a arte ou imita a vida ou não imita merda nenhuma.
já a vida é uma conta de somar
de circunstâncias mais sensibilidade, ou falta dela.
traumas enlegados em cima de traumas,
de ódios de estimação e amores a camisolas.
a vida é
uma puta duma confusão, portanto.
nos dias de hoje, a arte comanda os sonhos
e os sonhos, já se sabe, comandam a vida.
mas antigamente, no tempo que hoje desculpamos
sempre! o que é hoje indesculpável,
a vida era comandada por ambições,
legados,
sobrevivência,
ou pura mesquinhez,
que se podia rectificar no Santíssimo Sacramento
ou no tasco com bagaços, ambos ao Domingo.
vai daí, a geração mais bem formada de sempre,
os nativos da era digital,
ou outro palavrão qualquer
que nos colem nas costas,
tem de psicanalisar o caralho destes restos analógicos,
destas heranças de moralismo jacentes
na psique colectiva lusitana,
de que alguns cantautores conseguem sacar hits,
mas nenhum consegue exorcizar.
netos duma sociedade fascista falida
a renderizar numa quarta dimensão
movida a vapor de lítio de grandes conglomerados,
definhamos com peste, que nem medievos.
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