quarta-feira, dezembro 30, 2009

h.i.p.o.c.r.á.c.i.a.

Estava eu mais uma menina (bem bonita, por sinal) a dar duas de conversa de café, quando a dita menina me chama a atenção para a televisão. Uma rubrica ou reportagem da RTPN (a tv estava sem som e não perdi muito tempo a tentar descobrir o formato) que em baixo anunciava tratar sobre segurança rodoviária e os perigos da estrada. Ao telefone um senhor que era motorista. Entre parêntesis, informava-se que o senhor se encontrava em viagem. Está bem que eu não ouvi o que o senhor disse, se se justificou ou não, mas isto não é um tanto estúpido?

terça-feira, dezembro 29, 2009

Luso- Brasileiro

Eles chegam cá de folheto na mão e nome na ponta da língua. O discurso está ensaiado pelos seus antecessores, como eles, trazidos pelas mãos da fortuna (ou falta dela) àquela praia primordial: vieram para ficar. Para sonhar. Fazer sonhar sonhar. Suar os trapos que trouxeram consigo de um mundo tão admirávelmente e imenso novo que os apanhou num dia mau. Eles chegam para provar que são melhores que todos os outros. Mais eficazes que todos os outros. Mais leais. Mais esforçados. Mais milagrosos. Mais fantásticos. Que todos os outros... como eles. E no fim só não trepam mundo velho adentro se não puderem, pois não há prego que pregue uma língua a uma praia, que é mais um deserto, para sempre. E lá seguem. Os mesmos folhetos, as mesmas juras, os mesmos sonhos. Mudam os olhos que passam a ser mais atentos do que desconfiados.
E há os que ficam. Que por insondáveis razões do destino ficam. Ou pior: voltam. Voltam da sua fracassada segunda odisseia e convencem-se que os pés não devem correr com semelhante emoção mais do que um oceano, a menos que o corram outra vez para casa. Deixam-se tombar vencidos nessa praia, de cocos ressequidas, bananas mixurucas, olimpo de pés de barro, aonde eles tentaram fazer-se deuses de pés de pedra e pouco mais foram que joguetes testas de ferro. Mas que por insondáveis razões do destino ficam. E ficar às vezes também dá direito a ser mito. Por muito pequena e seca que seja a praia.

terça-feira, dezembro 22, 2009

Xmas rockfest 2009




Jove:
empaturrado do bacalhau?
entediado com a catrafada de filmes familiares que invadem as televisões?
farto de canções natalícias, e de música pimba nas ruas da tua cidade?

Então, não percas tempo! A oportunidade que precisavas está agora ao alcance das tuas pernas!
Dirige-te já ao Pavilhão de Feiras e Exposições de Penafiel mais próximo de ti, e vem queimar com o Xmas Rockfest 2009 os quilinhos a mais da Consoada!

sábado, dezembro 19, 2009

Esta Cidade



"Quer eu queira quer não queira
Esta cidade
Há-de ser uma fronteira
E a verdade
Cada vez menos
Cada vez menos
Verdadeira

Quer eu queira
Quer não queira
No meio desta liberdade
Filhos da puta
Sem razão
E sem sentido
No meio da rua
Nua crua e bruta
Eu luto sempre do outro lado da luta

A polícia já tem o meu nome
Minha foto está no ficheiro
Porque eu não me rendo
porque eu não me vendo
Nem por ideais
Nem por dinheiro
E como eu sou e quero ser sempre assim
Um rio que corre sem princípio nem fim
O poder podre dos homens normais
Está a tentar dar cabo de mim
Cabo de mim"

- Xutos

quinta-feira, dezembro 17, 2009

parabéns simpsons!


faz hoje, precisamente, 20 anos que os bonequinhos amarelos fizeram a sua primeira aparição na tv. matt groening és o rei!

sexta-feira, dezembro 11, 2009

"Que escuridão é esta, Senhor?"

