'this time i'll get it right'
é bem melhor que assim seja.
o objectivo, meu amor, de estabelecermos ditaduras caseiras e terra-a-terra, é uma melhor prossecução e execução dos nossos fins sagrados de irmandade. onde nada, nada possa falhar. entendes agora meu bem? o motivo das chapadas psicológicas? das palavras amargas? dos sorrisos amarelos? era para te devolver ao teu lugar. àquele aonde pertences por inata condição. sabes ser isso que me faz amar-te mais que tudo.
'you can't defend it. predetermined'
cafeína.
afoga as tuas mágoas em cafeína. quero que se foda. quero que te fodas. sim! merda para ti. não venhas cá com o teu carinho e essa foleirice a que chamas 'amor'. essa merda soa a falso. tresanda a falso. chamadinhas? bilhetinhos? que há de vir a seguir? achas-te no direito de quê? vai... arranjar... uma vida. do resto eu... não tenho culpa. Baza.
'you know I'll sit at the bottom space, trace lines in the vacant face'
VAMOS
DISPARAREMTODASASDIRECÇÕESOQUESOMOSEOQUEACHAMOSPROFUNDAMENTEAPAIXONADOSPELAVIDAQUETRAÇAMOSEMOCIONADOSCONTRATUDOECONTRATODOS
NÃOHAVERÁPARAONDEFUGIRPOISPARAONDEFUGIRSERÁPARAONDEATACAREMOSEESTAREMOSTÃOPERTODAPERFEIÇÃOQUANTOONOSSOCORAÇÃODEDEUS
AOSCÉUSEAOSMEUSEATUDOECONTUDOESTAREMOSAQUIEXTASIADOSPERANTEANOSSACRIAÇÃOFEITADESANGUEEMOÇÃOEMESTADOPUROCOMOMANDAAORDEMDASCOISAS
NOAQUIENOAGORA.AVIVERPONTO.NÓSOSDOISADARSENTIDOAOSENTIDOQUETIRAMOSAISTO.
PARAISTOEUEXISTO.
'it's all about these changes'
odeio vagas de saudades.
odeio-as porque me fazem dizer poemas. o ano acaba dentro de poucos metros e depois é só abismo. e perante o fim-do-tempo, o apocalipse do mundo como o conhecemos apenas me saem poesias. e sobre ti. para não variar. apenas tu, apenas tu, apenas tu a calcorrear as ruas da cidade de pedra pela mão de um gajo qualquer. então as saudades servem para quê? se na hora do colapso apenas estiver lá eu
This is prophylaxis, a practiced absence, a safer distance. He is a fine clinician to diagnose this, a sound decision. This is a family practice, it's anesthetic, it's nonreactive. This is a termination, a fine resemblance, but no relation.
domingo, dezembro 30, 2007
quinta-feira, dezembro 06, 2007
De A a Zé
Zé era um puto. 13 pr'aí, dizia-se.Um sacana dum fedelho safado. Mal-educado e respondão: constava-se, talvez uma má educação em casa. Ou apenas palavras amargas ditas no carinho de uma mão pesada. Ou então mimo a mais, mesmo. O Zé gostava de rock n roll. O Zé não devia gostar de rock n roll porque quem gostava de rock n roll tinha dinheiro para gostar de rock n roll. Logo, depreende-se, que ouvia orelhudos mais orelhudos que outros, e que as guitarras não eram para todos, mas para alguns e isso deixava o Zé de orelhas a arder. Foda-se! Foda-se, foda-se, foda-se... O Zé não era propriamente pacato. Nem no vocabulário, nem a agir. Nem a pedir a autorização (porque não a pedia), nem a bater à porta (porque era o único sítio do mundo aonde ele não batia). Depois havia quem se queixasse disto e do Zé e daquilo e do Zé: a verdade é que ele conseguia ser um verdadeiro popular lá na escola dele, o que era para todos os efeitos notável dado o seu historial, problemático, vá lá!, nem tanto, mas bizarro. Cuspia muitas vezes, o Zé. Em especial quando via os freaks a passar com ar de intelectualóides sofredores. E por aquelas bandas o que mais havia era freaks. Que ainda no dia anterior iam c'os paizinhos tomar um pingo ao salão de chá onde o café é a 80 cents. Aquilo não lhe entrava na puta da cabeça. Por isso ia entrar pela cabeça dalguns putos adentro no campo de futebol. Vá lá, às vezes só nas pernas, porque a bola tinha cara de fenómeno, pois afinal era quadrada e isso não era coisa que se visse todos os dias. Quem dera aos professores poder dizer o mesmo dele. Sim! Porque o José não faltava a aulas. O Zé envenenava-as com a sua presença e imposição da sua pessoa e da sua prosa refinada: ligeiramente a mesma postura com que ouvia o seu rockzinho. O resultado tinha tanto que se lhe dissesse que volta e meia o Zé juntava as duas coisas e os professores adoravam.
Mas havia um pormenor que deixava o Zé particularmente deleitado. Era saber que ele era o futuro, e que seria a selecção do resto do mundo a ficar com ele.
Mas havia um pormenor que deixava o Zé particularmente deleitado. Era saber que ele era o futuro, e que seria a selecção do resto do mundo a ficar com ele.
domingo, novembro 18, 2007
you are not a slave
"I write messages on money.
It's my own form of social protest.
A letter printed on paper that no one will destroy
passed indiscriminately across race, class and gender lines
and written in the blood that keeps the beast alive.
A quiet little hijackingon the way to the check-out counter
And a federal crime.
I hope that someone will find my message one day when they really need it.
Like I do."
by Josh Koppel
It's my own form of social protest.
A letter printed on paper that no one will destroy
passed indiscriminately across race, class and gender lines
and written in the blood that keeps the beast alive.
A quiet little hijackingon the way to the check-out counter
And a federal crime.
I hope that someone will find my message one day when they really need it.
Like I do."
by Josh Koppel
quarta-feira, novembro 14, 2007
a mão que alimenta
Levantei os espinhos do meu quintal. Das silvas que cobrem o seu chão, as mesmas que enlaçam a figueira e beiral.
Levantei-os. Uma natureza de mais de dois metros a olhar-me nos olhos. A magoar-me nos intervalos de si, consigo própria. A sua carne bem na minha.
Nós sabemos o jogo da existência. Os espinhos exigem o meu sangue como paga do incómodo, de se erguerem às evidências de serem meus. De assim fazermos sentido, não. Eles disso não gostam.
Infestam o que é meu. Meus sendo-os também. E matam, matando o que cresce sem rei. Verde. Com o sol por única lei. E chuva por única redenção.
Então... a estes castigadores, que conspurcam o meu silêncio, com o seu verde cínico, eu pergunto: porquê não se mostrarem e rasgar vidas como as vidas devem ser rasgadas?
Olho-vos nos olhos meus amigos. Meus pertences. Aqui de pé, vim para saber de vós. Aqui vim para esganar-vos se tiver de ser. Aqui vim até para morrer.
