quarta-feira, dezembro 24, 2008

um post mau e inchado de estupidez

As resoluções tomam-se quando o homem quiser. Honestamente, porquê esperar até dia 1 do 1? É mais ou menos pelo caminho com a cena das prendas: há a data oficial, para ali, a servir de referência e depois cada um, como cada qual orienta a sua vida em função disso, como achar melhor. Eu achei, então, que não seria mal jogado de todo, marcar uma posição acerca de algo que já me atormenta os tempos mortos (sem ser o ter tempos mortos) à algum tempo: medo de perder certas capacidades pela falta de treino. Dito, soa estúpido. Escrito, soa estúpido. Pensado, também. Mas pensado na minha cabeça, além de estúpido, soa igualmente legítimo. O party animal que interrompa o seu quotidiano nocturno não consegue manter o mesmo andamento alcoólico depois do seu hiato. O futeboleiro, campeão de verão, que desgrace férias em caipirinhas e churrascos, não terá vida fácil quando reencontrar abdominais pela frente. Não há heróis. Pode agora soar estúpido é que possa ter mantido na cabeça a ideia de que era possível manter o nível todo, competitividade no máximo com 'desleixos' graves pelo meio. Alto! E se o party animal nunca foi de beber assim tanto que permitisse uma verdadeira ressaca do hiato? E se o artista da bola já tivesse camuflado umas caipirinhas durante os jogos para o campeonato? Alto, nada, não é? Se são apenas amadores, não podem ficar à espera de milagres, certo? Não perdem tanto como o que perderiam se fossem pros, mas não se poderão lamentar se nunca chegarem a sair da cepa torta. Pronto, padecerá o cérebro destes víciossitudes do corpo e suas lógicas? Pois... não há heróis... É um dilema. Estúpido, como já referi. Mas eu acredito piamente que cada tolo tem as suas manias. Do meu dilema só posso tirar ilações, e não soluções: por uns quaisquer handicaps naturais, que desconheço ter mas sei ter, é da busca de resposta que tiro a minha resposta. Portanto, enrolado no meu problema, quebra cabeças, para maiores de 4 anos, eu optei por uma resolução, marcar posição (em vez de tomar uma), fincar pé no mesmo sítio e só mudar o sítio para onde olhar. Possível crítica: burro de merda, então já não percebeste que o sítio onde estás não te leva a lado nenhum? Resposta: até dar um grande tombo, até foder-me todo num raio, até ficar sem pernas, não vejo motivo para mudar de sítio. Mas o mundo vai passar-se ao caralho e deixar-te aqui sozinho. Saber viver é saber escolher caminhos e ir por eles adentro. Tá tudo, mas para escolher por escolher como todos os outros, prefiro ficar no meu lugar e pensar bem afinal no porquê de ainda estar aqui debaixo de fogo sujeito a um petardo, mantendo ainda os membros todos. É isso que os estúpidos fazem. Morrem para que os inteligentes marquem a sua posição. Marcando a sua. Agora há um factor treino que pode ser inserido na máquina. Algo do género 'aprendizagem causa-efeito'. Um matutar firme e hirto. Uma meditação. O possível filosofar do perdedor que tem um jogo para ganhar. Porque ainda ninguém disse, nem eu, que lá por alguém ser deixado para trás, com os pés enterrado no chão, recto, insurrecto, a engolir toda a sorte de raios, ninguém disse, que não possa ainda crescer. Até ao céu, a distância, é para todos os efeitos, vertical.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

"O alvoroço, pelos vistos, ia subindo. Streit não seria timorato, mas dos estos da multidão havia que acautelar-se como duma força indomável. Na vida social engendra-se por vezes um motim de modo tão imprevisto e incontrolável como a trovoada no céu."

in 'Quando Os Lobos Uivam'

domingo, dezembro 07, 2008

talvez o Jorge Nuno esteja mais certo do que gostam de nos fazer pensar

Podia-se dizer que ele José era um sortudo. Da mesma forma que os não-praticantes só passam a ir à missa quando se vêem mesmo à rasca, também ele só passou a gastar 4 euros todas as semanas no jogo porque não tinha outro remédio. Mês após mês com a corda na garganta, como se costuma dizer, toda a sorte do mundo era pouca. E também se costuma dizer que para se ter sorte é preciso fazer por ela. Um dia, lá foi a sorte que lhe calhou na rifa e não as contas do costume. 2 milhões de euros a sorrir para si. Sim, José era para todos os efeitos um sortudo.
Mas não fora a sorte que o movera, mas a necessidade. Oportunidades de ganhar assim tanto dinheiro eram menos que poucas. Pessoas da sua condição a ganhá-las menos ainda. Até que que enfim uma intervenção divina acertada. Mais do que o homem de sorte, que naquele dia toda a gente o acusou de ser, era o homem de projectos que nunca tinha tido a verdadeira hipótese de arrancar de si. Sabia, não seria o Bill Gates, porém podia assentar. E com conforto.
Só houve um episódio que o deixou mesmo fodido no meio desta história. Foi uma postura, ou regulamento, ou lei, ou apenas 'um mãos ao ar, isto é um assalto!' que foi aprovado não soube onde, nem por quem, com a nobre intenção de subtrair certa parte dessa preciosa dádiva, visando aplicá-la num meio distante, com pessoas estranhas, no tempo possível, que num certo futuro próximo, faria com que ele próprio sentisse os benefícios que traria 'deslocação de capitais'. Tudo isto os aprovadores lhe disseram e executaram antes que ele dissesse sim. Tudo isto não era senão justo e lógico, logo injusto seria José queixar-se.
Então quando José olhou para as suas mãos grossas e sujas e viu que abanavam, mandou à urtiga as cautelas e queixou-se a plenos pulmões. Porém, já não foi a tempo de apanhar nenhum jornalista a jeito. Decerto compreenderia José que a sorte vendia jornais, as tragédias abriam blocos noticiosos, já azares, esse pão-nosso-de-cada-dia, apenas doía no cu de cada um, pois cada um sabe de si nessas alturas. Além do mais, não ficava nada bem a José aquela súbita busca de protagonismo quando ainda pouco antes o recusara e, pior!, para se queixar de umas migalhas de pão. Não pensaria ele no bem da comunidade?

