quarta-feira, janeiro 06, 2010

needle

amanhecia numa malograda tchetchênia. um sol branco sem nome rendia a paz armada da noite. o mundo simulava normalidade. e o medo era os universais bom dia e como passou. crianças limpavam brinquedos para uma nova batalha. a guerra era ninguém as ouvir. a guerra era a inutilidade do grito mais bramido. a guerra era o despojo de um russo longe de casa. todo o sentido daquilo estava nas casas e na poeira do chão que o frio nunca abandonava. as mãos gretadas, contrastando com luvas ensanguentadas eram a única revolta daquele secular círculo vicioso que já nem os sábios sabiam distinguir quando começara. mas que, os mesmos sábios sabiam, ir repetir-se prolongado, quantos mais meios dias de fins de tréguas fulminassem aquele sol que quando nascia era para todos e que quando chegava ao pico era só para os que continuassem de pé.

2 comentários:

Joana Banana disse...

há sempre uma sombra ou o seu desejo no sol a pico. e desejos de grandeza pelo chão fora

Francisco disse...

o final está muito muito bom!