Aqui eu quero saber e não saio sem resposta. Se enquanto um de nós viver, o outro terá o que gosta, a infestar a história do que resta.
Levantei-os. Uma natureza de mais de dois metros a olhar-me nos olhos. A magoar-me nos intervalos de si, consigo própria. A sua carne bem na minha.
Nós sabemos o jogo da existência. Os espinhos exigem o meu sangue como paga do incómodo, de se erguerem às evidências de serem meus. De assim fazermos sentido, não. Eles disso não gostam.
Infestam o que é meu. Meus sendo-os também. E matam, matando o que cresce sem rei. Verde. Com o sol por única lei. E chuva por única redenção.
Então... a estes castigadores, que conspurcam o meu silêncio, com o seu verde cínico, eu pergunto: porquê não se mostrarem e rasgar vidas como as vidas devem ser rasgadas?
Olho-vos nos olhos meus amigos. Meus pertences. Aqui de pé, vim para saber de vós. Aqui vim para esganar-vos se tiver de ser. Aqui vim até para morrer.
Aqui eu quero saber e não saio sem resposta. Se enquanto um de nós viver, o outro terá o que gosta, a infestar a história do que resta.
quinta-feira, novembro 08, 2007
Morte Lenta, Motel.
Morte lenta, Motel.
Capital do Escândalo
ao letárgico abandono
do dandismo.
Cada seu a seu dono,
narcisismo
e falta de sono.
Apocalipse Cabaret.
Doenças virais
e mais mortais
causas de mortes.
Musicais sortes.
O degredo mora ao lado.
A puta a tentar
outro bocado.
Danças ventrais.
Gastro-entrites,
animais, gengivites
e cavalos
nesta noite de assucenas,
eu perdoo madalenas
de chapéu em punho
e bengala na mão.
Eu desunho
todo o ego
que se derrama
pelo chão.
Quem me ama
nem sequer sonha,
nem sequer sabe,
que a bandeira da vergonha
me serve de fronha
da verdade.
terça-feira, outubro 23, 2007
monters in your parasol
como acaba o mundo por detrás do teu piscar de olhos, como acaba assim, enquanto
o diabo esfrega um olho.
já me parecia tanto mais tempo neste teatro e afinal, tanto tempo era afinal, uma merda, no final de contas. e nós que empunhávamos máscaras, e fazíamos cada trinta por uma linha redundando numa tremenda e obscena conta de 31, o número proibido que desdenho por ignóbil mente parda e se encontar inacessível no tecto do mundo. eu
acho
todos estes devaneios, do mais absurdo que se concebe aí para os cantos, aos vómitos e arrancos como se de porcos atirados às pérolas se tratassem. e maomés que não chegam às montanhas apesar de tentarem e tentarem bem. e tentarem muito. com todos os al-alcorões que têm ao dispôr. eu acho
que vou ter saudades de estar obrigado a portar-me como um homenzinho.
e de os meus vinte aninhos não serem apenas um numerário no papel que me dá livre acesso a certos tipos de asneiradas.
ai... ai...
voilá! enfim,
que até francês eu falo
o diabo esfrega um olho.
já me parecia tanto mais tempo neste teatro e afinal, tanto tempo era afinal, uma merda, no final de contas. e nós que empunhávamos máscaras, e fazíamos cada trinta por uma linha redundando numa tremenda e obscena conta de 31, o número proibido que desdenho por ignóbil mente parda e se encontar inacessível no tecto do mundo. eu
acho
todos estes devaneios, do mais absurdo que se concebe aí para os cantos, aos vómitos e arrancos como se de porcos atirados às pérolas se tratassem. e maomés que não chegam às montanhas apesar de tentarem e tentarem bem. e tentarem muito. com todos os al-alcorões que têm ao dispôr. eu acho
que vou ter saudades de estar obrigado a portar-me como um homenzinho.
e de os meus vinte aninhos não serem apenas um numerário no papel que me dá livre acesso a certos tipos de asneiradas.
ai... ai...
voilá! enfim,
que até francês eu falo
sexta-feira, outubro 12, 2007
20
20!
"é tempo de pôr a prova a destreza de mãos e surripiarmos carteiras"
a minha mood anda a oscilar a 300 e tal á hora desde as ú.ltimas 24h a esta parte. agora estou a rock n rollar, para mal dos meus pecados, graças a Deus! porque me disse um amigo meu que Deus é grande e gosta de mim. e eu sou um cromo bau-au-au que se apaixona como quem dá cá aquela palha. e o que me fode! é ver a velha escola morrer. a minha nova escola que agora é velha e onde o que contava era a alma e não o cinismo com que a cena era feita, amada e construída. somos uns merdas. é o que é
eu sou maior. já sou maior, somos maiores e vacinados. e partir canelas. quero voltar a ser nodoanegrino, rebelde sem causa e estúpido sem casa. adoro a amorosa. como adorava os meus legos, bd's, bonecos de acção e o dragon ball. e como quando ia pa casa do zinhe jogar nintendo a tarde toda. como das altas jamadas com os ANTI-COISO.
adoro quando estou em baixo de forma e vem o zack (os dois) dizer: levanta-te piça mole. Anger is a gift! adoro ver o que é meu a ser de todos e nós todos em cada coisa, e esta deve ser a única coisa que o Pessoa disse de jeito. Adoro o torga e a sua crueza que racha tudo como quem limpa o cu a meninos. eu sou isto e sou feito de pedra.
e graças a Deus tui não gostas de calhaus. porque eu sou o calhau rebolador. o matador por isso
Foda-se!
A autoridade que se foda. A sociedade que vá pelo mesmo caminho. Cageui. Andei. Desandei. XAU xau dia sóbrio. o que é punk tem de estar cá dentro e não nas riscas, nos pins, nos rasgões e nessas paneleirices que fazem toda a cena parecer mais um carnaval que outra merda qualquer. Ai que eu sou tão rebelde! com as minhas merdinhas que compro "para a vida banal parecer divinal" consumo consumo tu cosomes nos consumimos nos matamos fodemos e enrabamos o nosso melhor irmão ou quem quer que seja que esteja do nosso lado para continuarmos a consumir que nem uns alarves parasitas.
long death for us all! para o nosso leviathan social que criamos para desculpar a nossa incapacidade para o destruir. eu vivo na lama deste mundo, mas "nem por isso sou a lama que muitos são". cappice?
há mais 20 anos pa desandar. mais 20 de vida malvada.
"i don't ask for much..."
rock n roll. rock n roll. rock n roll
e ver que as merdas que digo, são mesmo uma merda. mas são a merda que fazem com que o próximo passo seja dado. e com orgulho.
rock n roll ain't noise pollution
obrigado a tudo e todos. anónimos e conhecidos. pelos momentos, pelas conversas, pelas músicas, danças, contradanças, discussões, comentários, posts, turmas, faculdades, "praxes", queimas, bebedeiras, paciência (montes dela), festivais, concertos, tarolos, futeboladas, mdi's e cenas esquisitas que nem ao menino Jesus lembraria
eu sou eu e as minhas atenuantes. eu sou eu mais os meus vinte anos que passei convosco e os que não vão ler isto que serão muitos mais. agradeço cá do fundo a tudo o que cá veio parar, acertar, fulminar, apaixonar e fazer acreditar que isto aqui até nem é assim tão mau. momentos maus incluídos.
