quarta-feira, maio 02, 2007

nocturna

À sombra recortada de uma árvore, a ver lá ao fundo a estrada a passar.
Aguardando uma qualquer noite que nos cubra qual cobertor e nos arrefeça, com o nosso próprio frio e o nosso medo. Que nos aterrorize lá bem ao fundo. Nos conte um segredo, que sabe que enlouqueceremos a tentar guardar. Essa àrvore será a testemunha do que as estrelas irão testemunhar. Mil olhos perantes nós e o resto. E o resto debaixo de nós. E a voz que não se solta, não fala. Assim se quer um segredo mal amado: bem guardado. Trancado a sete chaves.
Nada se quer. Não há sequer outra árvore para onde fugir. Sozinho com o todo. O caminho todo, sem rumo. Nem aprumo. A noite assim o disse e não o dirá de outra forma a quem não a preferisse. Entristece. Entristeçamos. É este sítio o sítio para onde vamos. Acaba aqui. Não acaba agora. Façamos o que temos de fazer mais e esperar a nossa hora.

"Gone away
My heart's gone away
Taking everything
My heart's gone away
Take it now!"

2 comentários:

Clara Mafalda disse...

nunca se está sozinho quando se tem uma árvore.
*

mar disse...

Não sei se o meu amor é passageiro,
Outros haverão
Como se soubessem de que falo.
Tonto!
Um tonto eu serei assim,
Resta-me este momento meu.
Na minha vida só sei que
Ando à toa!


para ti*