This is prophylaxis, a practiced absence, a safer distance.
He is a fine clinician to diagnose this, a sound decision.
This is a family practice, it's anesthetic, it's nonreactive.
This is a termination, a fine resemblance, but no relation.
segunda-feira, dezembro 31, 2012
"Far over the misty mountains cold.
To dungeons deep, and caverns old.
The pines were roaring on the height.
The winds were moaning in the night.
The fire was red, it flaming spread.
The trees like torches blazed with light."
Da frigideira para a fogueira ou num buraco do mais acolhedor que há,
Emboscado, em pânico, a céu aberto ou perdido, para sempre, na treva total,
Irmanado ou sozinho,
Com ou sem esperança,
A estrada volta sempre à porta onde tudo começou,
Numa nova aventura.
E as aventuras chegam sempre na hora em que é suposto chegarem,
(20/07/2012: Baroness @ Milhões de Festa, Barcelos)
E é isto que eu sinto,
(17/08/2012: Ornatos Violeta @ EDP Paredes de Coura)
Vês no meu sorriso
(01/09/2012: A Naifa @ Noites Ritual, Porto)
Quando canto,
(15/09/2012: Filho da Mãe @ Miss OPO, Optimus D'Bandada, Porto)
Quando crio."
(este ano, a barriga musical foi tirada de misérias, refastelou-se e até se deu a luxos de não ir a alguns imperdíveis, só pra manter a velha máxima de que não se pode ir a todas. os concertos não são tudo mas dão o colorido e a alegria que são precisos como nunca. as pessoas e os momentos esses exorcizam demónios, impulsionam a instrospecção, dão sentido, fornecem histórias: das chuvadadas, do europeu do futebol, do carvão das feveras, das concertadas a meio da semana, das primeiras filas, dos abraços emocionados aos artistas. ou não fosse a música amor, e "sem medo, o amor é livre, essencial")
segunda-feira, dezembro 17, 2012
"PROMESSA
Não desanimes por me veres ao lado Triste como um ribeiro que secou. Isto passa, Podes ter a certeza. Basta o degelo começar... O poeta é uma graça Da natureza: Há-de sempre cantar. Arranja pois os jarros de alegria, E vai sorrindo já dos meus desleixos... Eu volto a rolar seixos Qualquer dia."
com convite ou sem convite, necessário reservar com antecedência e levar casaco para a neve. Lá dentro não é preciso, mas para estar fora da sala talvez seja.
Entradas limitadas às 82 pessoas mais os artistas de variedades.
Convite pré-venda - 5 Fins-do-mundo com direito a uma mini ou copo de plástico com bebida.
No dia é mais caro mas é bom na mesma.
Os convites tem mensagens de auto-ajuda redigidas pelo mestre da auto-ajuda didática Telmo Pinto.
nesta nova espécie de Estado (Pós-Estado a que isto chegou): um Estado nada social, pouco democrático e do possível Direito, há extremos de opinião que nos deviam preocupar a todos. por um lado temos pessoas que não se coibem de arremessar pedras da calçada sem olhar bem a quem, sem parecer sequer saber bem contra quem se dirige essa agressão. entre o desespero, a vontade de responder com violência física à violência económica, puro vandalismo, auto-defesa, etc, cada um encontrará a explicação que julgar mais esclarecedora, ou só mais conveniente. quanto aos do outro lado da barricada, estão os que cumprem ordens, de superiores, de comités internos, de colégios externos, de um eleitorado (imaginado, suponho). destas bandas, o discurso é mais polido, menos inflamado (como se isso fosse sinónimo de razão), mais legitimador, paternalista, moralista. no fundo, a defender a sua bitola, e a sua sardinha na brasa. o que é inadmissível é considerarem-se situações em planos semelhantes. que alguém que arrisca um emprego, para se ir manifestar se tenha de sujeitar a levar um enxerto de porrada por algo que não fez, a ser gravado pelas forças de segurança ao arrepio de todas as demais garantias de privacidade existentes na Lei e na Constituição, seja privada das demais garantias de um processo penal, cuja abertura é fruto de décadas e séculos de luta contra o livre arbítrio das autoridades na aplicação da justiça. no fundo, só o facto de quem de Direito considerar que a força justifica alguma coisa, já parte em erro. e não fosse uma série de medidas tomadas noutras manifestações bem mais pacíficas, talvez não tivéssemos assistido ao escalar de violência que vamos assistindo (quem não se lembra dos jornalistas espancados?). um acto dum desesperado será sempre um acto dum desesperado. talvez devesse haver mais preocupação com a proliferação de desesperados. agora se as forças de segurança são geridas por desesperados, e o Estado de Direito é um Estado de Sítio, onde vale tudo, e ninguém nos alertou, então não há troika, nem renegociação da dívida que nos salve, pois estamos entregues ao pior da bestialidade que há em nós sem nenhuma razão ou serenidade que a encabece.