domingo, novembro 30, 2008

são só trocos

Resgistadoras, é como se devem denominar as máquinas que registam. Deixando de o fazer, manda o bom senso passar a designá-las, se for definitiva a sua incapacitação, de sucata, ou, se for temporária, de incómodo contraproducente e indesejável. Mas isto serve para estas máquinas, de cujos registos certos, dependemos e não podemos deixar de depender. O mesmo já não sucederá com pessoas...

sábado, novembro 29, 2008

vaquedo

Gado. Foi na condição de gado (e sob essa condição de ser gado) que espetaram aquela agulha em forma de trade mark no lombo. Como animal que era, e sou, e éramos todos, sucumbi-me à indiferença da ignorância em que nos mantínhamos. Tudo parecia bem assim: com a cauda lá chicoteei uma mosca ou outra e siga. O tresmalhar é impossível quando cicatriza no couro a herança do perfeito estranho que nos criou, deu de comer e campo por onde andar. Eu, gado, sou imparcial e indiferente. Porém, reconheço, fica mais complicado ludibriar o sistema, agora.

domingo, novembro 23, 2008

ás

na mesa atulhada de manchas em toalha branca, erguiam-se garrafas vazios, bases de tachos com tachos por cima e pratos. e talheres. num espaço dessa mesa estavam os dois únicos copos sem pé, de fundo grosso, meio compridos. um desses copos caiu, da mesma forma que a mesa lá estava. caiu na mesa. a minha mão não hesitou a levantá-lo e o outro copo caiu, da mesma forma que o outro, na mesa que lá se mantinha, atulhada. endireitei o segundo o copo e o primeiro voltou a cair, exactamente da mesma forma, na mesa, que caíra o segundo, e ele próprio, em primeiro. endireitei-o. o segundo voltou a cair, pela segunda vez, e outra vez endireitei o copo. não sei se seria da mesa, mas dcomeçaram a cair copos em simultâneo e eu continuava com as minhas duas mãos.

sábado, novembro 15, 2008

Pensamento ambulante de 7/11/2008

Prato forte: agressividade. Problema meu, azar de quem dirigiu a palavra. A quem não devo nada senão raiva. Rasgo qualquer interjeição. Mordo todos os entabulamentos de conversa. Não dou margem a réplica. Continuo-me cru. Induscutivelmente, a fechar cortinas, com um virar de costas. Irredutível nos meus implacáveis espinhos sociais.

sábado, outubro 25, 2008

no feelings




tive bastante trabalho em tirar, tira por tira, o meu coração, a inverter a brocado que a minha mãe teceu dentro do ventre com as mãos de fada que o tempo lhe permitiu. e esse músculo desenrolado, esfiapado, nas minhas mãos jaziu morto. escorrido por entre os dedos, uma areia fugidia, mas apenas até ao momento exacto antes do momento oportuno. talvez agora dele, do coração, faça um laço à velho oeste para encoleirar toda a sorte de animais. ou salte apenas á corda. ou faça outro tipo de situações ou conspirações, imbuído nos mais nobres dos inutéis propósitos que o mundo consagrou aos homens. na verdade, dei-me a todo este trabalho, porque estou sem sentimentos. sem sentimentos por mais ninguém, que não eu mesmo, o meu lindo mesmo.

sábado, outubro 11, 2008

cuba 1970




serrano, mundano ou meramente inumano, palavra seja feita a um homem que a fume saudade fora: esse homem do antigamente é tão a preto e branco nos dias que correm.

domingo, setembro 28, 2008

vínculo

Metafísico que chegue
para te, cara a cara, dizer
o meu desagrado com
o rumo que desesperas a tecer.
No teu castelo nem eu,
nem ninguém, entra;
já to disse: se queres auditório
tens de saber como se apresenta
ou como lhe apresentar o reportório
do teu singelo guarda-jóias.
Amei-te que chegue, moça,
para sair de mim aqui.
Aéreo, já chumbei em valentes tramóias,
daí eu achar melhor descer
e só da vida fazermos paranóias.

terça-feira, setembro 16, 2008

off shore

POIS

O respeitoso membro de azevedo e silva
nunca perpenetrou nas intenções de elisa
que eram as melhores. Assim tudo ficou
em balbúrdias de língua cabriolas de mão.

