçoava a sua sorte, mulher, filhos, patrão, segurança social e governo por não ter outro remédio. Aos domingos de manhã sabia que passo dar a seguir ao passo anterior, desde que saía da cama. Ora, começava por se pôr fora de casa o mais rápido possível em direcção ao único tasco da freguesia que àquela hora já se encontrava aberto. O cheiro gorduroso do estabelecimento, de si, transmitia-lhe logo alguma paz interior. Supunha, ironicamente, uma paz semelhante à que as beatas já sentiriam, naquele preciso momento em que marcavam lugar nas filas da frente da igreja para as suas primeiras rezas. Pedia um bagaço e acendia um cigarro, com um remorso incontornável, que fazia parte do vício. O bagaço pelo escabeche medonho na privacidade de o lar ou amuo furioso que a mulher faria se o apanhasse, ou pelo desgosto da sua mais nova se o visse a puxar do maço que lhe fizera prometer deixar a bem da sua saúde. Mas para um pecador se redimir, tinha de existir uma dose de pecado. E era na redenção que se viciara, pelos vistos. Sem dar muita conversa ao taberneiro, ficava-se pelos cabeçalhos do jornal desportivo com as letras grandes dos jogos da véspera, que tinham sido morronhentos, como sempre, sem espectáculo, defraudantes e desesperantes para quem os assistiu ao vivo: todos os grandes pela hora da morte, e no entanto os três lá na frente. Como sempre. Deixava os cêntimos da praxe no balcão, e vinha até á porta dar uma olhadela ao movimento que não existia, às nuvens que ameaçavam chuva e nevoeiro a todo o instante e para a sua terra de sempre, marcada pelas cicatrizes da construção civil e as agruras de maus anos agrícolas. E seguia para a igreja, velha como velha era quando lá ia aprender a doutrina da catequese, em pequeno, mas caiada de branco por um padre qualquer que puxara os cordelinhos certos quando aterrara naquela paróquia antes de o recambiarem para outra com medo, decerto que fizesse um trabalho demasiado bom. A igreja já se encontrava quase cheia. Óptimo: podia ficar de pé à vontade, perto dos guarda-ventos, sem que ninguem se sentisse constrangido a oferecer-lhe um lugar para que ele tivesse de o recusar parecendo mal-educado, coisa que não era. Na missa, como nos comboios e como na vida, só se ofereciam lugares se os houvesse a mais. Benzia-se, e esperava o padre. Provavelmente, quando regressasse a casa, teria um assado à sua espera: o pensamento reconfortava-o. Sorria pela primeira vez em toda a semana. A missa começava e aguentá-la-ia de pé até ao fim, ouvindo o padre, rezando em surdina com a multidão, entregando os restantes trocos no peditório, cumprimentando os senhores ou senhoras do seu lado com um aperto de mão e abstendo-se de receber o Senhor, porque desde criança que não se confessava, mas a verdade é que a sua missa acabava sempre, naqueles 5 minutos posteriores a ter-se benzido.

sexta-feira, agosto 06, 2010

"Misery fucking loves me!
And I love her so.
She is the cold embrace,
No escape,
When I'm left alone."


- Gallows

quarta-feira, agosto 04, 2010

ora vamos ver. ver mesmo bem, vamos lá. analisar, coisa e tal, ver, com olhos de ver.
o horário é apertado, meu. muito. conseguimos?
como não, certo? já olhaste bem para quem conseguiu?
isso é uma motivação que vou-te contar. a maior parte deles nem sabe como conseguiu ver o sol do dia seguinte sem grades de permeio, fará ver este entulho de sarrabiscos que são os nossos compromissos.
claro que, na volta, estes compromissos não são tão inadiáveis quanto os pintamos. acho que lidamos bem com o peso deles.
mas também dissemos isso de todas as outras vezes, quando eles não eram imensos.
às tantas por serem poucos não demos a resposta que se exigia.
se calhar por nos ser impossível dar a resposta que se exigia. e exige.
então fica-se de braços cruzados? a nossa filosofia nunca foi essa, sabe-lo bem. ou queres reagir contra a fórmula alquímica do nosso sucesso?
mas qual sucesso?
estamos vivos não estamos? contas quase pagas? qual é o teu problema? se não gostas do barco, salta fora.
a nossa filosofia nunca foi saltar fora.
então a filosofia só é boa para o que nos convém?
causas perdidas não convêm a ninguém.
então não sei...
não deixes essas reticências no ar que assustas a clientela.
eles que vão pó caralho que os foda...

segunda-feira, agosto 02, 2010

as tuas pernas sempre foram acusadas de pequenas na hora dos actos. gozavam-nas, inclusive por, não poucas vezes, os teus passos as ultrapassarem. mas os factos derrotaram os argumentos e foste longe. o imenso coube-te, afinal, numa passada, como sabias, mas nunca ousaste tirar a limpo na prova dos nove. em conclusão, o mundo transformou-se em pequeno e a agenda, pareceu, de súbito, auto-entulhar-se. mas tudo isto é ilusório, traiçoeiro e enganador. porque dás por ti a desviar-te dos oásis e a procurar desertos, a fugir das cidades e a faleceres lentamente nas montanhas.. em suma: estás velho e a glória não te diz nada.