"Something kinda sad about the way that things have come to be. Desensitized to everything. What became of subtlety? How can this mean anything to me If I really don't feel a thing at all? I’ll keep digging ‘till I feel something. Elbow deep inside the borderline. Show me that you love me and that we belong together. Shoulder deep within the borderline. Relax. Turn around and take my hand."
sexta-feira, novembro 02, 2012
fazemos peito, cerramos punhos, rangemos dentes, sorrimos ao apocalipse e vamos.
mandamos bocas, distribuímos abraços, levantamos a cabeça, olhamos os outros e continuamos.
deixamo-nos estar, amaldiçoamos o ficar, morremos mais um pouco, mas mais devagar e vivemos.
não há mais palavras de ordem para gritar, só slogans ocos dentro da boca.
somos uma caricatura da imagem que ostentávamos e queríamos crer que os outros admiravam.
Devil walked away from a banging trip to Mozambique
Help me outta this!"
quinta-feira, outubro 04, 2012
"Light: Even a fool is going to notice that somebody is bumping off the bad guys. I'm going to make the world know I'm here...that somebody is passing righteous judgement on them! And then nobody will commit crimes anymore. The world will start to become a better place. And while people who obviously deserve to be punished are dying of heart attacks...I'll gradually be killing off immoral people and people who harass others, through illness and accidents. Even that will eventually be noticed by the idiot masses. They'll realize they'll die if they don't change their ways... I'll make this a world inhabited only by people I decide are good!
Ryuk: You do something like that, the only one left with a bad personality will be you...
Light: What are you talking about, Ryuk? I'm a serious,straight-A student...a model teenager and I..will reign over a new world!"
O meu sonho alucinado Só sei que o meu desejo Era não ter acordado. Em dois mil e quatro Euro a bombar, Era rei dos estádios Iam lá pra me apoiar. Gritavam por mim A sua salvação No país em convulsão Era ás e campeão Garinas o guito A fama e o sucesso O caso exemplar No país do retrocesso
No meu sonho era o Figo Tinha o guito e a modelo No centro de emprego Acordei pro pesadelo
Não jogo no Real A conta está a zero Mulher de bigode A meu lado, o pesadelo. Sem contrato milionário Ou Euros pra beber No Portugal afundado Só me resta é morrer. Não entro no estádio Nem um jogo posso ver Carreguei muito cimento Ajudei-o a erguer. Vida sem dinheiro Filhos pra sustentar, De repente acordo O jogo vai terminar No meu sonho era o Figo
Tinha o guito e a modelo No centro de emprego Acordei pro pesadelo."
P.S.: Sonhos que nem às paredes confesso (estão num túmulo de cimento que o meu subconsciente chapou no tecto), dão felicidade de beber uma noite inteira, deixam o passado em estado de bebedeira, com uma felicidade nostálgica que nunca existiu, e que os nossos ossos, tristes, sabem que não existirá nunca mais.
quinta-feira, setembro 27, 2012
"I'm a nice dude, with some nice dreams
See these ice cubes, see these Ice Creams?"
outono & pausa no alerta do cheiro a incêndio.
brisa fresca (tipo mar), terra molhada da rega,
vinha fértil, figos a apodrecer no ar.
o relógio biológico dos autóctones mete férias,
exige vinho doce e sopa seca. como gente grande.
os homens das gravatas não entenderam assim,
marcaram tudo ao contrário.
agora são sombras em vez de homens,
marrecas pela responsabilidade das circunstâncias,
enquanto o verão é reciclado, como sempre,
mas sem vigor.
Olho em volta, e todos os outros, sentados como eu, olham para ti cirscunpectos, acinzentados. Parecem atentos, concentrados, executando quase na perfeição uma coreografia macabra de impavidez, ao som da banda-sonora da tua voz. Olho em volta, não entendo nada.
Tiro a tampa da caneta, volto a pô-la. Remexo a caneta na mão, tiro a tampa da caneta, sarrabisco as folhas brancas dos apontamentos, volto a pô-a. Simulo uma bateria muda com os pés, foco os olhos nos movimentos dos teus lábios, cantarolo uma canção dentro da boca, espero que me elucides. Mas não entendo nada.