Assim tudo ficou até que não.

Azevedo e silva ao volante do mini
vê a elisa a ultrapassá-lo alguns anos depois
e pensa com os seus travões
Ah cabra eram tão puras as minhas intenções

E a elisa passa rindo dentadura aos clarões.

- Alexandre O'neill


quarta-feira, setembro 10, 2008

bichos



"Calado e carrancudo, andava de cá para lá numa agitação contínua, como se aquele grande navio onde o Senhor guardara a vida fosse um ultraje à criação. Em semelhante balbúrdia - lobos e cordeiros irmanados no mesmo destino -, apenas a sua figura negra e seca se mantinha inconformada com o procedimento de Deus.
(...)
Horas e horas a Arca navegou assim, carregada de incertezas e terror. Iria Deus obrigar o corvo a regressar à barca? Iria sacrificá-lo, pura e simplesmente, para exemplo? Ou que iria fazer? E teria Vicente resistido à fúria do vendaval, à escuridão da noite e ao delírio sem fim? E, se vencera tudo, a que paragens arribara? Em que sítio do universo havia ainda um retalho de esperança?
(...)
Noé e os animais assistiam mudos àquele duelo entre Vicente e Deus. E no espírito claro ou brumoso de cada um, este dilema, apemas: ou se salvava o pedestal que sustinha Vicente. e o Senhor preservava a grandeza do instante genesíaco - a total autonomia da criatura em relação ao criador -, ou, submerso o ponto de apoio, morria Vicente, e o seu aniquilamento invalidava essa harmonia. A significação da vida ligara-se indissoluvelmente ao acto de insubordinação. Porque ninguém mais dentro da arca se sentia vivo. Sangue, respiração, seiva de seiva, era aquele corvo negro, molhado da cabeça aos pés, que calma e obstinadamente, pousado na derradeira possibilidade se sobrevivência natural, desafiava a omnipotência.
(...)
Mas em breve se tornou evidente que o Senhor ia ceder. Que nada podia contra àquela vontade inabalável de ser livre.
Que, para salvar a sua própria obra, fechava, melancolicamente, as portas do céu."

domingo, agosto 31, 2008

the end of radio




'is this thing on?
can you hear me now?
are we going?
is this thing on?
test, test, test, test, test, test...
can you hear me now?

as we come to the close of our broadcast day
this is my farewell transmission
signing of
mr. and mrs. america, and all the ships at sea
anyone within the sound of my voice
i've got 50000 watts of power
i want to ionize the air
this microphone turns sound into electricity
can you hear me now?
out on route 128, the dark and lonely

i got my radio on
can you hear me now?
can you hear me now?
can you hear me now?
can you hear me now?
it's the end of radio

and that snare drum
that drum roll
means we've got a winner
if you're the fifth caller
or any caller at all...

welcome to my top ten
i'd like to thank our sponsor
but... we haven't got a sponsor
not if you were the last man on earth
she was prepared to prove it
this one goes up to a special girl
but... there is no special girl

it's the end of radio
the last announcer plays the last record
the last watt leaves the transmitter
circles the globe in search of a listener
can you hear me now?
can you hear me now?
can you hear me now?

is this really broadcasting if there is no one ever recieve?
it's the end of radio
as we come to the close of our broadcast day

i got my radio on
can you hear me now?
can you hear me now?
can you hear me now?

this is the test
if this had been a real emergency...
hey, hey, this is real god damn emergency!'





pela porta grande da rentré com garras feitas de merda
a juventude não herda senão volts avariados e fusíveis
que irão fundir e fodê-la ao primeiro contacto com água
e ela hé aos 65% no caso do corpo e aos 77% no do mundo:
chega para enterrar quem seja até ao pescoço e aos dentes.

sábado, agosto 30, 2008

quarta-feira, agosto 27, 2008

jigsaw

E quando um homem é criado para ser o fim de todas as coisas? Um dead end, um bom dum beco sem saída. Uma matéria que se baste. Uma bactéria que nunca se afaste. Um parasita, com meio e fim. Podem calhar as coisas de correr mal, de fugirem ao controlo de todas as coisas, e mesmo sendo estas o fim de todas as coisas, haver uma revolta por assim ser. Podem aqui, então, como tal, surgir problemas. Como uma vareja massacrante a matar-se pela fuga, espetando-se sucessivamente que nem uma VHS riscada contra um vidro feito de tijolo. Uma e outra e uma e outra vez. A fuga é a solução. A sua condição uma prisão. O caminho é sempre em frente. Sacana da vareja não se dá sequer ao trabalho de olhar para os lados.

sábado, agosto 16, 2008

retreat



o meu perfil encaixando-se na perfeição no nublado lá de cima. as folhas das árvores raspavam-se umas nas outras por causa do vento. teria fumado ali mesmo o meu último cigarro, tivesse eu dinheiro para o comprar. é a dura realidade de quando se foge dela.
armar uma cidadela num ponto de não retorno pode ser perigoso quando é o isolamento a servir de argamassa.
'só ideias e as suas teias'

sábado, agosto 09, 2008

CADAVERIC



perhaps these hands held children's hands
but what do they hold now?
what love lay in this heart now silent
empty, a broken vessel
i've searched and searched from crown to toe
but there's no trace of you
innominate anatomical
no history in histology
no biography in biology
i won't believe
i can't believe
that we're just a sum of parts

sexta-feira, agosto 08, 2008

if you...