20 Years - Placebo
[anger is a gift]
"é tempo de pôr a prova a destreza de mãos e surripiarmos carteiras"
a minha mood anda a oscilar a 300 e tal á hora desde as ú.ltimas 24h a esta parte. agora estou a rock n rollar, para mal dos meus pecados, graças a Deus! porque me disse um amigo meu que Deus é grande e gosta de mim. e eu sou um cromo bau-au-au que se apaixona como quem dá cá aquela palha. e o que me fode! é ver a velha escola morrer. a minha nova escola que agora é velha e onde o que contava era a alma e não o cinismo com que a cena era feita, amada e construída. somos uns merdas. é o que é
eu sou maior. já sou maior, somos maiores e vacinados. e partir canelas. quero voltar a ser nodoanegrino, rebelde sem causa e estúpido sem casa. adoro a amorosa. como adorava os meus legos, bd's, bonecos de acção e o dragon ball. e como quando ia pa casa do zinhe jogar nintendo a tarde toda. como das altas jamadas com os ANTI-COISO.
adoro quando estou em baixo de forma e vem o zack (os dois) dizer: levanta-te piça mole. Anger is a gift! adoro ver o que é meu a ser de todos e nós todos em cada coisa, e esta deve ser a única coisa que o Pessoa disse de jeito. Adoro o torga e a sua crueza que racha tudo como quem limpa o cu a meninos. eu sou isto e sou feito de pedra.
e graças a Deus tui não gostas de calhaus. porque eu sou o calhau rebolador. o matador por isso
Foda-se!
A autoridade que se foda. A sociedade que vá pelo mesmo caminho. Cageui. Andei. Desandei. XAU xau dia sóbrio. o que é punk tem de estar cá dentro e não nas riscas, nos pins, nos rasgões e nessas paneleirices que fazem toda a cena parecer mais um carnaval que outra merda qualquer. Ai que eu sou tão rebelde! com as minhas merdinhas que compro "para a vida banal parecer divinal" consumo consumo tu cosomes nos consumimos nos matamos fodemos e enrabamos o nosso melhor irmão ou quem quer que seja que esteja do nosso lado para continuarmos a consumir que nem uns alarves parasitas.
long death for us all! para o nosso leviathan social que criamos para desculpar a nossa incapacidade para o destruir. eu vivo na lama deste mundo, mas "nem por isso sou a lama que muitos são". cappice?
há mais 20 anos pa desandar. mais 20 de vida malvada.
"i don't ask for much..."
rock n roll. rock n roll. rock n roll
e ver que as merdas que digo, são mesmo uma merda. mas são a merda que fazem com que o próximo passo seja dado. e com orgulho.
rock n roll ain't noise pollution
obrigado a tudo e todos. anónimos e conhecidos. pelos momentos, pelas conversas, pelas músicas, danças, contradanças, discussões, comentários, posts, turmas, faculdades, "praxes", queimas, bebedeiras, paciência (montes dela), festivais, concertos, tarolos, futeboladas, mdi's e cenas esquisitas que nem ao menino Jesus lembraria
eu sou eu e as minhas atenuantes. eu sou eu mais os meus vinte anos que passei convosco e os que não vão ler isto que serão muitos mais. agradeço cá do fundo a tudo o que cá veio parar, acertar, fulminar, apaixonar e fazer acreditar que isto aqui até nem é assim tão mau. momentos maus incluídos.
20 Years - Placebo
[anger is a gift]
sábado, setembro 29, 2007
"Do Me A Favour" - Artic Monkeys
Well the morning was complete.
There was tears on the steering wheel dripping on the seat,
Several hours or several weeks,I
'd have the cheek to say they're equally as bleak!
It's the beginning of the end, the car went up the hill,
And disappeared around the bend, ask anyone they'll tell you that.
It's these times that it tends,
The start to breaking up, to start to fall apart
Oh! hold on to your heart.
Do me a favour, break my nose!
Do me a favour, tell me to go away!
Do me a favour, stop asking questions!
She walked away, well her shoes were untied,
And the eyes were all red,
You could see that we've cried, and I watched and I waited,
'Till she was inside, forcing a smile and waving goodbye.
Curiousity becomes a heavy load,
Too heavy to hold, too heavy to hold.
Curiousity becomes a heavy load,
Too heavy to hold, will force you to be cold.
And do me a favour, and ask if you need some help!
She said, do me a favour and stop flattering yourself!
How to tear apart the ties that bind, perhaps fuck off, might be too kind,
Perhaps fuck off, might be too kind.
There was tears on the steering wheel dripping on the seat,
Several hours or several weeks,I
'd have the cheek to say they're equally as bleak!
It's the beginning of the end, the car went up the hill,
And disappeared around the bend, ask anyone they'll tell you that.
It's these times that it tends,
The start to breaking up, to start to fall apart
Oh! hold on to your heart.
Do me a favour, break my nose!
Do me a favour, tell me to go away!
Do me a favour, stop asking questions!
She walked away, well her shoes were untied,
And the eyes were all red,
You could see that we've cried, and I watched and I waited,
'Till she was inside, forcing a smile and waving goodbye.
Curiousity becomes a heavy load,
Too heavy to hold, too heavy to hold.
Curiousity becomes a heavy load,
Too heavy to hold, will force you to be cold.
And do me a favour, and ask if you need some help!
She said, do me a favour and stop flattering yourself!
How to tear apart the ties that bind, perhaps fuck off, might be too kind,
Perhaps fuck off, might be too kind.
quarta-feira, setembro 26, 2007
Goodbye Sober Day
Xau, xau dia sóbrio!
Adeus, lenço branco, para ti também! Faz pouca-terra-pouca-terra para o fim do dia que eu cá vou sedando estas náuseas a bem dizer com pouco mais que um pouco de água-pé dormente, daquela pobre em alcoól, cancerígeno.
Adeus, adeus! Vai lá, vai. Vai... Vai! Vai! Cai! Morre! Que eu cá não quero saber! Que eu cá quero mais é que te vás foder! Tu! Sim!: tu! Eu não quero saber! Nem das tuas complicações, nem dos teus existencialismos, nem os teus 4's das tuas somas de 2+2, igual à puta que os pariu a todos. Ah pois é!, dia sóbrio: eu, cá, sou assim.
O meu comboio está a partir, eu vou no melhor lugar à janela, atrasado, sempre, como sempre, para sempre e sempre, Amén. Xau, xau dia sóbrio, dia negro dee dor de cabeça injectada a aspirinas. Adeus, que lá me vou.
