eu podia apenas ser outro bandido. mais um diabo sem tecto, que rouba carros por desporto, vai às putas e não lhes entrega dinheiro para os alimentos dos filhos.
mas eu não. a minha mãe era uma santa, deu-me boa educação e fiz o nono ano.
nunca recusei um copo de água a ninguém, estendi sempre um braço a todos os amigos, colegas e conhecidos. estarrecidos, prometiam-me a presidência da junta.
e eu sabia-me destinado a grandes feitos.
as mulheres segredavam-mo no leito. a minha mãe rezava por mim.
portanto, não seria o guarda, a quem estoirei os miolos, quem me desviaria do meu caminho.
nem a puta que me ameaçou com o tribunal, quando lhe desfiz a cara à chapada.
nem quando o país me renegou, e a imprensa colou o meu nome nas manchetes de todo o mundo.
mesmo quando o próprio papa me acusou de ser o próprio diabo,
eu parei de apagar incêndios com gasolina.
no fundo, não entendo
como pode uma vontade deste tamanho,
uma insubmissão sem nome ou credo,
ser uma coisa má
ou coisa que deva calar?
filhos da mãe. filhos da puta.
mato-os a todos. em todo o lado.
"E às vezes dou por mim
A queimar as janelas
Se ninguém me quer assim
E amo os maridos delas
Me acusem de pecados
Que me chamem nomes feios
Nos solteiros encalhados
Tenho eu os bolsos cheios"
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