quinta-feira, setembro 02, 2021

Nils & Bianca

 


Como era, mesmo? Lembras-te? Algo do género de estudar até à 1h ou 2h, num quarto que nem uma cela, iluminado por um candeeiro que fixava a temperatura em 40 graus centígrados. Sem aragem. Com janela aberta! No beiral, eu, de cigarro (sempre) absorvia as luzes dos carros que passavam e a imagem dos estudantes, para quem o Verão já existia. Pensava em ti. Sempre. Mesmo não sabendo de ti, mas sabendo de cor os passos que estarias a dar. Sentava-me, novamente, à secretária, e tu comigo. No computador, sucediam-se conversas triviais com quem achava estarem condenados como eu, só que não, não é? As pessoas nunca são o que escrevem, quando as lemos, são mais um letreiro do que uma carta. No tampo da mesa, a matéria pousada: a mesma da primeira fase, em que reprovara. E eu para ali, de porta e coração trancados por dentro, por falta de alternativa, à custa de vistas curtas e um pescoço torto. Sem esperança, por só saber ouvir música triste.

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