sexta-feira, julho 02, 2021

band of every man for himself

 


Cresci sob a ameaça de perder os meus amigos no final de cada ano lectivo ou ciclo de estudos, ou na iminência de uma mudança  mais significativa na minha vida. Nessas alturas, concretizava-se o receio de ser traído que, durante esses períodos tentava emudecer. Afinal não eram amigos, nem leais, nem bons colegas, e queriam seguir a sua vida para um sítio sem mim. Envelheci sob a necessidade de me reinventar. De conseguir antecipar essas mudanças de ciclo. Mas quando os ciclos são tão longos, ao ponto de não se conseguir distinguir a sua origem, como na trajectória de um cometa, dificulta a preparação para inevitável partida.
Uma vez, todo moca, observei que os avós não têm amigos, só família. Os amigos ou se afastam, para as respectivas famílias, ou morrem. Como resposta ouvi que, embora o meu ponto fizesse todo o sentido, era demasiado cedo para uma pessoa fazer algo para evitar tão trágico estado de coisas. Toda a gente se riu. Talvez não fosse assim tão cedo. Mas já tarde demais.

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