Tu partes de pressupostos correctos. A tua análise é assertiva, e as tuas conclusões abragentes. Por isso, a culpa terá de morar na tua exposição. Ferida de morte com a gangrena do fastio. Olho em volta e não quero ser nenhum dos outros, que estão sentados a ouvir-te como eu. Olho para ti, e espero luz, mas apenas acendes velas, com a maior tranquilidade, no meio da trovoada da meia-noite.
"O milagre que espero está-se a demorar muito. Bate o carteiro à porta, o coração dá-me um baque, mas são prospectos; vejo um livro novo nas montras, abro-o com sofreguidão, mas é palha trilhada; o grito do rapaz dos jornais entra pelos buracos da casa, corro à janela cheia de curiosidade, e são discursos que leio. Apesar disso a esperança continua, porque não posso viver sem esperança, e quero viver. Não se vem ao mundo para morrer às mãos dum carteiro, dum literato ou dum político. Chega-se aqui com o alto destino pessoal de preencher um lugar onde nenhum outro ser vivo nos pode rigorosamente substituir. A nossa mobilidade dá-nos a ilusão contrária, de que nem estamos nem somos fatais em sítio algum. E eu, pequeno arbusto que deambula, não fujo à regra. Aguardo a cada instante uma aventura. Mas a minha grande façanha sou eu próprio a lutar neste quotidiano, a dar uma flor entre os espinhos, a ocupar o meu espaço com a diligência com que um bicho qualquer ocupa o seu."
- Miguel Torga
terça-feira, setembro 11, 2012
Tirar do sério - a seriedade foi-se. arrancaram-ma. ignorei o agressor. dedico-me a tráfico de negros, comércio de prostituas menores de idade e crimes de colarinho branco. chamaram-me a exame, fiz continência e nenhuma pergunta tinha valores como método para acertar na resposta. em todos os dias seguintes sou chamado a exames semelhantes. a seriedade foi-se. resta a bestialidade infinita de dar a solução a qualquer desafio, como golpes para k. o. em lutas de vida ou morte.
Ficar cego - off. não stand by, off. um ecrã que exibia as cores da realidade e que agora é todo preto. um céu que indicava o caminho para as estrelas, só sendo precisa a serenidade dos sábios para unir os pontos e descobrir o caminho, varrido. escuro. sugado. vazio. o discernimento feito o antónimo do abandono. abandonado, por a mais b se chega a uma retaliação sem nome e esquizofrénica contra todas as direcções humanamente perceptíveis.
Tiveste os teus momentos altos, tiveste os teus momentos baixos. Havia alturas que para te arrancar uma boa jogada, um passe, ou uma descida à defesa era preciso acenar-te com uma cenoura qualquer. E ano após ano foste ficando, mesmo quando eras como sempre foste, um activo para vender. Até nos vingares ao Benfica, nos conseguires a Liga Europa e aguentares o barco que o ano passado esteve prestes a afundar. Vamos sentir saudades tuas, Incrível. E inveja da tua conta bancária.
quarta-feira, agosto 29, 2012
"1
It keeps growing
And i can feel it breathe
I have been trying
To behave myself
It keeps growing
And i can feel it breathe
I have been trying
To tolerate you
2
Well i am reaching the point
Yeah yeah yeah yeah yeah yeah yeah
3
I thought maybe
I thought this would go away
But it continues
The only constant
Every day
Stronger
4
I will use my voice
And i will use my fist
To destroy
Everything i can
5
Now i know
What this is all about
Now i know
Exactly what i am
6
These is a seed
Inside of me
That makes me"
um perigo iminente. irresponsável. súbito. altamente inflamável. composto por tudo o que possui aquilo a que chamamos bomba. as fibras do meu corpo estão retesadas. os depósitos da minha compreensão estão cheios. os travões da minha fúria estão perros. continuo a ser inveterada e reiteradamente o mesmo, cheio de raiva, mas polarizado ao contrário. como carvão e diamante. como mãos que salvam e matam. desafiar sem confiança, enfurecido. ser temerário uma única vez e prolongar essa vez para sempre. ganhar ou morrer. bater mal.
