sábado, fevereiro 03, 2018

novos guarda-chuvas se alevantam

ultrapassar-me pela direita em plena passadeira denota audácia. ou displicência. atributos comuns num miúdo de 12 ou 13 anos. alheio às regras de etiqueta  de trânsito para peões, distancia-se em passada larga. guarda-chuva em punho. costas direitas. lança um olhar, ao mural de homenagem aos escritores que visitaram a terra, o tempo suficiente para registar a solenidade e confirmar que não conhece nenhum dos "laureados".volta a olhar em frente: tem um propósito, tem um destino, e tem os meios para os atingir. às costas uma mochila, com autocolantes de clubes desportivos amadores e super-heróis de renome, em quantidade e disposição inteligente. o miúdo tem bom gosto, e sabe o que faz. nos pés umas nikes pouco exuberantes, mas modelo todo o terreno. de guarda-chuva na mão, ele sabe que pode ir a qualquer lugar. na minha modesta opinião, faltavam-lhe uns fones nos ouvidos: um homem em missão tem de reconhecer a necessidade de uma boa banda sonora.
lembrei-me de ser assim. ou de querer ser assim. jovem e livre. com o todo o tempo do mundo para fazer sentido nas minhas pequenas imagens de marca, escolhidas a dedo ou pelo acaso. determinado a ser feliz, ou a chegar a horas a uma partida de cartas magic, tendo, para tal, de atravessar um dia de chuva. chuva essa tão fora de moda, nos dias que correm.

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