quarta-feira, dezembro 24, 2008

um post mau e inchado de estupidez

As resoluções tomam-se quando o homem quiser. Honestamente, porquê esperar até dia 1 do 1? É mais ou menos pelo caminho com a cena das prendas: há a data oficial, para ali, a servir de referência e depois cada um, como cada qual orienta a sua vida em função disso, como achar melhor. Eu achei, então, que não seria mal jogado de todo, marcar uma posição acerca de algo que já me atormenta os tempos mortos (sem ser o ter tempos mortos) à algum tempo: medo de perder certas capacidades pela falta de treino. Dito, soa estúpido. Escrito, soa estúpido. Pensado, também. Mas pensado na minha cabeça, além de estúpido, soa igualmente legítimo. O party animal que interrompa o seu quotidiano nocturno não consegue manter o mesmo andamento alcoólico depois do seu hiato. O futeboleiro, campeão de verão, que desgrace férias em caipirinhas e churrascos, não terá vida fácil quando reencontrar abdominais pela frente. Não há heróis. Pode agora soar estúpido é que possa ter mantido na cabeça a ideia de que era possível manter o nível todo, competitividade no máximo com 'desleixos' graves pelo meio. Alto! E se o party animal nunca foi de beber assim tanto que permitisse uma verdadeira ressaca do hiato? E se o artista da bola já tivesse camuflado umas caipirinhas durante os jogos para o campeonato? Alto, nada, não é? Se são apenas amadores, não podem ficar à espera de milagres, certo? Não perdem tanto como o que perderiam se fossem pros, mas não se poderão lamentar se nunca chegarem a sair da cepa torta. Pronto, padecerá o cérebro destes víciossitudes do corpo e suas lógicas? Pois... não há heróis... É um dilema. Estúpido, como já referi. Mas eu acredito piamente que cada tolo tem as suas manias. Do meu dilema só posso tirar ilações, e não soluções: por uns quaisquer handicaps naturais, que desconheço ter mas sei ter, é da busca de resposta que tiro a minha resposta. Portanto, enrolado no meu problema, quebra cabeças, para maiores de 4 anos, eu optei por uma resolução, marcar posição (em vez de tomar uma), fincar pé no mesmo sítio e só mudar o sítio para onde olhar. Possível crítica: burro de merda, então já não percebeste que o sítio onde estás não te leva a lado nenhum? Resposta: até dar um grande tombo, até foder-me todo num raio, até ficar sem pernas, não vejo motivo para mudar de sítio. Mas o mundo vai passar-se ao caralho e deixar-te aqui sozinho. Saber viver é saber escolher caminhos e ir por eles adentro. Tá tudo, mas para escolher por escolher como todos os outros, prefiro ficar no meu lugar e pensar bem afinal no porquê de ainda estar aqui debaixo de fogo sujeito a um petardo, mantendo ainda os membros todos. É isso que os estúpidos fazem. Morrem para que os inteligentes marquem a sua posição. Marcando a sua. Agora há um factor treino que pode ser inserido na máquina. Algo do género 'aprendizagem causa-efeito'. Um matutar firme e hirto. Uma meditação. O possível filosofar do perdedor que tem um jogo para ganhar. Porque ainda ninguém disse, nem eu, que lá por alguém ser deixado para trás, com os pés enterrado no chão, recto, insurrecto, a engolir toda a sorte de raios, ninguém disse, que não possa ainda crescer. Até ao céu, a distância, é para todos os efeitos, vertical.

3 comentários:

Anônimo disse...

i - as resoluções não se tomam coisa nenhuma. as resoluções servem para nos enganarmos que vamos deixar de sofrer, mas enquanto pensarmos que para crescer, melhorar, ir para o céu, temos que sofrer, estamos positivamente lixados.

ii - a cena das prendas, se for dada a quem sabemos de que gostamos e que, principalmente e alheados de qualquer razao, vao ficar felizes, por mim até pode não ser oficial que eu agradeço ao calendário gregoriano

iii - pior que tudo, é adquirir e gostar de o fazer, de certas capacidades , e depois ter que as perder e não as poder treinar. e somos sempre um Olimpo. agora geralmente perdemos treino quando já não gostamos de as adquirir.

iv - se fossem heróis, recuperavam tudo depois de saírem do caminho feito de repetições maquinais tendentes ao máximo da competitividade? se fossem heróis nunca deixavam de querer salvar os outros: porque caipirinhas para o futeboleiro e vida certa para o party animal nao o fariam ser amado.

Anônimo disse...

v - os milagres seriam isso mesmo: para os amadores, serem bem sucedidos, com essas 'falhas' todas

vi - se calhar perdem mais que os pros, q ganham descanso e um novo sentido pra vida numa montanha budista qualquer.

vii - nao ha restriçoes para os lamentos enquanto houver a noçao de sorte

viii - nao e estranho acreditares q cada tolo tem as suas manias: geralmente, desenvolvem comportamentos obssessivos e maquinais.

ix - "é da busca de resposta que tiro a minha resposta." : isso é precisamente porque tiras ilações.

x - quanto ao busílis, o ficar na mesma posição: conheço muitas coisas assim, como as árvores e as montanhas até haver um desastre natural qualquer e depois quedarem-se no mesmo sítio por mais uns séculos. ao ficares, muito te passa pelos olhos e pela cabeça. pelas mãos tb, hão de chegar-se a ti sem teres que fazer nada para tocar ou até para ficarem do teu lado. o problema é desenvolver preferências, não poder depois afastarmo-nos de certas coisas ou afastá-las de nós, nem sequer mexer um dedo para ir ver se aquilo é assim tão bom ou se é tão mau como de certeze, com a nossa sorte, será.
sem ilusões, já se sabe, não se está desiludido.

Anônimo disse...
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