As parangonas chocam pela verdade que transmitem: maior êxodo de portugueses desde os anos 60. A tal altura em que uma ditadura amordaçava vozes e com a mesma eficácia tirava o pão das gentes. A História. ensina-nos que nunca aprendemos com a História, vai daí a história repetir-se. E se não nos dividimos como há duzentos anos atrás entre dois lados de barricadas ideológicas em batalhas fraticidas sangrentas, dividimo-nos entre os que partem e os que ficam. Como nesses tais anos 60. Irmãos a querer sair e outros a querer e não poder. Uns contra a vontade a fazer malas e a meter-se nos aviões mais baratos rumo a propostas de emprego. Outros, a agarrar-se com unhas e dentes ás que tiveram porque é "bem bom". No fundo ninguém quer partir, no fundo ninguém quer ficar. Leva-me a pensar se a História não se repetirá em nós daqui a 50 anos, da mesma forma que se repetiu com quem há 50 anos tinha estes dilemas. Os que ficam a esgravatar a melhor forma de sobreviver, a fazer parte de uma nova ordem social (que no que aos cumes e bases diz respeito estará muito provavelmente igual), uma geração falhada porquer teve de abdicar de tudo porque entendeu, finalmente, na pele dramas e sacrifícios de gerações anteriores e por isso quererá dar às gerações vindouras aquilo pelo que as anteriores também batalharam pela sua própria: um futuro, uma saída, bem estar. Os que partem, pensam fazê-lo por pouco tempo, até se ajeitarem, até a tempestade acalmar. Mas isso não é verdade. Nem os verões e natais em que regressarão à "terrinha" vão alterar o facto de que não voltam mais. Quem sabe, darão alegria a festivais e cidades de arredores, da mesma forma que os emigrantes que conhecemos a vida toda dão alegria a arraiais e aldeias sempre que voltam cá para matar saudades, para recordar a juventude imberbe e o tempo irrecuperavelmente perdido que tiveram de passar sem os seus. Nós os que ficamos, os velhos, e eles os que partem, os emigrantes. Nós, os angustiados, a trabalhar num novo Portugal cinzento, eles amargurados de saudades, a fazer visita de médico ano após ano, a tentar trazer de volta algum colorido que lhes ficou da infância. A vida continuando assim-assim, lenta e desinteressante, miúdos a encarnar novamente o ideal do chico-espertismo, nós acostumados e rezingões, os de fora indignados, porque ainda é do seu país que se trata. Um país que é uma bela merda.
"Cry your eyes out A lesson left unlearned I wish I was airborne Then I could watch it turn
They’ve taken everything Hung us out to dry They’ve taken every thing
Playing enemy This is thought control
You’re a greasy little thing You’ll scream before you sing And you make a lot of noise You lied about everything You greasy little thing I got with the program I tried to fall in line I wish I was drowning Then I could watch you burn
They’ve taken everything Hung us out to dry They’ve taken every thing Now you’re. . .
You’re a sneaky little thing You’ll scream before you sing And you make a lot of noise You lied about everything You sneaky little thing When the tide rolls in When the trapdoor starts to swing When the swans have sung I’ll be myself again"
P.S. - et voilá, um dos refrões mais viciantes do ano.
"Vem visitar este canteiro encantado chamado Portugal que apesar de pequeno, tem cá de tudo. Tem auto-estima em falta e fervor nacionalista: Uma das contradições compiladas nesta lista. Este país não é pra velhos, nem novos. Há quem diga que é pra corruptos e preguiçosos. Com uma economia paralela ao mais alto nível, Recebemos bem, pagar pode ser impossível. Mas temos praia e sol, jogadores de futebol, Temos Fátima e fado, temos palavras como o "lol", Temos dívidas, mas temos submarinos no paiol, Temos coração mole, mordemos sempre o anzol Das figuras na TV, shows de realidade, Cus, mamas e cabeças falantes de qualidade. Já não devíamos ter algum juízo com esta idade? Até quando seremos meninos sem maturidade? É o jardim à beira-mar plantado! Ainda vivemos no passado! É o jardim à beira-mar plantado! Ainda vivemos no passado! Portugal tá tolo! Só quer é tinto e bombo, Quando a equipa falha o golo É bronco, parte o tasco todo. Povinho é mesquinho, Invejoso do vizinho, Arranca pão do filho Pa comprar um carro novo. Assassinos ao volante, Bebedeira tá no sangue, Uma veia de azeiteiro Em cada habitante! Vem Família emigrante Dá rambóia da grande, É o patrão lá na aldeia Porque é trolha na France! Desde o tempo antigo, Num navio busque terra nova, A nossa frota troca Sardinha por ganza e coca. No Continente e Ilhas, Tudo mil maravilhas, Esbanja tudo em borga Quando a Troika estiver a milhas. Nesta rua, a revolta é uma festa Compra tudo no estrangeiro O que é Portuga não presta. Já dizia o Primeiro que queria o povo mais pobre, Por nós está tudo bem enquanto houver Super Bock.
