terça-feira, maio 27, 2014

Parabéns Embaixador!

Ouvi falar do senhor há pouco tempo, e tenho pena. Nunca o vi ou conheci, e com mais pena fico. Tenho para mim que me dedicaria a atenção, a paciência e as gargalhadas que dedicou a todos aos alunos, aos seus pares, aos seus amigos e colegas durante décadas e décadas. Décadas e décadas, sim escrevi bem. Um homem, sem pretensões de instituição, que até ao fim dos dias dançou de sorriso na cara, e nunca quis mais nada para além isso. O mesmo homem que levou uma dança de chão para uma dança de céu. Desde a fundação, à divulgação, à passagem de testemunho. E a tratar cada parceira como a única e derradeira rainha. Todos podem dançar, todos devem dançar: ensinou ele. Deu o exemplo a dançar até ao fim da canção, com vitalidade e alegria de viver. É das últimas grandes lições que aprendi recentemente: é possível viver intensamente, viver com o corpo todo a transpirar vida, pronto para se enraizar em tudo e para saltitar sem nada atrás. A alegria como um fim em si mesmo, à mão de semear e fácil de obter, despendendo o mesmo carinho que merece qualquer coisa bela e delicada.
A dança dele não podia ter sido outra senão o que foi. Todos nós devíamos dançar como ele: como se a nossa felicidade dependesse disso. Afinal, a vida é mais dança do que jogo.
Faria hoje 100 anos. Faleceu aos 94. Um bem haja Embaixador: saltaste o mundo todo, nem o Lindy himself, conseguiu semelhante.


(Eis Mr. Manning aos 91. Um século a atrapalhar mas sem atrasar a precisão e graciosidade dos movimentos.)




(E claro, a que no entender dos entendidos é e será a melhor coreografia de Lindy Hop alguma vez filmada. Coreografada, mas não creditada, a Mr. Manning, que também a executa no seu fato macaco. Tinha 27. E em 1941 como em 2014 ainda deixa qualquer um burro)

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