sexta-feira, dezembro 29, 2006

de nada a mais isto não tem lógica

Sê emotivo
Ponto.
Sê audaz
Ousa, creativo.
Volta a ser rapaz.
Sê ser vivo.
Vive que és capaz.
Não
se justifica
ser a morte tentadora.
Mas acredita
que já quiseram anjos
essa devoradora
tentação.
De caminhar
e perder asas
e derramar sangue pelo chão.
Esquece o que aprendeste
reescreve com suor
o que viveste
e deixa uma folha em branco
para que escrevam
com a vida que deixaste
por viver.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

O 3º CD dos Ornatos

São estranhos, e não negros, os tempos que vivemos na música portuguesa. Existe diversidade e qualidade, mas na minha opinião falta-lhe um movimento. Algo de novo e refrescante que a marque e a demarque sem a descaracterizar. Falta-lhe uma banda por bandeira. Oh! sim, sim, Linda Martini é a banda da moda, eu sei, eu sei, mas não é a bandas da moda que me refiro, porque às vezes ser a banda da moda, não implica necessariamente ser uma banda marcante, e acho que disso temos exemplos todos os dias. É o problema de o rock ser um estilo de modas; a pop não: os beatles são tão audíveis à 40 anos como são agora. O rock não funciona assim. No rock quem marca é a banda que num som da moda, não necessariamente O da moda, faz algo que não é da moda e que sem dificuldade passa a ser. Os Silence 4 não fizeram nada de novo, mas fizeram algo de grande. Talvez por isso disputem taco a taco com os Ornatos Violeta o título de banda mais marcante, ou mais característica dos anos 90.
Xutos doa a quem doer foram a banda dos anos 80. Não desvirtualizando, ou desmeritizando quaisquer dos mais que muitos talentos que por esses tempos se fizeram ouvir, ainda não se tinha ouvido nada como Xutos: tipicamente português, tipicamente rock n roll: aquilo tinha algo. Algo que agora já não tem. Se ninguém é eterno não o seriam decerto os pobres Xutos. Por outro lado, Silence 4 (ou é Silent 4?) disputam com os Ornatos, como já referi o título de banda mais marcante dos anos 90. Li uma vez, que tivessem os Ornatos lançado um 3º cd e teriam criado escola. O que é a mais pura das verdades! O que temos de Ornatos são 2 cds tão díspares e obscenamente distintos que é completamente impossível definir o que de facto foram os Ornatos. "O «Cão» é paixão e «O Monstro Precisa de Amigos» é perda, acho eu." disse uma vez Manuel Cruz, o que é mais uma vez acertado. E isto são Ornatos, ou o que nos resta deles: Paixão, Perda e 1 cd de raridades que acabou por ficar na gaveta, que não será mais do que todas as palavras que ficaram por dizer. Por isto os Ornatos acabaram indefinidos: faltou-lhes o 3º cd, que curiosamente também falhou aos Silence 4. Os Ornatos podiam ter marcado e não o fizeram. Silence 4 foram o espelho dos anos 90. Nenhum deles serviu de exemplo para o futuro.
Acredito, pois, que a falta do 3º cd dos Ornatos é ainda a pedra no sapato da música no sapato. Cada coisa tem o seu tempo, e os Ornatos tiveram o seu. Mas a sua música tinha ainda mais algo para cantar. Tentei ainda durante algum tempo iludir-me de que "Bom Dia" dos Pluto seria esse Desejado cd de Ornatos; era o primeiro single que deixava a pista: "Só Mais um Começo".A trindade far-se-ia pois de: Paixão, Perda e Recomeço. Mas não. Não. Não. Não. Pluto é demasiado refinado para ser continuação de Ornatos. Demasiado conceptual. Demasiado frio. Porque o som de Pluto é isso: frio e distante como o espaço.
Os anos 90 foram ricos em música: longe de mim afirmar o contrário, não fóssemos nós um povo de cantores. Mas faltou-lhe construir o alicerce para o novo século. Que terá agora de ser construído tardiamente e de cima para baixo: é como se uma vez chegados à chama da Estátua da Liberdade faltasse fazer o braço. E honestamente os Linda Martini não têm cara de empreiteiros e muito menos de novos Ornatos: porque o campeonato musical é diferente nem o senhor Compositor-dos-Linda-Martini-Quem-Quer-Que-Ele-Seja não tem nem a genialidade nem o toque poético de Manuel Cruz. Os LM são uma boa banda, mas ainda não são AQUELES de quem se vai faalr, apesar de serem aqueles de quem se fala.
Há outra banda de quem se fala, o que vem dar um pouco de controvérisa no meio de isto tudo. Moonspell. Não é o som da moda, não é a música da pinta, mas é a banda que stá na berra, porque berra. E muito. E forte e feio.Mas Moonspell confunde as contas todas, porque não são uns jovens promissores, mas uns veteranos de guerra ignorados pelo Governo no pós-Ultramar (acho que a metáfora está bem conseguida) e que por motivos diversos, e por recolher uma estranha forma de simpatia da nova geração do grande público, vê o carisma aumentar a cada dia que passa. Que outra banda de metal teria aceite fazer aquele cover do Noddy, sabendo que iam piorar a imagem ridicula que as pessoas têm deles? Aacabando por, não obstante, se tornar um sucesso. Moonspeel, dificilmente marcarão esta década "rockamente" falando, mas tem a faca e o queijo na mão para o fazer. Pena é o seu campeonato ser absolutamente diferente. Ninguém esquece toda uma carreira de oportunidades negadas em solo pátrio, que se tenha contribuído para a sua difusão.