É o jardim à beira-mar plantado! Ainda vivemos no passado! É o jardim à beira-mar plantado! Ainda vivemos no passado! É o jardim! Onde a vida vai assim-assim... É o jardim! Onde a vida vai assim-assim... É o jardim! Onde a vida vai assim-assim... É o jardim! Onde a vida vai assim-assim... É o jardim à beira-mar plantado! Nós os jardineiros, pouco preocupados Em defender a sério o seu estado. De modo deliberado, tratado mal, Está tudo roubado, já Resta pouco do que foi o Lusitano passado, mano! Só vejo cactos, faltam flores nos canteiros Os pátios são feitos para manter o staus quo nos pratos certos Cai sempre! É o capital à frente, os financeiros interesses, Que se lixe a gente, que se lixe o povo, que se lixem esses! Esses proxenetas finos, armados até aos dentes Com esquemas e alíneas, roubam tanto, tu nem entendes. Para postar no bar, com fusca ou rusga no lar Sem tusta pra tares calado a deixares o semeado desabrochar. Aqui abunda o adubo e mais nada pode abundar. Já tresanda de há tanto tempo tarem pra nós a cagar. Imagino um futuro como um deserto no quintal, Com um sinal, a dizer "Aqui existiu Portugal"! Ah!
É o jardim à beira-mar plantado! Ainda vivemos no passado! É o jardim à beira-mar plantado! Ainda vivemos no passado! É o jardim! Onde a vida vai assim-assim... É o jardim! Onde a vida vai assim-assim... É o jardim! Onde a vida vai assim-assim... É o jardim! Onde a vida vai assim-assim..."
"We are all soured milk When we look in the mirror, we collapse When our time has come When our finger’s on the trigger, we collapse Arms are flailing Swirling like the poison in the sink
Like the Southern Belle Playing songs of horror Like teeth amongst the grass
Like the bullet shell Whistle and I’ll hum Watch the good folks run
We are all rotten fruit When the pipeline starts to flowing, we collapse When our time has come When the courtyard needs a lynching, we collapse Arms are failing The devil’s in the eye of every man Water and the well A Baptist and a baby Were rolling in the weeds
Keep her spirit well The tarpit daughter’s father Will lay her out to dry."
"The host of the show comes down to collapse on the ground and the crime scene revisits me this body shut down in Bordeaux and the shores of gold coast on the balcony I search for sleep the future has fallen short when the sun sets north and the clouds fall from the mirrored walls
Words speak and choose make sense and lose capsize the tall tale, but always fail words speak and choose, make sense and lose forfeit the tall tale, I always will
The host had his mouth sewn shut all in the name of trust when the blood goes thin, he's given in you can spare us the formal toast the drunken anecdotes from this day on... goes on and on... You know when he falls apart he listens in the dark to the records turn I'll never learn
To set it down you'll set it down you'll set it down
Words speak and choose make sense and lose capsize the tall tale, but always fail words speak and choose, make sense and lose forfeit the tall tale, I always will
To set it down you'll set it down you'll set it down To set it down you'll set it down you'll set it down To set it down
Em Outubro de 2011 divulguei neste blogue a edição do meu primeiro livro, intitulado "X". Uns bons meses depois chegou a hora de fazer a apresentação oficial do dito cujo. Embora me encontrasse um tanto reticente quanto a fazê-lo, concluí que seria a melhor forma de fechar o ciclo que iniciei algures em 2008 quando decidi escrevê-lo. Sem grandes aparatos e sem falsos pretensiosismos, arruma-se o assunto e depois festeja-se com uns copos o último adeus ao tal jovem sonhador e doloroso que já carreguei ao peito.
A apresentação será na Galeria Gabinete, na Rua Alfredo Pereira, em Penafiel, dia 28 de Julho, às 22h, para quem quiser e puder aparecer.
Um dos responsáveis pela minha paixão pela História Portuguesa. Porque mais ninguém falava daqueles tempos longínquos até onde chegavam os horizontes da memória, como ele falava.
"Why don't you ask the kids at Tiananmen Square? Was fashion the reason why they were there? They disguise it, hypnotize it Television made you buy it
I'm just sitting in my car and waiting for my
She's scared that I will take her away from there Dreams that her country left with no one there Mesmerize the simple minded Propaganda leaves us blinded
I'm just sitting in my car and waiting for my girl I'm just sitting in my car and waiting for my girl
I'm just sitting in my car and waiting for my girl I'm just sitting in my car and waiting for my Girl!"
