quarta-feira, setembro 07, 2016

o inamovível sono


imagina: o bintoito dorme todo; até há pouco eu dormia também; acordar nesta casa é como nascer num mundo pós-apocalíptico; é domingo e ninguém fica numa residência universitária num domingo; é suposto almoçar, prolongar a minha vida para o futuro, mas a ressaca afunda o meu corpo na cama; o sol brilha pela janela em tom convidativo, sedutor, e só um passo incauto fora de paredes basta para  ele me avassalar com todo o peso da sua luz; é verão; a radiação do calor ferve as nossas inamovíveis células falidas e falecidas; a terra gira devagar; eu não durmo e eu não acordo; eu espero por ti para deitar a minha cabeça no teu colo; fechar os olhos até estas sensações se cristalizarem no real.
no verão, os domingos à tarde no bintoito, costumavam saber assim.

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Bukan Saya disse...
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