a conclusão é a de que (o diagnóstico no fim do jogo) a música não resolve nada. intoxicamo-nos com ela. e nada. consumimos uma atrás de outra como se fosse uma garrafa de cerveja de marca branca de uma sucursal de um supermercado qualquer, e nada. deixamo-nos inebriar, deixamo-nos marinar, tentamos revoltar mas voltamos á posição inicial sentada. quieta, e nada, sentada. procuramos beleza nas pequenas coisas da vida. num suspiro sintetizamos, como num power point a razão de ser, relação e resultado da nossa angústia e expômo-la em cerca de 142 caracteres numa parede, num ecrã, num museu, num braço, numa ferida, o suporte material sempre foi o menos importante nestas matérias. assumimo-nos viciados num vício que vamos começar a alimentar no instante seguinte, a uma assembleia de apoio, viciados como nós que não se podia estar mais a cagar para o nosso desabafo porque a bebida dos seus copos não se enche sozinha, nem tolera um 'estou morto' de quem está bem vivo. assumimo-nos tabagistas, travestis, putas, vendidos, consumidores intelectuais em 3ª mão, simuladores de vanguarda na província, cínicos capitalistas de bairro, frustrados com gravatas de empresário, advogados. médicos. engenheiros. agrafamos títulos á nossa borbulhosa cara de miúdo. e dizemos de copo vazio bem alto que somos felizes. não podíamos estar mais felizes. mil e uma viagens, mil e um carros, mil e um títulos de campeão nacional na berlinda, no bolso, no pescoço e no coração. e repetindo essa felicidade varremos sozinhos os cacos desse copo febril de festejo, ás 6 da madrugada de um domingo, de vassoura velha e apanhador lascado, do chão. medindo bem a grossura dos calos, a nossa felicidade, ainda que anestesiada com música quedou-se ao nível de uma má disposição provocada por uma refeição barata que umas águas das pedras não foram capazes de resolver.