quarta-feira, novembro 14, 2007

a mão que alimenta

Levantei os espinhos do meu quintal. Das silvas que cobrem o seu chão, as mesmas que enlaçam a figueira e beiral.
Levantei-os. Uma natureza de mais de dois metros a olhar-me nos olhos. A magoar-me nos intervalos de si, consigo própria. A sua carne bem na minha.
Nós sabemos o jogo da existência. Os espinhos exigem o meu sangue como paga do incómodo, de se erguerem às evidências de serem meus. De assim fazermos sentido, não. Eles disso não gostam.
Infestam o que é meu. Meus sendo-os também. E matam, matando o que cresce sem rei. Verde. Com o sol por única lei. E chuva por única redenção.
Então... a estes castigadores, que conspurcam o meu silêncio, com o seu verde cínico, eu pergunto: porquê não se mostrarem e rasgar vidas como as vidas devem ser rasgadas?

Olho-vos nos olhos meus amigos. Meus pertences. Aqui de pé, vim para saber de vós. Aqui vim para esganar-vos se tiver de ser. Aqui vim até para morrer.

Aqui eu quero saber e não saio sem resposta. Se enquanto um de nós viver, o outro terá o que gosta, a infestar a história do que resta.

Um comentário:

Anônimo disse...

está muito bom caramba,

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