'time is coming
rising like the dawn a red sun
if you fear dying than you're already dead'

não vejo ninguém com medo de morrer, porque ninguém é confrontado com a morte. mas há muitas formas de estar morto, e continuar a andar. como se nada fosse. passar, como se dum vulgar anúncio de detergente se tratasse, uma primeira esponja sobre o assunto, mas esquecendo a segunda e deixando a sujidade, implícita, alastrar na mesma.

cara a cara contigo, lápide. de que adianta vir à baila os nãos que tenho guardados para ti? inevitáveis e orgânicos como somos, resta-nos esperar qual de nós vai matar o outro. levas uma vantagem. estás no meio dos teus. mas sabes o que se diz por aqui: antes só do que...

segunda-feira, julho 28, 2008

racing rats

'Não me desculpe por não gostar do que você gosta; não me olhe de cima para baixo; não me envergonhe de minha fala; não diga que minha fala é melhor do que a sua; não diga que eu sou bonito, porque sua mulher nunca ia ter casado comigo; não seja bom comigo, não me faça favor; seja homem, filho da puta, e reconheça que não deve comer o que eu não como, em vez de me falar concordâncias e me passar a mão pela cabeça.'

de Ubaldo Ribeiro


é neste tipo de agressividades verbais que dou comigo a matutar nas horas mortas deste intervalo chamado férias. o meu cérebro ao invés de abraçar a frase, minimaliza-a ao 'não' e ao 'filho da puta', para todos os efeitos ainda dois dos maiores tabus dos nossos dias. e é isto não ter mais que fazer.

domingo, julho 20, 2008

ffb

De certa maneira encantam-me estas gentes, providas de bom senso e considerações superiores que espetam mil e um alfinetes nos fascistas, retrógradas e conservadores, que recusam unilateralmente imposições do outro lado do oceano. É incompreensível! Por que senhora lutam eles afinal? Religiosos... Todos uma cambada de merda. Isto é o que as gentes, de que falo, pensam. Sim porque as gentes que elas colocam a priori na borda do prato são de facto de um cabeça-durismo tal que odeiam sistematicamente tudo o que não tiver um pintelho de cabelos brancos. A gente criticada é gente para a qual a modernidade que vale é a modernidade que não o for no presente. Também a esta gente eu acho graça. Porém quem são os primeiros? Os que criticam? Oh, eu sei: são os tais que tratam os USA abaixo de retrete mas reduzem toda e qualquer tradição da terra que os viu nascer a um postal turístico castiço por cima da lareira. A anti-globalização pela qual se baterão até à morte é a anti-globalização que a televisão lhes ensinou e que a agenda política os autorizou. Revoltante, não? Dá vontade de partir a cara aos outros sacanas, filhos da puta, que enchem o peito a falar da nação e do povo, mas que na verdade têm nojo quando lhes apertam a mão e os olham nos olhos, ou os outros que do mesmo tema falam, mas em raiva, e falham crassamente com a faca e o queijo na mão.
Mas de criticar percebem ambas as gentes. Porque tem de ser unilateralmente de pálas nos olhos e olhar para as respectivas pontas da estrada. Ou a renegar o futuro ou a esquecer o passado. E morde-se com o cepticismo na novidade e com a ironia na herança. Pais e filhos ou são inconciliáveis ou são fracos. Ambos aparecerão com as armas mais novas do catálogo, por isso cuidado! quando contarem as piadas.
Ambos (a)parecerão enteados do presente

sábado, julho 19, 2008

to HELL with good intentions

'My love is bigger than your love
We take more drugs than a touring funk band
Sing it
My love is bigger than your love
Sing it
My love is bigger than your love
Sing it

My band is better than your band
We've got more songs than a song convention
Sing it
My love is bigger than your love
Sing it
My love is bigger than your love
Sing it

And we're all going straight to hell!'



o encontrarmo-nos no mais pagão dos nossos desejos começa a exceder os nossos mais ousados desejos e recalcamentos. a superar as expectativas das mãos retorcidas dos nossos bolsos. assobiamos a canção do mp3, disfarçando o ego desmesurado. mas ao inferno irão as nossas boas intenções. como se isso nos importasse, quando nos consideramos, ambos nós, boas intenções, ou cheios delas. e das melhores. o inferno é a devida arena para a nossa luta, certo? meu amor?

domingo, julho 13, 2008

sem-cara

Dois dias depois ainda sinto uma patada de Deus quando penso no que falou o homem do Diabo.
Á comoção que dantes o discurso me merecia, juntou-se um arrepio sem fim pelos braços.

domingo, julho 06, 2008

As voltas que a vida dá

É particularmente interessante ver a quantidade de fãs que Rage Against The Machine conseguem movimentar e/ou interessar á sua passagem, fãs esses que à coisa de 1, 2 anos quando confrontados com a banda, negavam qualquer tipo possível de envolvimento. A típica banda de quem nunca iriam gostar. Esses mesmos fãs surgiram também quando os Muse foram tocar ao Campo Pequeno e quando os Tool foram actuar ao Pavilhão Atlântico, altura em que estas duas bandas, à sua maneira já veteranas, promoviam os respectivos novos álbuns.
Ora o último album de originais de RATM é de 1998, o último gravado em estúdio de 2000 e o último a ser lançado no mercado um ao vivo de 2003: logo o aparecimento dos fãs que refiro deveria levar-nos a tirar uma certa conclusão.

sábado, junho 28, 2008

...

