sábado, setembro 17, 2016

oblivion

a música anda apaixonada pelo espaço sideral, não anda? tem explorado sonoridades e combinações delas que proporcionem aos ouvintes uma sensação, palpável, de os soltar, em câmara lenta numa fofa cama de vazio, que à medida que os envolve os arrefece como uma noite de fim de verão. ao mesmo tempo acende no bréu do céu, primeiro uma, depois duas, quatro, dezenas e profusas centenas de estrelas, auras e auroras boreais. quando uma música consegue este efeito, sequencia e prolonga sons vagos na medida certa, prende de gancho e leva-nos azimutes fora. essas viagens valem a pena o bilhete. talvez porque o abismo puxa-nos sempre. tão tentador quanto aterrador. e eu não me recordo de nada mais abismal do que o nada absoluto.

Um comentário:

Bukan Saya disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.