"Este funcionamento silencioso, comparável ao de Deus, provoca toda a espécie de conjecturas. Uma abominavelmente insinua que há já séculos que não existe a Companhia e que a sagrada desordem das nossas vidas é puramente hereditária, tradicional; outra julga-a eterna e ensina que perdurará até à última noite, quando o último deus aniquilar o mundo. Outra ainda que declara que a Companhia é omnipotente, mas que só tem influência sobre coisas minúsculas: o piar de uma ave, as cambiantes de penugem e da poeira, os meios sonhos da madrugada. Outra, pela boca de heresiarcas, que nunca existiu nem existirá. Outra, não menos ignominiosa, considera que é indiferente afirmar ou negar a realidade da tenebrosa corporação, porque a Babilónia não é outra coisa senão um infinito jogo de acasos."
retirado de "A Lotaria da Babilónia", de Jorge Luís Borges
(a ouvir: Providence - Godspeed You Black Emperor!)
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