09 de Fevereiro. O dia amanhece antes de nascer, o que só acontece depois do sol se pôr. Como quando nos juntávamos para celebrar o teu nascimento. Celebrá-lo-ei sempre, e não o aniversário da tua partida, precisamente um mês depois de a parabenizarmos a ela, que ainda hoje pergunta por ti e quando te vais deixar de brincadeiras e regressar a casa.
Sabes? Nós não importamos. Ninguém importa ou se importa. E é uma merda que já não possa ir para o monte encenar histórias até ao anoitecer, nem tu estejas em casa, a dormitar à minha espera. Não importava que não existisse mais ninguém. Nós chegávamos.
Ficar homem não é tão difícil quanto pensava, mas dói muito. Ter medo, dói muito. Apesar de me teres dito que não havia mal nenhum em ter-se medo, que toda a gente tinha. Que tu tinhas. Eu não queria ter medo, e por isso entrava pelo mar bravo adentro, a desafiar as ondas capazes de me derrubar.
Nos dias que correm, acho que nunca houve tantos medrosos como agora. Já não somos só nós. E os loucos que desafiam a natureza, rapidamente se arrependem, porque não têm ninguém que os arraste pela mão, do mar para fora. Do lado de lá da praia, há os que se escaparam a escolher, e se divertem com a indecisão de quem como nós, ficou pelo caminho, no areal. A fazer o melhor que podem.
Pelo caminho, a meio, é onde quero fazer a minha casa. O mais perto possível da saudade que tenho de ti.
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