segunda-feira, julho 26, 2010

a batata quente.

passei-te um desabafo, para que corresses
quando acontecesse o que fosse:
nós sabemos.
quando eu fizesse a minha parte,
quando eu corresse para longe dali
e tu pudesses fotografaro rasto,
para que o mundo todo visse.
passei-te um peso, que o tempo
tornou insuportável, porque o tempo
é clarividente, omnisciente e puro:
nada há que lhe sobreviva ao saber.
o peso fez esse peso insuportável
e desnecessário. não fazia sentido
algum tu esperares que essa rota
te atingisse a ti, com um futuro
tão brilhante pela tua frente.
não fazia sentido.
não faz sentido
haver algo a passar
ou alguém para o receber
ou outro alguém para a passagem.
estarei sozinho na risca do fim.

sexta-feira, julho 23, 2010

"Can you see them rushing in?
Hate to think how long it's been
Wasting time at finding faults
Voice a question, take a shot

I don't want you to think I do these things I do because of you

Tightly kept from misread words
Wash away those things you heard

Let's pretend that everything is just fine.
Let's pretend that everything is alright."


- Blood Red Shoes

terça-feira, julho 20, 2010

a meio caminho do número da besta. cravado em carimbo num distintivo de cortiça. dois terços de apocalipse já atingidos, atrelam-se ao quilómetro assinalado supra e faz a papelada preencher-se sozinha. amanhã avaliar-se-ão méritos. hoje embolsar-se-ão subsídios espontaneamente financiados pela livre consciência de cada um em ver sofrer quem ama. dito e feito: saireis daqui homens.

segunda-feira, julho 19, 2010

"gonna walk walk walk
four more blocks plus the one in my break
down downstairs to the man
he's gonna make it all ok
i can't beat myself
i can't beat myself
and i don't want to talk
i'm taking the cure so i can be quiet
whenever i want
so leave me alone
you ought to be proud that i'm getting good marks"

- Elliot Smith

domingo, julho 18, 2010

Causa Perdida (pt.1)

"Tinha uma das mãos na arma,
A outra na cabeça,
Decidiu abandonar
A sua própria existência.
Tantos anos de luta, labuta,
Anti-depressivos na gaveta.
Em cima de uma pilha de livros
Resignado, sem nenhuma dignidade,
Num quarto degradado
Na baixa da cidade.
Poeta visionário com rima sublime,
O seu pai tinha sido assassinado
Pelo Regime.
Acende um cigarro, sentado.
Ex-combatente no braço tatuado
E pensa "já não vale a pena lutar"
Relembra num poema a sua mãe a olhar
No vazio, dois filhos para criar,
A chorar o seu amor que não iria voltar.
Mas a realidade voltou.
A dor apertou
O coração e foi aí que o gatilho soltou
O som...

Chamei-me teimoso, obstinado, persistente.
Caio e levanto-me, obcecado, resistente.
Sinto um certo magnetismo pelo abismo.
Cerro os punhos, lanço golpes de exorcismo.
Os demónios interiores permanecem vivos,
Tenho que os manter latentes, adormecidos.
Continuo suspenso na ponte do rio sem margens,
Com visões de um futuro passado em miragens.
Param os relógios, o chão desaba a meus pés,
Glaciais degelam, sobem as marés.
Convicto percorro o meu caminho com fé.
Apesar das vozes que sussurram "Desiste mas é!"
As multidões rezam a S. Judas Tadeu.
Eu movo dimensões quando venço o céu bréu.
Trespassado por mil sabres no momento derradeiro.
Estarei de cabeça erguida, sou guerreiro.

Contra tudo e contra todos,
Contra ventos e marés,
Lutas na causa perdida
Sem saberem quem tu és."


- Dealema

quarta-feira, julho 14, 2010

Sucker




"When I fall asleep and take a peek indoors,
I will take what's mine, and you take what's yours.
You're playing with loaded dice and a gun in the drawer,
but now why don't you even the score?

There's one born every minute.
Sucker.
Sucker.
So keep it in your pants, boy.
Sucker.
Sucker.
What makes you think you're my only lover:
the truth kinda hurts don't it motherfucker?

Sucker.

You see my fingers twitching, and my nervous glance,
I thought you were bluffing, but you saw my hand.
Lost in phony laughter and three mixed drinks,
it's time to take a chance, i think.

There's one born every minute.
Sucker.
Sucker.
So keep it in your pants, will you?
Sucker.
Sucker.
What makes you think you're my only lover:
the truth kinda hurts don't it motherfucker?

Sucker"


- Peeping Tom

terça-feira, julho 13, 2010



"Depois tu vens cantar comigo
Vens sonhar no meu colchão
Beber do meu vinho
Comer do meu pão.

Fazer-me girar no teu carrossel
Viciar-me no aroma da tua pele.

Partimos em viagem,
Paramos para dormir.
Sussuras-me umas coisas
Que eu nem posso repetir.

E sais para a rua por estar a chover
pões-te em pose, eu fico a ver.

E sempre que te vejo
Eu deixo de respirar.
Páro no desejo
Que o teu beijo me encontre
E não quero acordar."
- Jorge Cruz