E talvez vá para não voltar.
Tss, tss... Que praga o homem comum. Banal, banal, esta psicopatice toda.
Que se foda.
Adeus.
segunda-feira, setembro 17, 2007
a césar o que é de césar
O poeta velho. É um mendigo sem amigos. Esfarrapado, bêbedo, nauseabundo. Busca auxílio aos primeiros que se lembra. Os ex-colegas de profissão e de curso, que tanto bem lhe querem, que tanto bem lhe prometeram querer. Amizades eternas, camaradagens valentes. Os meus versos tirar-me-ão da penúria um dia. Até lá não podemos esperar, respondem eles. Resmunga. Julgava-os amigos, os colegas, por terem partilhado vida e emoções. Não percebiam que ele não tinha culpa? Recorre então aos seus amigos de sempre. Só lhe poderiam ajudar as pessoas com quem partilhara histórias e lembranças da criança que ele não era mais. Alguns bateram-lhe a porta, igualmente. És um lodo, latem-lhe na cara. Sou maior do que alguma vez sonharás! vais ver. Outros tentaram ainda ajudá-lo. Não se lembravam dele por fraco. Mas a sua doença era já avançada. O vício era incurável. Tiveram de o pôr fora de suas casas, afastá-lo de suas famílias, longe das suas vidas. Infiéis! Pagãos! Cretinos! Tecnocratas! Judas! Palmadinhas no ombro e uma, facada nas costas. Um dia vereis! Ao fim de tanto a rastejar, varreu-se-lhe da ideia a quem mais recorrer. Vagueava por aí, por ali, a declamar a média voz, qual tolo, lutando por todo e qualquer rasgo de papel que encontrasse e desesperando com todos os meios por lápis ou canetas. Trazia consigo a obra de uma vida. E essa! levá-lo-ia alto. Aqueles sacanas traidores… Nem por comida lutava ele assim.
Morreria, claro, de fome, num beco. Sorte. Por sorte, passava um aprumado rapaz de 20 anos seus por ali. Aquela cena chocou a sua apurada sensibilidade. Como a descrever? Diabos! Expressão não era o seu forte. Tivesse ele a técnica… Divagava quando reparou no maço de folhas que segurava o velho. A curiosidade falou mais alto. Pegou nelas. Decerto ninguém iria, decerto, ser acusado pela família do defunto, porque decerto, não a tinha, de invasão de missivas privadas. Leu. Fascinou-se! Como era possível? O seu fascínio levou-o a perder a noção do tempo. Dias, horas, minutos, segundos. Quanto tempo estivera a devorar aquela obra em bruto? Era a obra de um vida! E ele com toda a vida pela frente… 20 anos. De bons estudos e bom gosto. E ao ver assim a sua alma, a nu, decidiu. Seria poeta. Poeta de uma vida. A obra estava já na sua cabeça. E nas suas mãos. Deixou o mendigo no beco e foi publicando a sua herança, primeiro discretamente, e à medida que a crítica se vergava e os prémios se sucediam, aumentava a sua pose clara superior. Dava colóquios, palestras, conferências, dirigia revistas, magazines, programas de rádio e televisão. Disse-se ser inclusive um dos maiores jamais nascidos. Mas implacável! Acusou de plágio um velho mendigo que publicou um poema seu num jornal, aquando dos seus vinte anos, para juntar dinheiro, muito provavelmente, para droga. Onde já se viu! Nem os génios avant-la-lêtre se respeitam hoje em dia.
Morreria, claro, de fome, num beco. Sorte. Por sorte, passava um aprumado rapaz de 20 anos seus por ali. Aquela cena chocou a sua apurada sensibilidade. Como a descrever? Diabos! Expressão não era o seu forte. Tivesse ele a técnica… Divagava quando reparou no maço de folhas que segurava o velho. A curiosidade falou mais alto. Pegou nelas. Decerto ninguém iria, decerto, ser acusado pela família do defunto, porque decerto, não a tinha, de invasão de missivas privadas. Leu. Fascinou-se! Como era possível? O seu fascínio levou-o a perder a noção do tempo. Dias, horas, minutos, segundos. Quanto tempo estivera a devorar aquela obra em bruto? Era a obra de um vida! E ele com toda a vida pela frente… 20 anos. De bons estudos e bom gosto. E ao ver assim a sua alma, a nu, decidiu. Seria poeta. Poeta de uma vida. A obra estava já na sua cabeça. E nas suas mãos. Deixou o mendigo no beco e foi publicando a sua herança, primeiro discretamente, e à medida que a crítica se vergava e os prémios se sucediam, aumentava a sua pose clara superior. Dava colóquios, palestras, conferências, dirigia revistas, magazines, programas de rádio e televisão. Disse-se ser inclusive um dos maiores jamais nascidos. Mas implacável! Acusou de plágio um velho mendigo que publicou um poema seu num jornal, aquando dos seus vinte anos, para juntar dinheiro, muito provavelmente, para droga. Onde já se viu! Nem os génios avant-la-lêtre se respeitam hoje em dia.
segunda-feira, agosto 27, 2007
para quem gosta de meter água
Agrival.
A Agrival, em Penafiel, é uma denominada feira agrícola, que, às excepção de um punhado de empresários afoitos, expôe sempre as mesmas coisas, das mesmas empresas, quintas, agricultores, cooperativas, quase sempre os mesmos passatempos aos quais ninguém com 2 dedos de testa dá muita importância, e o mesmo tipo de cantores pimba da berra (vá lá que à dois e um ano até vieram pessoas que faziam música, mas bons hábitos perdem-se rápido): os labregos adoram. Na verdade os labregos, os morcõezolas das aldeias, os saloios imbecis, que vêm com a família toda atrás, primos em 2º, 3º e 4º graus e respectivos filhos, pais e primos incluídos. Tirando o castiço de alguns deles, e da autenticidade de uns poucos o que é que é que fica: labregos e emigrantes a exibir-se. A pagar caés com notas de 50, a passear-se todos o dias pelo recinto (queixando-se todos os dias do preço), a ver sempre as mesmíssimas coisas com uma certa dose de desprezo. Porquê? Puro exibicionismo. Do mesmo mal padecem os camários e outros tubarões da cidade, que vão pa tenda da restauração comer e beber até cair para o lado, e garaem-se de como é boa a sua feira e de como existe de facto gente que gosta daquilo. Eles desfrutam do espectáculo com os seus amiguinhos do peito, e riem-se! e bebem! Pudera! Também eu riria. Também eles vão lá ver exactamente o mesmo de todos os anos, durante uma semana, mas porque têm livres-trânsito. Uma demonstração de poder, digo eu. E também eles vão com as famílias, enfim: o ritual é semelhante. Menos numa coisa: os filhos, os sobrinhos e toda a miudagem deles próxima estão a trabalhar nas barracas da Agrival, onde diga-se, se ganha bastante bem. Ou seja, uma boa parte de miúdos, que, não sabem o que é trabalho, que os pais dão dinheiro durante o ano para eles estourarem onde bem quiserem, são obrigados pelos mesmos pais, a trabalhar uma semana, para saber "o que custa ganhar o deles": que consiste em ficar sentado um dia inteiro à espera que os labregos lhes mandem uma piada do género "percebesde matemática? sabes quanto é 5 +5?"