fogo posto

um fogo fora de controla bebe toda a água que lhe atravessa no caminhão. sofrego, e chorão, cambaleia florestas fora, galga casa, pisa crianças e mulheres. dentro de si: um inferno que não arrefece. à sua volta: um gelo de noite que não o amedontra. e pequenos bombeiros, tementes a Deus e com pena desse fogo, bombeiam àgua à moda antiga, por mangueiras ínfimas, para o calar. o fogo sente essa água a ir directa ao seu coração. julga até que as mangueiras são as suas veias que batem. mas não são. a sua sede não cede. as suas lágrimas chamuscam o céu negro, gelado como cristal. os moradores morarão ao relento. o mundo vê-lo-á arder lento. o fogo chorará sangrento uma noite de trovões e o firmamento desabará uma chuva de cimento que só fará o fogo mais torpe e mais gigantesco.
ele deriva de si mesmo e multiplica-se. chamusca os pobres homens que o alimentam. e acarinham.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

deranged

"I drive all alone, at night,
I drive all alone.
Don't know what I'm headed for.

I follow the road, blind.
Until the road is dead end.
Night's in my veins, it's calling me,
Racing along these arteries
And law, is just a myth
To herd us over the cliff.

I follow the road at night,
Just hoping to find
Which puzzle piece fell out of me."


- Them Crooked Vultures

terça-feira, dezembro 08, 2009

Songs to say Goodbye pt 1

zephir song - RHCP
fortune faded - RHCP
wake up - RATM
bulls on parade - RATM
decode - paramore
retrovetigo - mr. bungle
omaha song - tomahawk
amour - rammstein
summer holidays vs punk routine - refused
bitter end - placebo
post-blue - placebo
blue - a perfect circle
spys - coldplay
mosquito song - QOTSA
lost in holywood - SOAD

sábado, dezembro 05, 2009

"I hear thunder but there's no rain
this kind of thunder break walls and window pane
I hear thunder but there's no rain
this kind of thunder"


