quarta-feira, fevereiro 19, 2014

as mangas do casaco são compridas, a bainha das calças já é curta. a minha paciência é finita, o estoicismo é flexível. passam os anos e continuo sem saber pentear o cabelo como o de um homem respeitável. passam os anos e continuo a fazer brincadeiras parvas com o telemóvel que vou partir, mais tarde ou mais cedo. não posso comprar um novo telemóvel, porque teria de comprar um melhor e mais caro, se não posso uso o que tenho: prometi que viveria nas minhas possibilidades. pois bem, sobrevivo esmagado dentro delas, inchado e empanturrado pelos acontecimentos contra elas, a devorar restos de espaço para onde possa continuar a alargar. a asfixia não chega, mesmo que já nada me sirva. os erros, de tudo o que mexe e não mexe continuam a ser a medida pela qual meço o futuro.



"Ela queria sempre realizar «momentos perfeitos». Se o instante não se prestava a isso, deixava de se interessar pelo que quer que fosse, a vida desaparecia dos seus olhos."

- Sartre, in "A Náusea"

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