Eu vou-te dizer, oh de que maneira te vou dizer que odeio estes tijolos aqui neste sítio meu menino, que raio de coisa vem a ser esta? Andamos aqui a brincar, a discutir ou a colar cartazes? Foda-se. Éramos irmãos, quando eu aqui impunhas as minhas coisas, mas agora, agora, cagas em mim, e obrigas-me a puxar do cigarro e dos galões. Eu sou feliz e tu o que é que tens?
- A tua felicidade.

domingo, junho 08, 2008

no conversionalist I

Estava tudo muito certo no ferro-velho ferrugento. As grades amontoavam-se por cima de carros apanhados na orla dos 200, as jaulas apodreciam logo acima dos frigoríficos, vigiadas de perto por uma estupidez de televisores escangalhados e antenas, ambos estrategicamente posicionados no espaço para que nada fugisse ao seu ângulo de visão. Tudo isto era muito certo. Tudo isto era muito bem. Eis, senão quando um televisor cai.
BANG! Crash. Uma das grades tombou e a escuridão que tapava vomitou aquela imensidão de cães. Cães correndo com o diabo na sua sarna e pêlo seboso. Cães atropelando a poeira quieta pelo peso arraçado da sua corrida. Desencadeando-se em matilha contra as paredes do ferro-velho que não se lembravam sequer! de tal manifestação de vida, nos seus já ancestrais anos de labirinto de trazer por casa. E os cães eram todos eles cardume. Duelo inédito por aquelas paragens. O labirinto não sabia como estacar. Mas a matilha contra-atacava no jogo de pés. Revolteando na busca de um jusante para a sua fúria, desse propósito não desviando a atenção um rafeiro que fosse. Pois era o que levava cada um deles a manter os olhos bem abertos.
Houve, então, certa cruzamento de lixo que a matilha ultrapassou na sua ânsia de sentido ou fuga. Para trás, na transversal que passaram, ficou o pobre esfarrapado garageiro, sucateiro apenas por sentido de oportunidade. Vista que fora a frente da matilha, o garageiro levou o gargalo do whisky á boca; do seu lado esquerdo continuavam ainda os rafeiros na parafernália da correria. Ao olhar ensanguentado do garageiro isso, porém, não era de muito valor. Era apenas a curiosidade de um achado curioso; um par de cêntimos no chão talvez o alegrassem, de facto. Procurou no bolso meia dúzia dde cigarros amassados; talvez se tivesse deitado por cima deles, porque o certo era que já lá ia algum tempo desde a última vez que se levantara. Acendeu um deles após 3 tentativas do isqueiro velho que se preparava para ser a nova aquisição das paredes do ferro-velho. Vislumbrou por momentos, na profundidade do seu raciocínio, a curiosidade de naquele síto ser tudo velho: ele, as suas roupas, as suas coisas, a maquinaria. Só os jecos corredores é que pareciam novos, mas não podia afiançar. Deixou o fumo misturar-se na barba suja e deixou-se estar. Apagou a beata ao lado do joelho. Deu mais cinco goles no whisky. Coçou a camisa coçada.
Talvez o melhor fosse ir prender os cães.

Três personagens nesta história seriam personagens a mais.

terça-feira, maio 13, 2008

to die for

Eu compreendo bem
o poder que detenho.
Visto roupa de padrões
e riscas estranhos,
estranhos à maioria
consumista.
Assim como All-Stars,
símbolo de gerações
e outros tantos como eu.
Exerço cada cor,
em cada dia
como um direito
abusivo e inalianável.
Como do melhor
que a comida feita
tem para dar,
para lhe dar
o meu devido desprezo.
Ou então refugio-me
no vegetarianismo
que professo com recto
amor aos animais.
Guardo em casa o meu LCD,
o meu portatil e um 3G
oferecidos pelo Natal,
boas notas e aniversário,
e com eles me conecto ao mundo.
Digo de minha justiça
em blogs, fotologs, myspaces,
deviantarts, flickers, fóruns
sobre a China, Estados Unidos,
consumismo, touradas e aquecimento global.
Recorrerei ao inglês
quando quiser ser universal;
ao francês quando andar
para o dandismo;
o português esse, fica
para o saudosismo
dos meus escritos pessoais.
Tenho ainda as minhas
toneladas de cultura imberbe;
fugidas ao circuito,
bandas de difícil nomeação,
filmes de destinos improváveis
e livros clássicos,
tudo isto pelas mãos
das minhas máquinas de topo
e pelos outros tantos
como eu, que como eu
têm pulseiras características
e vão aos bares aonde
conversas e música rumam
no mesmo sentido intelectual.
Eu sei fazer parte
do lado certo da barricada.
E sei também de quem não faz.
Cotinuarei a minha cruzada
contra os capitalistas, os conservadores,
os esquerdistas e terei
um charro na manga
vindo directamente de Coura.
Porque eu sei do circuito
e sei-me fora dele.
Eu sei bem que sou
o derradeiro rebelde.