Em suma, uma feira de vaidades.
Mas este ano, acabou em apoteose.
Trovoada e chuvas fortes, durante uma boa parte da tarde de domingo. O último dia. O dia de maior afluência. E deleito-me a imaginar o quadro: os labregos com um dedo de testa a refugiar-se dentro do recinto e tendas abarrotando tudo aquilo, até o espaço e o calor se tornarem insuportáveis, enquanto que os labreos com dois dedos de testa, fogem da feira a sete pés para os carros, porque sabem que para o ano há mais e por 2007 já está tudo dito, os tetos das barraquinhas a voar e acoorer chuva fora, atrás deles, os filhinhos dos papás, a amaldiçoar a sua vida por não estarem em casa no MSN, e os papás também a amaldiçoar-se pelo fato molhado e o o penteado estragado.
Um apocalipse agrícola. Que quadro lindo!
E pobre de mim que lá não o pude ver, e tenho de me fiar em alguns relatos e nas minhas suposições. É que costuma dizer-se que quem anda à chuva, molha-se.
A Agrival, em Penafiel, é uma denominada feira agrícola, que, às excepção de um punhado de empresários afoitos, expôe sempre as mesmas coisas, das mesmas empresas, quintas, agricultores, cooperativas, quase sempre os mesmos passatempos aos quais ninguém com 2 dedos de testa dá muita importância, e o mesmo tipo de cantores pimba da berra (vá lá que à dois e um ano até vieram pessoas que faziam música, mas bons hábitos perdem-se rápido): os labregos adoram. Na verdade os labregos, os morcõezolas das aldeias, os saloios imbecis, que vêm com a família toda atrás, primos em 2º, 3º e 4º graus e respectivos filhos, pais e primos incluídos. Tirando o castiço de alguns deles, e da autenticidade de uns poucos o que é que é que fica: labregos e emigrantes a exibir-se. A pagar caés com notas de 50, a passear-se todos o dias pelo recinto (queixando-se todos os dias do preço), a ver sempre as mesmíssimas coisas com uma certa dose de desprezo. Porquê? Puro exibicionismo. Do mesmo mal padecem os camários e outros tubarões da cidade, que vão pa tenda da restauração comer e beber até cair para o lado, e garaem-se de como é boa a sua feira e de como existe de facto gente que gosta daquilo. Eles desfrutam do espectáculo com os seus amiguinhos do peito, e riem-se! e bebem! Pudera! Também eu riria. Também eles vão lá ver exactamente o mesmo de todos os anos, durante uma semana, mas porque têm livres-trânsito. Uma demonstração de poder, digo eu. E também eles vão com as famílias, enfim: o ritual é semelhante. Menos numa coisa: os filhos, os sobrinhos e toda a miudagem deles próxima estão a trabalhar nas barracas da Agrival, onde diga-se, se ganha bastante bem. Ou seja, uma boa parte de miúdos, que, não sabem o que é trabalho, que os pais dão dinheiro durante o ano para eles estourarem onde bem quiserem, são obrigados pelos mesmos pais, a trabalhar uma semana, para saber "o que custa ganhar o deles": que consiste em ficar sentado um dia inteiro à espera que os labregos lhes mandem uma piada do género "percebesde matemática? sabes quanto é 5 +5?"
Em suma, uma feira de vaidades.
Mas este ano, acabou em apoteose.
Trovoada e chuvas fortes, durante uma boa parte da tarde de domingo. O último dia. O dia de maior afluência. E deleito-me a imaginar o quadro: os labregos com um dedo de testa a refugiar-se dentro do recinto e tendas abarrotando tudo aquilo, até o espaço e o calor se tornarem insuportáveis, enquanto que os labreos com dois dedos de testa, fogem da feira a sete pés para os carros, porque sabem que para o ano há mais e por 2007 já está tudo dito, os tetos das barraquinhas a voar e acoorer chuva fora, atrás deles, os filhinhos dos papás, a amaldiçoar a sua vida por não estarem em casa no MSN, e os papás também a amaldiçoar-se pelo fato molhado e o o penteado estragado.
Um apocalipse agrícola. Que quadro lindo!
E pobre de mim que lá não o pude ver, e tenho de me fiar em alguns relatos e nas minhas suposições. É que costuma dizer-se que quem anda à chuva, molha-se.
sexta-feira, agosto 17, 2007
Pensamento andante datado de 7/8/7
Em busca de quê?
Cada um tem o seu Graal. Que busco eu, afinal?
Que quero impingir a mim próprio?
Só questiono. Perguntas mais perguntas. E sei que falta algo. Sei como quando sabemos que nos mentem, mas não sabemos até que ponto, nem em quê. E sinto que me minto a mim própro. A mais ou a menos, mas algo não está onde deveria estar.
Ler? Comer? Beber? Amar? Beijar? Querer? Desejar? Desesperar? Enraivecer?
O quê?
Deus, meu, o quê?
Terá Job questionado como eu os teus desígnios?
A descrença é tentadora. Mas já percebi que a minha tendência para as facadinhas nas costas, só não são aplicáveis a Ti. Era como dilacerar em mim mesmo.
Talvez tudo se resuma a saber quem eu sou, mais do que a saber resumidamente quem os outros são. Já dizia o outro, que só encontrando o que de mais universal e íntimo há em nós, é que poderemos ambicionar mostrar ao mundo. Mas para tal é preciso ser poeta dia e noite, a tempo inteiro, nem em férias deixar de ser poeta, e desesperar por o ser e não querer; é necessário ser esse ser em cada vírgula, em cada proposição, em cada artigo indefinido, em cada advérbio de modo; é necessário sê-lo nos ideais e nos banais dilemas do quotidiano. ( é necessário ter valores, mas isso não é suficiente) Ser enfadado e apaixonante. Ser Tântalo e Zeus. Odiar e amar os seus.
Tantos Janos nos meus desejos.
Em busca de quê?
Que busco eu, afinal?
Cada um tem o seu Graal. Que busco eu, afinal?
Que quero impingir a mim próprio?
Só questiono. Perguntas mais perguntas. E sei que falta algo. Sei como quando sabemos que nos mentem, mas não sabemos até que ponto, nem em quê. E sinto que me minto a mim própro. A mais ou a menos, mas algo não está onde deveria estar.
Ler? Comer? Beber? Amar? Beijar? Querer? Desejar? Desesperar? Enraivecer?
O quê?
Deus, meu, o quê?
Terá Job questionado como eu os teus desígnios?
A descrença é tentadora. Mas já percebi que a minha tendência para as facadinhas nas costas, só não são aplicáveis a Ti. Era como dilacerar em mim mesmo.