"Turn the lights off, turn the lights off Your daddy better lock up his girl Say a prayer boy, call on the cops 'Cause you ain't gotta run when the music comes on
Board up the doors, the windows And keep your crying under your breath 'Cause I smell a drop of fear in a ten gallon tank And I'm movin' in for the kill Yeah, in the wild kingdom!
You don't live 'til you're ready to die You don't live 'til you're ready to die You don't live 'til you're ready to die You don't live 'til you're ready to die!"
quarta-feira, julho 11, 2012
Preciso de tempo. Preciso de segurar, suster uma porção exacta de tempo. Da mesma forma que, à beira-mar, necessitamos de encher as mãos em concha com areia. Da mesma forma que, no alto do monte, precisamos dos pulmões cheios com ar fresco. É assim que eu preciso de tempo. O tempo todo que puder e fizer sentido eu ter, e não mais do que esse.
Lembro-me de como custou renascer. Iniciar. Lançar o dado pela primeira vez para escolher quem começava a fazer apostas de sorriso aberta e expressão fechada para não denunciar jogo. Lembro-me de passar tormentas, de sobreviver a farras, pensar em que raio de carreira me tinha eu metido enquanto estudava. Lembro-me de procurar em cada rosto uma esperança, nos seus discursos uma inspiração, nos seus feitos uma aventura, e acabar o dia, cansado e desalentado. Lembro-me de quando o início já não o era e até o fim começava a deixar de o ser, prepararam-se outros jogadores para o tabuleiro. Lembro-me de ter ficado chateado, muito chateado mesmo quando emprestei o "Acrobatic Tenement", com um V de volta, e ele não voltava. E quanto voltou nunca percebi muito bem se foi ouvido e amado como eu o ouvi e amei. Mas a ideia de partilhar música paga, compilada, escolhida por mim com os meus sempre foi uma das minhas formas predilectas de dizer a essas pessoas que gosto delas. Lembro-me de quando acabou. De quando tivemos de fazer as malas do nosso futuro. De quando, arrogantes e estúpidos nos achávamos todos prontos para o mercado trabalho, a democracia e o mundo em particular, e empunhamos gravatas. Era apenas outra iniciação. Agora, o mundo secou e com ele a diversidade da criação que floria em mim, e restantes auto-denominados artistas. Turbarões afiam as pressas, eu sei, para me levarem até os ossos. A quem emprestei o "Acrobatic Tenement" e outros companheiros não se fizeram ver num raio de quilómetros desde então. A inicação estava condenada a esta aridez desde o princípio, a do inferno com uma rua de sentido único. Lembro-me de achar que seria bom construir um meio (de sustento) para um fim (de curto prazo) que seria o pão-nosso da felicidade do quotidiano. Temo ser hoje mais céptico do que isso. "Parting contestants never seem to win." Vamos crer que este desalento é apenas mais uma iniciação, que vai sair gorada dentro de meia dúzia de anos, quando alguém devolver o cd que falta.
(leva os nossos ossos dentro de um saco. eles chocalharão quando o sol sorrir ou te quisermos falar. aconchegar-te-ão quando a tua fúria te levar às lágrimas. orfã selvagem e sem terra, comê-la-ás para sentires que a tens, carregar-nos-ás para sentires que te amam. nós, despojos de um mundo destruído, amar-te-emos.)
sexta-feira, junho 29, 2012
(há golos que nos catapultam para a felicidade. há apitos nos abandonam à tristeza. continuam a haver cabeçalhos que cavam a nossa campa. mas continuam a haver imagens que nos arrepiam.)
"Sometimes I don't want to face life Sometimes I feel empty inside But every moment is precious And everyone will turn to dust
Dust myself up and I scream at the sky It's been so hard but I can't let it die Turn my head up, looking at the stars So many years, I still wonder where you are? Dust myself up and I scream at the sky It's been so hard and I ask myself why? Turn my head up, Looking at the sun Waited so long, it's time to move on, move on
Look at the sun, look at the sky Another day, another sign And every moment is precious And everything will turn to dust
Dust myself up and I scream at the sky It's been so hard but I can't let it die Turn my head up, looking at the stars So many years, I still wonder where you are? Dust myself up and I scream at the sky Every day I ask myself why? So much pain pouring from inside Above me I feel the spirit fly."
