quarta-feira, fevereiro 29, 2012

A dor. Chegamos ao pé da dor, olhamos para a direita e vemos dor, olhamos para a esquerda e vemos dor. Dor. A dor não parece ter nem princípio nem fim, a dor. A dor é como uma estrada, infinita e nós esperamos à sua berma. Esperamos passá-la. Atravessá-la. Mas a dor, a dor trucida, a dor atropela, a dor mata, só pelo terror da espera, que não tem nem princípio nem fim. A dor. A imensurável dor, funda, que aguarda o nosso passo desde a nossa chegada. A dor. A dor, que é como uma estrada infinita, e aguarda a nossa passagem, aguarda a nossa vontade de ultrapassagem, que mais não é do que cruzar a dor, que não tem princípio nem fim, e deixá-la para trás das costas. A dor, que até esse momento, nunca começa nem nunca acaba.

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

i know... you know...


"I know, you know
I can run you down, I can never tire
I know, you know
Nobody wants to get burned by a liar

I know, I know
I'm a number one victim, I'm a number one son
I know, I know
I'm draggin' you down, I'm draggin' you under!"

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

A Mulher da Loja de Ouro

Fechada entre 4 paredes, ela fazia o ganha pão de muita gente; alapada erguia muitas mais 4 paredes, clones daquela, ao pormenor, em muitos mais lados, com muitas mais como ela, alapadas, prontas a erguer outras tantas 4 paredes, em tantos outros lados. À frente, a mesa, atrás a imagem de nosso senhor jesus dinheiro, um quadro pechisbeque de um euro, como se quem entrasse na merda daquela garagem não soubesse já ao que ia, não soubesse por que ia ou pelo que com que dali queria ir. Estes cabrões gananciosos são todos iguais. Não há doutrinas, nem ensinamentos, nem ideologias, nem mandamentos, nem crenças, nem manias na hora de entrar mais dourado que uma caixa de pescado e sair mais forrado que um casaco de penas. Todos, todos silenciosos e ponderados, calculavam a passos rápidos o que negociar diante dela, rápido, àquela mesa de negócio, pequenina, que mais lhes parecia uma mesa de talho ou de operações, só que enfeitada com uma calculadora ao invés de bisturis ou cutelos. Mas nas mãos dela, aquela calculadora também podia ditar a carnificina. Ou apagar uma. Entre as 4 paredes nunca se ouvia um pio. Nem o capanga que a menos de meio metro da parede atrás dela lhe protegia as costas de qualquer cabrão que se quisesse auto-promover a gringo. Mas tranquilo, até o capanga relaxava, dormia, comia ou pinava, ou o que quer que fosse que fazia lá atrás. A escória queria-a viva, claro, e bem viva, para lhes trocar o ourinho. Depois já se sabia. Chegava as 18h, ela fechava o tasco, fazia de conta que o capanga não existia, ia buscar os putos ao infantário e ia para casa fazer o comer.

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Tire Me

eles bem tentaram. deixaram-me às tiras. por sorte, não engoli as tripas do chão que me beijaram. eles esperaram que fosse o coração. por onde andaram a passear o seu verão. estou cansado, e os dias passam por mim, desfeito, os raios de sol passam por mim, são caços por outros caçadores, que passados por mim, prosseguiram. eles bem tentaram. eu bem tentei. os dias bem passaram mas eu não emigrei. os continentes bem desalinharam, como eu sonhava, mas eu fiquei. fatiado, mas fiquei, alinhado. bem sei, o sol queimará mais forte de ora em diante, logo é cedo para a fatiga. para o objectivo que desobriga de ficar. e continuar, cansado, num tempo sem tempo, a olhar para um passado sem ninguém senão sombras da memória límpida que construí e me prende, contra o vento, os trapos do corpo.


noise field from xgabberx on Vimeo.

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Pedal Against The Wind



"Warm demands coming close
I know I'm stained with fear
And that scares me the most
I don't quite stare but I insist
It hasn't affected me and I'm not letting in
I escape the bullet
Nightmares to follow
Will I dare to follow
Hold my wine it's dripping sin
The red is collecting me and its numbing fear
I'm not running scared
I'll sing right through it all
Thinking the words to this song
Hold on, hold on
Midnight's alarming
These streets are calling
We'll ride them all night
I'll make it alright
I escape the bullet
Nightmares to follow
Will I dare to follow

I escape the past
Deliver us."

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

HIT'EM HIGH!



Não há dinheiro que pague o desconsolo de não saber a quem emprestei a VHS do "Space Jam". E não há tempo que apague as memórias de um tempo em que o básquete dava a primeira ratada ao futebol, no imaginário infantil. No básquete podia dar-se porrada como no "Space Jam", diziam os meus colegas. O Michael Jordan era Rei. Todos queriam equipamentos de básquete. Havia aquele sortudo que tinha o cd da banda sonora, com meia cara do Bugs Bunny e outra meia do Jordan (o cabrão do puto que tinha sempre tudo o que os outros putos queriam) e ainda havia aqueles que tinham arranjado os brinquedos oficiais, apesar de oficialmente, já nenhum de nós gostar de brinquedos.


"We want it all (want it all!)
Unstoppable, we run the floor (run the floor!)
You can't take none of this hardcore (hardcore!)
In the game we take you to war (war!)
You ain't seen nothin' like this before!

If I hit 'em high, hit 'em high, hit 'em high!
And you hit 'em low, hit 'em low, hit 'em low!
If I hit 'em high, hit 'em high, hit 'em high!
And you hit 'em low, hit 'em low, hit 'em low!
"

e raiva contra a maquinaria chunga continua

domingo, fevereiro 12, 2012

Aqui Jaz A Minha Casa

Aqui Jaz a Minha Casa - Here Rests My Home from Jose Lemos on Vimeo.



Com os melhores cumprimentos da Indústria Rock, que já tinham demonstrado em "Himalaias: Viagem dos Jesuítas Portugueses", que passou na RTP, que os homens do Vale do Sousa têm ouvido para a coisa.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

search:frank:nefasto

por debaixo de uma fina e polida camada de ikea apareço eu, recambiado para o mercado de inverno, ao granizo e regelo pulmonares, retocado por mensagens subliminares, mas, sem dúvida, lá. procurem-me, na net que vos pariu, e a resposta está como eu estou: lá. irascível. incontornável. o mais honesto. o mais humilde.
descartável.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

like a monkey in a zoo!

Os Robot Orchestra voltaram aos álbuns com "...Now We Can Walk", depois do mágico "Disorder Of Colors" de 2009. Não há como ignorar e não partilhar estes par de franceses, que ao contrário dos seus governantes, ainda nos dão umas quantas alegrias. "Zoo" é uma malha que decerto vai entrar na ost do meu dia a dia nos próximos tempos.