um fusil com
balas de insulto pede-me
a pontaria certa para a queda.
a ferida entreaberta que desce o corpo,
atabalhoadamente,
sem cores, talvez rubra,
talvez não, chama-me.
doem-me as mortes, até as verdadeiras.
como se fossem falsas,
como se me agonizassem sem que eu peça que mintam.
são mentira, as balas de insulto, de fel insulto.
é mentira a arma com que se dispara a emoção, ou as rajadas de emoção.
a inércia dá à costa, e as lágrimas dispõem-se em areal para a receber.
então eu marco um lanche na minha agenda.
um lanche comigo mesmo, ao qual não chegarei a tempo.
tenho fome, tenho fome de um fusil de verdade.
- Nuno Travanca
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