Ou não tivesse eu
80 gigas de inconformismo
no interior do meu bolso.

quarta-feira, abril 30, 2008

O PROCESSO

Estamos exactamente a meio da aula e, a minha mão direita crava-se em murro na minha cara. Talvez o queixo escancarado e dormente a irrite. Com os olhos semi-cerrados iria lindamente um fiozinho de saliva que não chega e, de certo não chegará por uma questão de respeito. Mas o quadro em si é indubitavelmente deprimente. O re-cambiamento para uma pré-primária seria uma medida mais acertada.
O quadro em que se enquadra a situação nem é por aí fora relevante à continuação desta história. De momento apenas interesso eu ali no centro da esfera da minha própria decadência física e, apenas me interessa a sucessiva dormência com que bombardeio os meus músculos e as minhas veias e o meu cérebro. O objectivo é claro, impossibilitar de todo, a verbalização das frases que caem que nem petardos hooligans no seio dos meus neurónios.
Em semelhante processo, pretendo inclusive, eliminar a própria emissão de pareceres e tiradas, ainda que condenadas, de momento, a morrer dentro de mim. Pois senão, o que aconteceria se a verdade viesse ao de cima? Se o que há para dizer fosse dito? Se os pontos fossem irremediavelmente postos nos 'is'?
Se eu em verdade a confrontasse comigo?
Eu sei, que concretizando estas questões, eu acabaria a dizer o oposto do que penso, pois dizendo o que penso não me acreditariam. Ela não me acreditaria. Dizendo o que não penso, ela limita-se então a desacreditar-me. É uma faca de dois excessivos legumes.
Prefiro portanto deixar ao abandono todo o processo, aniquilá-lo lentamente enquanto se esperneia ao propagar-se; abafá-lo silenciosamente por entre a flacidez da carne do meu corpo.

domingo, abril 13, 2008

por Rilke

A minha luta é esta:
sagrado de saudade
divagar pelos dias.
Depois, largo e forte,
com mil raízes fundo
mergulhar vida dentro -
e, amadurecido em dor,
ir longe pra além da vida,
longe, pra além do tempo!

sábado, abril 05, 2008

Pensamento caseiro de 31/3/08

Todos nós gostamos de artistas e de génios como se gosta de animais num zoológico. Bem exuberantes e exóticos, a fascinar por detrás das grades. E mesmo com o ferro interposto restringimo-nos ainda a uma certa distância de cautela para não nos magoarmos com o animal. Entristece-me é que se possa achar bastante e benemérita a troca de amendoins por sentimentos, para que nos sintamos bem com a nossa consciência no momento de os deixarmos sós, à noite.

quarta-feira, abril 02, 2008

'Mas o homem não foi feito para a derrota - disse. - Um homem pode ser destruído mas não pode ser derrotado. Tenho pena de ter morto o peixe. Agora vem o pior, e nem sequer me resta o arpão. O dentuso é feroz e hábil e forte e inteligente. Mas eu fui mais inteligente do que ele. Talvez não. Talvez estivesse só mais bem armado.'

in 'O Velho e o Mar'

sexta-feira, março 21, 2008

Hu Jintao

A opinião pública é a nova arma de destruição maciça.
Poderosa e de força aumentada pela crescente
imediatividade da informação: inversamente
proporcional à velocidade a que nos chegam aos ouvidos
as boas novas, que aumenta a cada dia,
cresce a dificuldade em pôr açaimes a essa
informação. A consciência deste facto, desta
equação, torna a multidão sem rosto,
um inimigo
a acautelar.
Nas mesas de voto, como nas mafiestações,
nos blogs, como nas revoltas e vandalizações.
Na arte como em raivosos e simples pregões.

Então e quando
a informação não passa o muro?
Quando há curiosidade
particular em saber o que se passa
num certo sítio?
Então e quando
as portas se estampam
todas na nossa cara!?
O que fazemos nós,
os detentores dessa tal bola de fogo?
O facho de luz mais vibrante da democracia global?
Essa
que não admite
atropelos
de ninguém
a verdades
universais
como
os Direitos Humanos?

Confiamos nos nossos governantes.

Confiamos nos nossos governantes,
exactamente os mesmos em quem
as nossas esperanças falham
no que se refere a impostos,
obras infraestruturais de elevada importâncias
e remodelações no sistema de ensino,
e em relação aos quais a nossa desconfiança
explode de 5 em 5 minutos.

Mas então e se
o muro quebrasse,
algo,
pouco,
não importa,
passasse.
O que faríamos?
Como reagir
e que reacção
exigíriamos
aos nossos
governantes?

