segunda-feira, outubro 17, 2011

"mas o tempo moeu na sua mó"

continuo preso à miragem do tempo passado que se sobrepõe ao tempo presente. os eventos que se repetem na mesma cadência e ao mesmo compasso de todos os outros que os antecederam, desviando-se deles aqui e acolá, suportam-nos e às suas nuances ultrapassadas, numa invisibilidade de marca de água. tudo volta, inavariavelmente, a ser sentido, de tudo volta a ser sentida a falta. em dias diferentes, em climas diferentes, em horas diferentes: mas os dias e os meses do calendário têm sempre o mesmo nome, ainda que avancem na semana com o passar dos anos, as estações continuam as mesmas ainda que se revezem de forma imprevisível e as horas sempre deram de si fora de horas como dentro delas. as palavras sofrem a mesma herança dos outros a quem foram ditas. os sentimentos também. e continuo preso a essa angústia, e quase faço de conta que sou eu a estar no presente que corre, não obstante a minha solidez de fantasma.

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