(a língua preta apodrece nos dentes corroídos de úlceras. tens mentiras reclusas da tua ganância. homem e mulher, santo e besta assistem e riem do teu volte-face. os filhos do macabro morrerão sem saber que o progenitor beijou os pés do Olimpo)
o corpo maciço termina em extremidades frágeis. que se fragmentam quando chocam com a realidade. quando a correm e quando a esmurram. no topo, uma cabeça inexistente, onde deveria existir. como sobrevive é uma incógnita, mas sobrevive. talvez pense com o corpo, talvez sinta com o coração. talvez seja um verdadeiro tanque de sobrevivência. condenado a estilhaçar-se, vezes sem conta, vez após vez, quando choca com a realidade, mantendo inteiro, mas rachado, o núcleo duro. o seu método é o instinto, e não a razão. e por esse instinto reconhece estar condenado pela evolução, pois a evolução, sente-o, faz-se de quem se pode adpatar. e apesar de estar adaptado, não consegue evitar o facto de não ser adaptável. a História, da qual é um produto como a realidade que lhe dilacera os membros, passa por cima de si o seu rolo compressor e não esmagará. deixá-lo-á para trás, maciço, esquecido, amputado e só.
"I can't believe how stupid you must be
To follow everything that you read, hear, and see
You could never walk the path that I walk
You're too afraid of the risk involved because I'm -
TUI, as long as I'm still alive
I live to spite you
Realize that I'm not one of your kind
I'm nothing like you
You shake my hand
Say, "Pleased to meet you"
Look me in the eye
I don't believe you!"
"Break through the undertow, your hands I can't seem to find, Pollution burns my tongue, cough words I can't speak so I
Stop my struggling, then I float to the surface, Fill my lungs with air, then let it out
I give it all, now there's a reason why I sing, So give it all, and it's these reasons that belong to me
Rock bottoms where we live, and still we dig these trenches, To bury ourselves in them, backs breaking under tension
For far too long these voices, muffled by distances, It's time to come to our senses, up from the dirt
We give it all, now there's a reason why I sing, So give it all, and it's these reasons that belong to me
Breathe (breathe), the air we give (give), the life we live (live), our pulses racing distances, (breathe) so wet my tongue (give), break into song (live), through seas of competition
So please believe your eyes, a sacrifice, Is not what we had in our minds, I'm coming home tonight, home tonight
We give it all, now there's a reason why I sing, So give it all, and it's these reasons that belong to me
Today I offer all myself to this I'm living for my dying wish, I give it all, now there's a reason, there's a reason, to give it all"
"This time I'm 'a let it all come out. This time I'm 'a stand up and shout. I'm 'a do things my way. It's my way. My way, or the highway! Someday you'll see things my way (...) And if my day keeps going this way, I just might Break something tonight. I pack a chainsaw. I'll skin your ass raw. And if my day keeps going this way, I just might Break your FUCKING FACE tonight.Give me something to break! Just give me something to break! (...) If I seem bleak, well, you'd be correct And if I don't speak, it's 'cause I can't disconnect But I won't be burned by the reflection Of the fire in your eyes As you're staring at the sun, whoa As you're staring at the sun, whoa (...) When she's saying that she wants only me, Then I wonder why she sleeps with my friends.When she's saying that I'm like a disease, Then I wonder how much more I can spend. Well I guess I should stick up for myself. But I really think it's better this way. The more you suffer, The more it shows you really care. Right? Yeah yeah yeah (...) I kept everything inside and even though I tried, it all fell apart What it meant to me will eventually be a memory of a time when I tried so hard And got so far But in the end It doesn't even matter! (...) There's something inside me that pulls beneath the surface. Consuming/confusing. This lack of self-control I fear is never ending. Controlling/I can't see. To find myself again My walls are closing in (without a sense of confidence and I'm convinced that there's just too much pressure to take) I've felt this way before So insecure Crawling in my skin These wounds they will not heal Fear is how I fall Confusing what is real! (...) Shakedown 1979, Cool kids never have the time On a live wire right up off the street. You and I should meet Junebug skipping like a stone With the headlights pointed at the dawn We were sure we'd never see an end to it all. I don't even care to shake these zipper blues And we don't know Just where our bones will rest To dust I guess Forgotten and absorbed to the earth below. (...) I used to be a little boy So old in my shoes. And what i choose is my choice. What's a boy supposed to do? The killer in me is the killer in you. My love, I send this smile over to you."
quarta-feira, maio 23, 2012
Toda a mão que, invariavelmente, bule, no duro, de x a x horas diárias, por meia dúzia de éreos, ganha calo. Endurece. Fica mais rija. Consegue sobreviver mais um dia, sem sofrer males de maior entre esse dia que finda e o que se avizinha. Podemos dizer que é o rumo natural das coisas. Adiante.