Talvez tudo se resuma a saber quem eu sou, mais do que a saber resumidamente quem os outros são. Já dizia o outro, que só encontrando o que de mais universal e íntimo há em nós, é que poderemos ambicionar mostrar ao mundo. Mas para tal é preciso ser poeta dia e noite, a tempo inteiro, nem em férias deixar de ser poeta, e desesperar por o ser e não querer; é necessário ser esse ser em cada vírgula, em cada proposição, em cada artigo indefinido, em cada advérbio de modo; é necessário sê-lo nos ideais e nos banais dilemas do quotidiano. ( é necessário ter valores, mas isso não é suficiente) Ser enfadado e apaixonante. Ser Tântalo e Zeus. Odiar e amar os seus.
Tantos Janos nos meus desejos.
Em busca de quê?
Que busco eu, afinal?
quinta-feira, julho 19, 2007
all along the watchtower
Deve haver uma forma
de sair daqui.
Confrontar os factos à
da razão.
Pois cada minuto a mais
passado aqui.
É apenas mais uma
barra de prisão.
Então eu digo que é
preciso fugir daqui.
Vigilante de
fogo em riste.
Ir além do único cárcere
que conheci.
E ver o que dizem que
não existe.
A passos firmes
para fora daqui.
Com guitarra
debaixo do braço.
Não quero teus olhos.
Quero sair daqui.
Com o coração a
cada passo.
E é vontade de aço
para fugir daqui.
Mato até o amor
que me aprisiona.
Tento a melhor forma de
sair daqui.
E provar que o sistema
não funciona.
All Along The Watchtower - Jimmi Hendrix
There must be some kind of way out of here
Said the joker to the thief
Theres too much confusion
I cant get no relief
Businessman they drink my wine
Plow men dig my earth
None will level on the line
Nobody of it is worth
Hey hey
No reason to get excited
The thief he kindly spoke
There are many here among us
Who feel that life is but a joke but uh
But you and I weve been through that
And this is not our fate
So let us not talk falsely now
The hours getting late
Hey
Hey
All along the watchtower
Princes kept the view
While all the women came and went
Bare-foot servants to, but huh
Outside in the cold distance
A wild cat did growl
Two riders were approachin
And the wind began to howl
Hey
Oh
All along the watchtower
Hear you sing around the watch
Gotta beware gotta beware I will
Yeah
Ooh baby
All along the watchtower
de sair daqui.
Confrontar os factos à
da razão.
Pois cada minuto a mais
passado aqui.
É apenas mais uma
barra de prisão.
Então eu digo que é
preciso fugir daqui.
Vigilante de
fogo em riste.
Ir além do único cárcere
que conheci.
E ver o que dizem que
não existe.
A passos firmes
para fora daqui.
Com guitarra
debaixo do braço.
Não quero teus olhos.
Quero sair daqui.
Com o coração a
cada passo.
E é vontade de aço
para fugir daqui.
Mato até o amor
que me aprisiona.
Tento a melhor forma de
sair daqui.
E provar que o sistema
não funciona.
All Along The Watchtower - Jimmi Hendrix
There must be some kind of way out of here
Said the joker to the thief
Theres too much confusion
I cant get no relief
Businessman they drink my wine
Plow men dig my earth
None will level on the line
Nobody of it is worth
Hey hey
No reason to get excited
The thief he kindly spoke
There are many here among us
Who feel that life is but a joke but uh
But you and I weve been through that
And this is not our fate
So let us not talk falsely now
The hours getting late
Hey
Hey
All along the watchtower
Princes kept the view
While all the women came and went
Bare-foot servants to, but huh
Outside in the cold distance
A wild cat did growl
Two riders were approachin
And the wind began to howl
Hey
Oh
All along the watchtower
Hear you sing around the watch
Gotta beware gotta beware I will
Yeah
Ooh baby
All along the watchtower
quarta-feira, junho 06, 2007
Mothership
com o universo, a quebrar barreiras em cada verso. uma mão numa estrela, um pé num planeta para pisar: quem se intrometa. pronta para partir para voar. nave-mãe rasga céus ao respirar cada novo ar de cada nova atmosfera. justificando-se o cosmos, na inacção da espera do mecanismo. dessa celestial esfera mecânica em forma de organismo em tempo e espaço. uma caravela de noé no mar do sargaço. a remar contra a maré e abrindo-a com o braço impassível do fado pré-escrito desde tempos imemoriais. em tais que são demais as estrelas que se fundem em abismais motores de nada. e por cada quilómetro a mais percorrido dilui-se concreta no esquema. vai dilacerando o poeta universo que a quis escrever poema.
Mothership - Enter Shikari
Go tell all your friends that this is the end
Go tell all your friends that this is the end
Go tell all your friends that this is the end
This is the end
I don't understand a word you're saying
What are the clouds running from?
There's something in the air tonight
Something is wrong, spit it out!
I just fell from that Mothership
They said that
Your answers, were always lying on the ocean bed
Your answers, were always lying on the ocean bed
There's something in the air
There's something in the air
In the air, in the air
Tonight, I'm wide awake, I'm wide awake
In the air, in the air
Tonight, I'm wide awake, I'm wide awake
And I'll scream with a thousand voices...
I am sane
I am sane
My soul felt so safe up there
No self-centred natives destroying our earth
I just fell from that Mothership
They said that
Your answers, were always lying on the ocean bed
Your answers (your answers, your answers) were always lying on the ocean bed
Walk the plank, walk the plank, walk the plank
Walk the plank, walk the plank, walk the plank
Walk the plank
our answers were always lying on the ocean bed
Your answers were always lying on the ocean bed
Your answers were always lying on the ocean bed
Your answers were always lying on the ocean bed
Mothership - Enter Shikari
Go tell all your friends that this is the end
Go tell all your friends that this is the end
Go tell all your friends that this is the end
This is the end
I don't understand a word you're saying
What are the clouds running from?
There's something in the air tonight
Something is wrong, spit it out!
I just fell from that Mothership
They said that
Your answers, were always lying on the ocean bed
Your answers, were always lying on the ocean bed
There's something in the air
There's something in the air
In the air, in the air
Tonight, I'm wide awake, I'm wide awake
In the air, in the air
Tonight, I'm wide awake, I'm wide awake
And I'll scream with a thousand voices...
I am sane
I am sane
My soul felt so safe up there
No self-centred natives destroying our earth
I just fell from that Mothership
They said that
Your answers, were always lying on the ocean bed
Your answers (your answers, your answers) were always lying on the ocean bed
Walk the plank, walk the plank, walk the plank
Walk the plank, walk the plank, walk the plank
Walk the plank
our answers were always lying on the ocean bed
Your answers were always lying on the ocean bed
Your answers were always lying on the ocean bed
Your answers were always lying on the ocean bed
quarta-feira, maio 02, 2007
nocturna
À sombra recortada de uma árvore, a ver lá ao fundo a estrada a passar.
