como um vampiro, vivo em contra-ciclo com a vida e tudo o que pertence à claridade. sou arrastado, em correntes, pelas circunstâncias para as lides diurnas e torturado com a visão de felicidades suculentas, que dão sal a esta miserável existência. levo tudo o que posso para me aguentar à noite, porque também o meu coração funciona em contra-ciclo, e eu vou precisar mais de companhia quando estiver mais solitário, o meu cérebro vai explodir em raciocínios impulsionados pelos temas mais vazios. o meu pulso nunca treme, quando não há ninguém para o dobrar. nunca me falta silêncio quando tenho discursos acumulados até ao esófago.
mas acredito no poder da solidão como a minha constante universal privada, e que posso usar como medida de quase todas as coisas que me dizem respeito. tendo assegurado, como assegurei, o regresso a uma bem doseada e revigorante solidão, começo a crer no alívio da carga tormentosa na hora de fazer o que é certo na hora errada.
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