Deixei-me levar pelo tema. E acho que há ainda muito por explorar. Sem dúvida e sem dúvida haverão conteúdos contraditórios lá para o meio. E pode ainda ser que eu esteja a ser pura e simplesmente precipitado. Talvez ainda não estejamos suficientemente distantes de nós próprios para julgarmos a nossa cultura e como é que afinal a música que ouvimos e fazemos é disso relexo. O tempo o dirá. Mas diz-me algo, que o malfado eterno prometido cd de Ornatos responderia a muita coisa. Uma nova quimera tão longinqua como a prometida e abençoada terra de Bandung.

domingo, dezembro 10, 2006

Bandung e os Não Alinhados

Política de Não Alinhamento, caríssimos. Não Alinhamento ou na linguagem comum, Desalinhamento.
Foi o que motivou países terceiro mundistas, com uma mão atrás e outra à frente a "Não alinhar". Nem numa linha azul nem numa vermelha. Nem a foice e o martelo nem as estrelas e as riscas. E porquê? Porque pura e simplesmente Não. Não, Não e porque Não.
"Não Alinhamos" terão dito "porque Não queremos". Não começaram uma guerra que Não queriam. Guerra que muito menos queriam ganhar. E ainda menos perder.
Limitaram-se a recusar e a resistir. No plano teórico. No plano prático, a Guerra Desalinhada perdeu contra a Guerra Fria. Mas ainda assim manteve-se desalinhada. Quando a frieza derreteu, muitos continuaram fora das 4 linhas do Ocidente. E a ONU serviu de palanque, para rebeldes sem causa e sem casa, cantarem de galo por uma liberdade que Não têm, e que em seu território calam, isto quando desalinhados do desalinhamento que Não os alinhados lhes tiram o pio e põe outros a cantar.
E este espectáculo de punk de karaoke começou em Bandung. Quem era pobre e miserável continuou pobre e miserável. Mas impuseram-se a sê-lo com orgulho. Contra tudo e contra todos. Mesmo, com ingratidão. Com um nariz erguido que Não têm e disseram "Não! Somos o espelho da desgraça deste mundo, da sua corrupção e dos seus vícios, mas Não seremos a seu ideal para o futuro."
E quem diz "Não" é porque "Não", e Não porque Não convém dizer "talvez". E ser politicamente correcto e ir na linha do seguimento de algo que Não queremos para ninguém.
Os Não Alinhados podem Não ter feito nada de especial, mas quiseram que algo se fizesse. Podem ter tido muita garganta, mas cantaram bem.
E é tão doce a canção da liberdade.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Só dói a 1ª vez

Caras pessoas,
tendo em conta que as minhas vindas à internet se tornam cada vez mais raras, e mesmo quando acontecem pouco tempo durarem, tenho disposto de pouco tempo para postar nos meus outros ah... 4 blogs? Enfim, tenho a mania que sou bem falante e com algo a dizer nesta vida. Por isso, para júbilo dos meus fãs (a minha gata e os meus transformers) decidi criar este blog, sem compromisso, sem nenhum objectivo em concreto. Resumindo, criei por criar. Tendo agora como todo o bom criador descansar ao sétimo dia. Vou tentar ser mais assíduo nas postagens, porque para todos os efeitos gosto de escrever umas cenas manhosas, coisa que não tenho feito nos últimos tempos e talvez este novo blog me motive de alguma forma.

Bom despeço-me com amizade.

Merci Optimus!