- The Prodigy

terça-feira, dezembro 01, 2009

Contra-Informação

O Governo Português não dá descanso à sua fome de empreendimento. Aliado às mais altas instâncias financeiras lançou mãos á obra de um projecto que fará o TGV corar de vergonha: o Vinho de Lisboa.
É por demais reconhecida a fama da cultura vinícola nacional, mas falta-lhe a união e a dimensão devida no mercado internacional. O Governo visa assim, não só, colmatar uma falha da oferta no mercado do vinho de qualidade, como criar um produto unânime em torno do qual se possam agregar pequenos e grandes produtores, uma imagem de marca, omnipresente no mais pequeno tasco familiar, como em qualquer restaurante agraciado com 3 estrelas Michelin.
Porém, um 'ícone' não nasce da noite para o dia. Daí o Governo estar a recorrer a todos os meios ao seu dispôr para o conseguir. A primeira medida, porventura a mais dispendiosa e a que mais polémica poderá fazer surgir junto ao bolso dos contribuintes, é a criação da Zona Demarcada do Tejo. "Este Executivo não esperava facilidades quando aprovou este projecto. Como também não as esperava quando avançou com o Simplex, ou o Choque Tecnológico, mas agora atentem nos resultados: Portugal não está na cauda da Europa, mas na sua cabeça, como preconizava Fernando Pessoa.", declarou na conferência de apresentação á Comunicação Social, o Ministro da Agricultura, a quem foi atribuída, para este efeito, a pasta das Obras Públicas. Os primeiros estudos apontam para que a Zona Demarcada do Tejo se estenda desde Salvaterra de Magos até Vila Velha de Ródão, ao longo do Tejo, cujas margens e vales serão socalcados, adubados, e tratados pelas empresas mais especializadas da área e com obra feita em vários pontos do Centro e Sul do País, para que o terreno se torne tão perfeito à produção do novo vinho quanto seja possível humanamente conceber.
Mas o projecto não se fica por aqui. Está já em marcha a construção de inúmeras caves em Almada, para que também esta cidade-irmã da capital possa beneficiar desta iniciativa ab initio. "Foi necessária alguma diplomacia" declarou o Presidente da Câmara de Almada, "mas o Governo sempre se mostrou sensível á necessidade de enquadrar este projecto nas necessidades da Área Metropolitana. Como tal, este desenlance não é outro que não o esperado, sendo de louvar a rapidez das decisões e a união de esforços entre o sector público e o privado, que tanto às turras andam neste país." Associada à criação das Caves de Almada, na zona ribeirinha, está também a compra de uma frota de ferry-boats próprios para o transporte dos barris de vinho desde o início da Zona Demarcada, junto à fronteira, até às caves em Almada. Carinhosamente, já há quem lhes chame de barcos-restelo, em alusão ao Velho dos Lusíadas, céptico crónico do poder das embarcãções em ligar territórios irmãos. Os barcos-restelo, mais do que uma medida funcional, são vistos como uma cartada cheia de potencial turístico, estando planeada igualmente a construção de diversos cais nas maiores cidades ribeirinhas do Tejo, para que os turistas-do-vinho, possam subir ou descer o rio, desfrutando da sua paisagem inigualável e promovendo o desnvolvimento dos serviços de hotelaria e restauração um pouco por todo o interior centro. Aliás, se tudo correr conforme planeado, a Zona Demarcada do Tejo estará pronta em tempo recorde de ser considerada a mais nova Zona Demarcada do Mundo, e quem sabe candidatar-se nessa categoria a Património Mundial da UNESCO. Isto é, pelo menos, o que os entusiastas financiadores deste projecto almejam, sem o negar.
Óbvio, que tudo isto seria defraudado sem o marketing necessário, que aliás o própio nome do vinho quer assegurar. A marca 'Vinho de Lisboa' tem inclusive já uma designação em inglês, sonante como convém, para captar as atenções do tão apetecido mercado britâncio e anglo-saxónico: Olisbon Wine. "Orgulho-me de ter sido uma escolha minha. Têm de admitir que é orelhudo." declarou o Ministro da Economia, sacando com mestria umas gargalhadas à assistência e aos seus colegas de Governo.
A capital do país será, de resto, a capital do vinho homónimo. A abertura de diversas casas especializadas, a criação de um posto permanente de turismo sobre a 'Rota dos Restelos' (assim se chamará o percurso turístico da Zona Demarcada do Tejo, até às Caves de Almada), a divulgação em colóquios e concursos de vinhos na capital, concursos de design e cultura urbana sobre o Olisbon: tudo está já a ser planeado ao milímetro pelo executivo camarário de Lisboa.
A expectativa é alta, e ao que tudo parece os meios ao dispor também o são para não a defraudar. O país anseia saber o poder deste vinho nas suas mesas e nas suas vidas. Mas o sentimento reinante é de confiança. A apoio da indústria vinhateira, só não é unânime devido a alguns protestos de produtores de vinho duriense, que contudo não chocam com a posição oficial: venha a nós o Vinho de Lisboa!
E se até na esfera virtual já circula o lema "Sexo, Drogas & Rock n roll, Não! Fado, Futebol & Olisbon, Sim!", mais palavras para quê?
p.s.: e agora eu pergunto: seria isto assim tão inacreditável?

cut it! divide it all!



(a areia do tempo é dúbia. tem o condão de nos fazer embevecer face ao filme do que fomos, dum tempo em que sonhávamos ser melhores, em que sonhávamos ser heróis dos dias, das televisões, livros. mas tem o cruel poder de nos fazer esquecer algumas das tentativas frustradas no caminho para o conseguir. nunca devíamos ter de esquecer o poder que músicas como esta têm para nos definir. a nós e aos nossos passos. um tributo devido)