....
O nosso sofá continuaria com o nosso peso em cima, acho.
Bem como o balcão do fafé continuaria ocupado, pelo jornal.
Entre janelas de Windows e programas de texto
a nossa atenção desviar-se-á por alguns momentos
a certos sites informativos em busca de uma ou outra notícia.
E
a isso se resumiria
e
resumirá
o nosso inconformismo face
à intolerabilidade de toda a situação.

A verdade é que
os mesmos que admitem um Kosovo
não admitem um
Tibete.

E o cerne está quase todo aí.
Bem vistas as coisas,
quase todos os restantes desenvolvimentos
são prolongamentos do mesmo cancro.
E o mal, ainda que
dificilmente cortado pela raíz,
alastraria
inevitavelmente.

Não importa à quanto tempo anexado pela China,
no que toca ao sentido de Nação,
pois a história do mundo sempre se fez
de avanços e recuos no mesmo globo de vidro
onde o espaço está contado.
Mas importa á quanto tempo essa anexação
resulta num assassínio cultural
e físico.

Todos sabem porque é que o Dalai Lama vive na Índia.
Todos sabem que tem legitimidade para pedir
autonomia (e ja ninguém fala em independência)
a um território que sempre a teve.
Todos sabem que no Tibete já cada vez menos há
tibetanos.
E TODOS sabem
que as manifestações que têm sido feitas
num território tão implacável ao discurso livre
como o é a China
visam tirar proveito das atenções centradas nelas
por causa dos Jogos Olímpicos.

Não.
A situação tibetana não é
a situação pacata
que a China sempre pintou.
E nós nunca supusemos
que fosse de outra forma.
Por esse mesmo conhecimento
a melhor forma
que arranjamos para combater o genoícido tibetano foi!
ignorar mais uma vez
que ele estava
e está
e estará
a acontecer.

O Dalai Lama continuará a dar com portas fechadas
por esse mundo fora.
Da mesma maneira que continuaremos a dar com informação altamente condicionada
quando pretendermos exercitar a nossa curiosidade
sobre o que se passa no Tibete.

Quero regressar agora ao ponto de partida:
enão e a bomba que temos nas mãos?
A nossa opinião pública?
O nosso discurso livre?
E a nossa democracia?
Essa arma
que destrói governos, acaba com guerras, impõem condutas e sanções
e garante a paz no mundo?

Onde é que ela está?

Eu digo:
no bolso.
Até lá felicitamos o Kosovo pela sua independência
e pelos maus dos Sérvios terem ficado mal na fotografia,
independentemente do que isso quiser dizer.

domingo, março 16, 2008


E quando daquele pedaço de chão, eu fiz o céu!
lá estavas tu,
calada
e paciente.
(foto: Nuno Sousa)

domingo, março 09, 2008

sheep

O transplante falhou.
Quando o muro começou a cair.

Apenas sobrou uma pedra do músculo-mestre. Tive pena. Porque apesar de tudo até gostava dele. Oficializou-se a coisa: dali para diante apenas o calhau ficaria no lado esquerdo da caixa toráxica.
Não se abandonem contudo, a leviandade fácil de achar que me rendi à primeira. Ou à segunda. Não foi com duas tretas que me convenci do facto duro e irrecuperável.
Eu tentei sentir. Tentei ver tudo com outros olhos. Refugiar-me no lirismo. E no sangue quente da inspiração. Cortei até os pulsos com a faca afiada da depressão antes de acordar alagado em suor. No fim, por fim, saiu-me 'Vidas'.

O transplante falhara.
O muro caíra.

Dei uma vista de olhos no que eu dizia ser a emoção. Não me admirei já tal 'cena' me ser estranha. A idade e o calhau não dão para mais. Nem para os gastos da dor. Nem para as infâmias da inadaptação. Um presente eterno, como o do livro. E a música é apenas banda sonora. As pessoas, essas, apenas pessoas. Apenas. Quem diria...
Quem me diria tão calado na hora de cantar?



'sooner or later God' ll cut you down'

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Madrid

Mãe.
Voltei.
Barba por fazer. O cabelo oleoso e a pele cansado. Eu sei, mãe. Não pareço neste momento o melhor dos filhos. E tem dias em que o aspecto não engana.
Não me sinto de facto, o melhor dos filhos.
Parti, mãe. Tive de partir e tu não o sabias. Tive de ter a necessidade de ver o mundo por outros olhos. De encarar um novo dia, de uma nova forma que me tem escapado, mãe. Não me merecias semelhante silêncio. Mas eu acho, mãe, que o melhor seria assim. Mais eficaz.
Volto da mesma maneira que parti. À excepção dos pormenores odiosos que já referi. Volto também com o mundo nos olhos. Mas tal não alterou o homem que sou. Sempre o mesmo mendigo de palavras, insatisfeito.
Peço-te desculpa, aqui no meu regresso,
para quando tiver de partir outra vez.