Aguardando uma qualquer noite que nos cubra qual cobertor e nos arrefeça, com o nosso próprio frio e o nosso medo. Que nos aterrorize lá bem ao fundo. Nos conte um segredo, que sabe que enlouqueceremos a tentar guardar. Essa àrvore será a testemunha do que as estrelas irão testemunhar. Mil olhos perantes nós e o resto. E o resto debaixo de nós. E a voz que não se solta, não fala. Assim se quer um segredo mal amado: bem guardado. Trancado a sete chaves.
Nada se quer. Não há sequer outra árvore para onde fugir. Sozinho com o todo. O caminho todo, sem rumo. Nem aprumo. A noite assim o disse e não o dirá de outra forma a quem não a preferisse. Entristece. Entristeçamos. É este sítio o sítio para onde vamos. Acaba aqui. Não acaba agora. Façamos o que temos de fazer mais e esperar a nossa hora.
"Gone away
My heart's gone away
Taking everything
My heart's gone away
Take it now!"
Aguardando uma qualquer noite que nos cubra qual cobertor e nos arrefeça, com o nosso próprio frio e o nosso medo. Que nos aterrorize lá bem ao fundo. Nos conte um segredo, que sabe que enlouqueceremos a tentar guardar. Essa àrvore será a testemunha do que as estrelas irão testemunhar. Mil olhos perantes nós e o resto. E o resto debaixo de nós. E a voz que não se solta, não fala. Assim se quer um segredo mal amado: bem guardado. Trancado a sete chaves.
Nada se quer. Não há sequer outra árvore para onde fugir. Sozinho com o todo. O caminho todo, sem rumo. Nem aprumo. A noite assim o disse e não o dirá de outra forma a quem não a preferisse. Entristece. Entristeçamos. É este sítio o sítio para onde vamos. Acaba aqui. Não acaba agora. Façamos o que temos de fazer mais e esperar a nossa hora.
"Gone away
My heart's gone away
Taking everything
My heart's gone away
Take it now!"
terça-feira, março 27, 2007
YA ya
Abstractamente falando venho aqui para pôr cada ponto em cada i, e dizer honestamente: falemos abertamente. Não, não, censuras não. Taco a taco. Mano a mano. Como um fraco e um tirano em amena cavaqueira, a convergir para a tremenda bebedeira falaremos. Dissertaremos sobre tudo isto e muitos, e quiçá achar-nos-emos reis do mundo. Tu, eu e o outro. Aquele ali. Que ainda agora queria pôr cada ponto em cada i, mas acabou de desistir. Diz ele não gostar destas coisas da socialidade e que se dá melhor na negritude. Disse-lhe eu e disse bem que se continuasse nessa atitude ainda se havia de foder.
Amar é fodido. Porque é que não haveria de o ser?
Amar é fodido. Porque é que não haveria de o ser?
terça-feira, março 20, 2007
la famille
Porquê Marie?
Porquê?
E feita a pergunta, uma lágrima fugia-lhe do olho e corria directa para um mar de lágrimas. Porquê Marie?
Era Janeiro e Marie não percebia o que havia de errado. De olhos inchados e rosto húmido dava uma arrumação na casa que o Natal não deveria ter desarrumado de tal maneira. Era sábado e ali estava ela. Sozinha, mais o pequeno Jean a dormitar no quarto ao lado e Sébastian a acabar os trabalhos de casa no escritório; os outros filhos em casa dos amigos; Pierre, o marido, em reunião. Não conseguia perceber, e também não conseguia parar de chorar. Dobrou um braço e com o outro segurou a cabeça, como que rezando ao pranto que se fosse. E lá a prece haveria de ser atendida. Foi já de olhos limpos que Marie enfrentou a pilha de louça deixada pelo almoço, e com esses mesmos olhos e uma cara risonha ajudou Sébastian numa pergunta da escola particularmente complicada para um menino de 8 anos. Não voltou a remexer no assunto o resto da tarde, nem sequer á noite quando a família se reuniu para o jantar e Pierre, a beijou com entusiasmo na face: concluíra um negócio fantástico. As horas de refeição eram horas sagradas e ela, preferia naquele momento nada ter a ver com os problemas que a atormentavam. Adorava ver-se ali no meio daquelas cinco adoráveis crianças, seus filhos e filhas, que concebera em seu ventre, amamentara em seu seio e apoiara nos primeiros passos. Adorava ver-se ao lado do homem que amava, e que a amava, desde que se lembrava. Tão embevecida que ficou com o quadro, que uma lágrima não conseguiu evitar. “Tu vas bien, Marie?” “Oui, oui, ça va bien. C’est la famille…” e Pierre concordou num aceno, e embevecido também ele olhou a cena. A pressa do quotidiano quase que lhes roubava aqueles pequenos momentos. Conversas cruzadas sobre a mesa, birras, risos. “La famille”. Quando se foram todos deitar, Marie ia mais tranquila, ainda que ligeiramente inquieta.
Os dias lá foram passando. Janeiro acabando, dando lugar a Fevereiro. Todos os dias Marie, assim que chegada do trabalho, ia à janela ver chegar cada um dos filhos: primeiro chegavam sempre Jean, Sébastian e Nicole, na carrinha do infantário, depois chegava Paul com Marc, o seu amigo de longa data e por último Julliete, a sua mais velha, que vinha sempre acompanhada de outras amigas, como ela de 14 anos. Chegada após chegada, lhes ia abrindo a porta, dando-lhes as boas vindas com um sorriso caloroso, a eles, ás suas conversas, birras e descobertas desse dia, trocando pequenas saudações com os vizinhos que iam também chegando a casa. Depois de pousados os casacos e descalças as botas, todos eles tentavam furtar-se às tarefas que a mãe e a escola lhes punham em mãos. Porém Marie, no meio da balbúrdia lá impunha ordem e a sua vontade prevalecia, ainda que com a ajuda da sempre solícita e madura Julliete. Pierre não tardaria e o jantar queria-se pronto. Esta era a rotina. A doce rotina que os motivava a guardar cada um daqueles momentos algures entre a memória e o coração. Marie chamava com dois bater de palmas os filhos para a mesa, que para não variar tinham estagnado em frente da televisão. “Julliete c’est la seule qui m’aide. Allez. Allez!”. Resmungando, lá dispersavam as crianças para a cozinha ou para os quartos conforme as funções destinadas. Foi numa dessas alturas, depois de ter tirado os filhos da sala e os mandado às suas tarefas, que Marie deu consigo presa, também ela ao pequeno ecrã. E ela que até nem era grande apreciadora. Nem gostava. Aquelas imagens que se sucediam sem parar. Aquele ruído e papaguear constante. Sem no entanto nada ver. Sem nada ouvir. Nada escutar. Nada, senão aquela pergunta. Porquê? Porquê Marie? Porquê?