Julgo que, também, a nossa paciência (ó pra mim a falar em nome da colectividade) para certas notícias dramáticas endureceu. Ou então foi o nosso coração, que às tantas, ganhou calo, e à custa disso só se comoverá por notícias que o feririam de morte em qualquer circunstância. Entretanto, o que o cérebro considera "áreas cinzentas" não enterra em qualquer submundo cognitivo, antes incenera-as. Os opinion makers chamar-lhes-ão "fait-divers". Assim os milhares de manifestantes enrascados que marcharam país fora, assim os que se abraçaram para não deixar a escola da Fontinha, nem á força da bastonada, assim, agora, os denominados Precários Inflexíveis cujo blog foi agora proíbido de referir nomes de uma empresa que, justamente, foi denunciada (ignoremos por momentos que o primeiro-ministro-sombra Miguel Relvas fez ameaças graves a uma jornalista do Público; no Público ainda há quem se sinta filho de boa gente, bateu-se o pé, e o frissom que daí adveio, de fachada ou não, é real e palpável).
Gostava de ler a sentença que obrigou o blog dos Precários Inflexíveis a ocultar os comentários nos quais se denunciava que uma empresa de marketing não pagava a trabalhadores, conforme devia. Só lendo semelhante "poema" se pode perceber até que ponto se fez orelhas moucas á denúncia em causa, para defender o direito ao bom nome da dita empresa. Porém, se nos dias que correm não podemos confiar no Público, não nos restam muitas alternativas... Do que eu me lembro de Direitos Fundamentais, do conflito entre a liberdade de expressão e o direito à honra ou ao bom nome, costuma prevalecer o primeiro, excepto quando a liberdade de expressão for abusiva. Por exemplo, se a opinião exprimida for uma mentira, que possa acarretar prejuízo para o visado. Da notícia divulgada ontem pelo Público, podemos concluir que o tribunal, independentemente das acusações dos comentários serem verdadeiras ou não, considerou o bom nome da empresa ser mais importante. E ainda que não tenha proíbido ou mandado excluir os comentários conforme era vontade da empresa visada, julgou ser mais conveniente ocultá-los. Que seria dessa empresa se tivesse de pagar pelos serviços dos seus colaboradores? Estaria o tribunal a tentar prevenir uma futura insolvência? Depois aparecerão em armaduras reluzentes, os paladinos da coragem e da verdade material berrar aos 4 ventos que o dever dos cidadãos é colaborar na realização da Justiça, desobstruir tribunais, ajudar as autoridades. Ao mesmo tempo este caso será gradualmente soterrado pela areia da indiferença; o caso de pessoas que ao denunciar sítios onde para trabahar é preciso pagar, tiveram de ser silenciados, por causarem incómodo a quem tudo fez por o merecer, porque trabalho que é com toda a certeza remunerado e denunciar situações injustas são situações do passado. E a caravana passa, cheia de calos. Ganhamos mais um fait-divers. E o país segue preocupado e aflito a discutir as abruptas mudanças de tempo e o mistério dos tractores assassinos.
segunda-feira, maio 21, 2012
encapuçado até aos olhos fugiu
encouraçado com dez corações
na ponta dos dedos das mãos
e dos pés, saiu a jogar.
saiu a correr.
após o gongo que mais ninguém ouviu,
ele saiu a correr rumo aos predadores.
uma aranha negra tatuada a alastrar no peito
a assomar-se desmedida
com todos os seus braços
e todos os seus sorrisos
no ar alto saiu livre
saiu a viver.
Após umas bem sucedidas feiras que puseram a nossa bela e acomodada terra a sair á rua e contribuir em uníssona para uma parafernália cultural pouco comum por estes lados, o Movimento Largo continuou. E com classe. Esta não se restou por uma daquelas boas intenções que atafulham o (nosso) Inferno. Esta ainda tem pernas para andar.
A propósito da entrega do prémio para o Museu Europeu do Ano, Penafiel acolhe de 16 a 19 de Maio o Fórum Europeu dos Museus, que porá a "dialogar" museus espalhados por esse Velho Continente fora. O Movimento Largo associou-se da melhor forma, proporcionando uma série de exposições de artes plásticas e performativas, dos quais me sinto no dever de destacar Lara Luís e Wasted Rita.
Nem tudo é perfeito nesta terra amarela como o solo do próprio Hades. Mas não devia haver tanta cerimónia (ou inveja) na hora de falar aos quatro ventos dos nossos que fazem bem, quando a maioria não faz, dos nossos que vêem além, quando a maioria vira a cara para fazer de conta que não vale a pena. Vale sempre a pena, espalhar charme de peito feito.