sábado, fevereiro 09, 2008

your pearly whites

Burn! Queima! Isto é assim. Yeah! Assim como se fosse feito de mais do que palpites: feito de anti-corpos em choque. Eu sei bem do que falo. Deverias e poderias sabê-lo também, mas tu... não és tanto a favor desses jogos de contra-baixos e elefantes da mesma maneira que eu sou a favor da destruição maciça das pessoas. Sim! De genocídios, massacres e uma vala comum para o mundo todo. Oh oh. Eu sei bem do que falo.
Eu vou querer esconder o caco médio da minha alma atrás do punho fechado: quando chegar a hora eu vou cravá-lo no teu olho. Nessa altura quero ver como é que ainda vais olhar para mim cheia de pena e de peninha. O teu sangue a jorrar vai alimentar a minha fome de carne. Pelo menos temporariamente, pois ambos bem sabemos que o ser humano consome e consome e consome e consome sem necessitar. Isso distingue-o das bestas! E para consumir, alguém terá que produzir. Daí a magia do amor.
Vem amar o caralho! O reles! O baixo! O precário! O brejeiro! Façamos com dotes de graça a nossa volúpia uma explosão! de luxúria no meu quarto cheio de pó e bibelôs. O orgasmo será o bom do arremesso para partir aquela louça toda. Depois, só depois vamos falar das intelectualiadades todas, se o acorde era acima ou abaixo do novo silogismo da lógica de Kant, e do subconsciente inerente à falta precária de políticas populistas no cartaz da ordem do dia. Com um pouco de sorte, ainda te levo a uma exposição de Dali. E lá o júbilo vai parecer feito de merda, porque eu vou rejubilar como se não houvesse amanhã, aliás não vai haver amanhã porque não me apetece que o haja. Percebeste?
Apanhaste?
Cappicce?
Não?
Os meus braços são cobras, filha.
Os meus braços são cobras, e todas as pessoas são um veneno.




'Don't drink from this fountain, you are liable to drown, and I might ask this once or twice.
What is this?
This, my gaping mound of wires.
My flapping speakerbox.
Human connection of disconnection.
Why exist?
Why take the risk?
Another day brings you close to your last hour.'

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

pirómano

Incendiário. Eu fiz dois fogos dum fósforo pequeno. É fácil: é só friccionar a ponta vermelha. E vê-lo estalar depois entre os dedos. O calor emite uma sensação de poder. De criação melhor dizendo. Mas como em todas as criações, há centelhas que se escapam das nossas mãos. Como areia por entre os dedos, amontoando-se para lá do nosso alcance. Merecem o meu carinho, como o merecem todos os renegados: à minha obra já só interessa queimar-me.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

a matar horas mortas em tempos de exames

'A noite é fria e delicada e cheia de anjos.'
Canta o rádio
e tanto que estudar.

Estrelas são estrelas
no caminho para esta casa.
Detestava ter de ver
no meu quarto

esta prisão.

domingo, janeiro 13, 2008

O Império do Mal

Ando honestamente saturado do rumo que definimos para o nosso mundinho dos dias de hoje.
Saturado....
Porque uma vez que a dicotomia Bem e Mal ficou demodée com a morte de Deus, optaram-se por pôr outros santos no altar: terceiromundismo e modernidade, ou qualquer outro conceito de semelhante. Em suma, o que é artesanal é merda, o que tem normas complicadas, directivas europeias e fiscalizado por polícias autoritárias é que é fixe. A nossa sociedadezinha faz-me lembrar o típico exemplo académico cliché da filha do lavrador rico, que teve de malhar na terra a vida toda para ter o que quer que fosse, mas que se arrepia com uma galinha morta e que ensinará os filhos a nunca, jamais, em qualquer situação sujar as mãos com terra.
Basicamente,... aos meus olhos surge no extremo a visão caricata de de florzinhas de estufa, adubadas de politicamente correcto e a fotossintetizar luzes de televisores, pc's, iPODS e outras fontes fidedignas de informação.
Para ser mais concreto: não é a ASAE em si que me irrita, não são as directivas europeias a legislar sobre galheteiros e tamanhos de preservativos unifomizados que me irritam, nem leis do tabaco e afins.
Irrita-me é por um lado a caça assumida o tudo o que é tradicional e típico, e cuja produção em grande escala, industrialização, ou massissamente fiscalizado destituirão de sentido e destruirão mais tarde ou mais cedo, levando consigo um bom naco vivo do nosso património cultural que demorou gerações a consolidar.
Irritam-me os subsidios que a UE dá às regiões pobres, quando adopta uma politica economica que na pratica resulta no nulo do que fez antes. Resultado?: calam-se os possiveis descontentes, alegram-se as grandes nações, assimetrias culturais aligeiram-se. O Mao já tinha percebido isso: um povo deslocado das suas raízes é deveras mais fácil de controlar. E calar.
Irrita-me ainda, quanto a esta lei do tabaco, o nobres espírito salazarista de que a maioria das pessoas do nosso dia-a-dia se imbuíram. TODA a gente quer saber se TODOS os cafés cumprem TODOS os pintelhos da puta da lei. E queimam, e chibam, e denunciam quem for preciso. O senhor director da ASAE rejubila nesta altura na sua poltrona, esfregando as mãos de contente, pela nova ideia de 'cada-um-fiscaliza-o-cu-do-vizinho' que ele deve pretender ver implementado no nosso Portugalzinho.

Vá lá, talvez eu esteja a exagerar. Vá lá...
Mas seria assim tão difícil dizer aquilo que toda a gente tem vontade de dizer que é mandar essa escumalha à merda?