Era quarta-feira. Caía a tarde, chegava a noite, e Marie voltava uma vez mais àquele desagradável e impiedoso choro. Voltou a apoiar na mão na cabeça, como que rezando. Ouviu vagamente o barulho dos filhos no andar de cima. Engoliu em seco e decidiu sair à rua: nenhuma das suas crianças a haveria de ver assim. Não levou casaco, embora fizesse frio naquela altura do ano. Não se importou muito, embora na verdade temesse uma constipação. De braços bem cruzados e passo tenso, enfrentou a rua, deserta como seria de esperar àquela hora. Ainda com uma lágrima teimosa no canto do olho, Marie ia ouvindo, das casas por onde passava, ora vozes mais elevadas, ora risos, discussões, pedaços de histórias, o burburinho que uma família faz quando uma família se reúne. Era como se na verdade não tivesse chegado a sair de casa. Era a sua família em cada casa, cada janela, em cada vulto que passava por detrás das persianas. Como poderia ela, Marie, mãe, não se sentir embevecida? Embevecida, como sentada à mesa entre os seus, sangue do seu sangue. Aquela era uma boa vizinhança. Gostava dela. Gostava daquele lugar. Dos seus filhos. Os seus meninos, adoráveis meninos. De Julliete, uma mulherzinha tão prestável a Jean, o seu pequeno, o último a lembrar-lhe a maternidade como quem dá a lição de uma vida. Como podia ela não se sentir embevecida? Como? Perdeu a conta ás vezes que calcorreou o quarteirão. Com um braço no peito e o outro ora segurando a testa ora tapando a boca, como quem reza. Perdeu a conta às vezes que a reza desembocava no pranto, e o pranto em mais caminhada. Não perdeu, contudo a noção do tempo: voltou a casa no fim de jantar. De olhos enxugados. Sorriso recolhido. Pierre à porta, esperava-a, com um ar completamente desconcertado. “Je suis arrivé et Je t’ai pas trouvé. Je suis concerne.” “Excuse moi, Pierre. J’ai mal à tête et J’ai besoin d’un peu d’air. Aprés, J’ai trouvé une amie…” “Les femmes, les femmes. Toujours, les mêmes…” suspirou Pierre aliviado, passando o braço sobre os ombros gelados da mulher, tirando-a da rua. Fazia frio e a Marie soube bem um bocado de calor. Assim como ser levada para a casa que conhecia como a sua mão pela mão do seu homem. Até ao luxo de entrar de olhos fechados se deu. Abriu-os, perante o primeiro passo no hall. Uma pergunta entrara-lhe sorrateira pela porta que Pierre fechava, entrando casa adentro antes que a fechasse. Porquê? Carregou-se, o rosto de Marie, por momentos. De tal forma que fechou ela a porta, com uma secura que inexplicavelmente passou despercebida a Pierre. Talvez o amor nos impeça de conseguir estar atentos a certos pormenores. Porquê? Boa pergunta, Marie.
Porquê?
O mês continuou, mas mais lentamente. Não apeteceria ao tempo, moer na sua mó, ou pelo menos não com muita pressa. E a cada novo dia, Marie deparava-se com aquela pergunta em cada ida ao supermercado, em cada espelho de casa de banho, na secretária do emprego, de cada vez que passava os olhos pela televisão, em cada beijo de despedida ao marido e filhos. E cada vez mais, era difícil reprimir o que sentia. Cada vez mais se desorientava quando face a face com aquele maldito “porquê?”. Marie encarava-o como aquele alguém que se conhece vagamente, que nos irrita solenemente e se gosta de ver ao longe. E esforçava-se por sorrir-lhe. Dia após cada longo dia daquele longo mês de Fevereiro. Volta e meia o sorriso fugia-lhe para o esgar. Porquê? Não sabia. Mas sabia que devia manter a postura. Aos fins-de-semana de manhã, quando Pierre e os miúdos ficavam até mais tarde na cama, ela ia para a cozinha adiantar o almoço e chorar à vontade. Levando a mão à testa, quase rezando a tudo que se fosse. Outras vezes, ao arrumar os quartos ficava subitamente séria, fitando uma ou duas fotos mais antigas. Rosto carregado e impassível. Nessas alturas não chorava. Não sabia porquê, e fechando os olhos com força, nem o queria. Fora isso, continuava a ser uma funcionária pontual e exemplar, a preocupar-se com a saúde de Pierre, assegurando-lhe invariavelmente a roupa lavada e a pasta do trabalho em sítio visível, a esperar o fim do dia para ver os filhos chegar a casa, a preparar refeições com carinho e a ajuda de Julliete, e a embevecer-se com a própria felicidade e daqueles que a rodeavam. Mas Marie, bem lá no fundo tinha um temor. Já nem tanto pela pergunta, mas assustava-a que pudesse ser a resposta.
Era sexta-feira. Parecia ser sexta-feira já à tempo demasiado, e enquanto esperava que chegasse a carrinha do infantário com Jean, Sébastian e Nicole, fitou aquele tempo um tanto sombrio, cheio de nuvens e a ameaçar chuva. Estavam atrasados. Pierre chegaria mais tarde por causa de uma reunião importante da empresa. E logo nesse dia que Marie já não suportava estar mais tempo sozinha. Ela, mais a casa e o mau tempo. Levou as mãos á cara e chorou como quem chove. Não se recordava de já ter chorado assim. Foi com alguma apreensão, portanto, que viu a carrinha do infantário chegar. Devia manter a postura. Ninguém a poderia ver assim. Ninguém. Porquê? Não sabia, ou não o sabia ao certo, ou não o queria saber. Recebeu os filhos e a desculpa esfarrapada do trânsito dada pela responsável para o atraso. Só a preocupava os filhos secos. Nicole resmungava do tempo e Jean chorava. Sébastian cumprimentou o vizinho, que entrava naquele preciso momento na casa ao lado e Marie sorriu pela reputada boa educação do filho. Porém, ali só lhe interessava os filhos secos e abrigados em casa. Fechou o sorriso, acenou ao vizinho e bateu a porta. Deu o lanche aos meninos, e de seguida pôs Jean no parque, mandou Sébastian e Nicole fazer os trabalhos de casa, e foi para a janela esperar a chegada de Paul, que deveria vir à boleia com Marc e o pai deste. Arrepiava-a o estado que o filho pudesse chegar senão apanhasse boleia. Trincou o lábio, e esperou. Uma eternidade em cada segundo e a sua preocupação aumentava. Paul lá chegou entretanto, saindo do carro e correndo para o alpendre. Marie olhou o relógio e viu que afinal só tinham passado cinco minutos desde a chegada da carrinha do infantário. Por momentos, parecera-lhe mais. Do alpendre, enquanto perguntava a Paul como tinham sido as aulas acenava ao pai de Marc, agradecendo-lhe a boleia. O senhor retribuiu o aceno com um sorriso, desaparecendo com o carro no meio da chuva. Marie meteu Paul dentro de casa, mandou-o trocar de roupa, e de seguida lanchar e fazer trabalhos de casa. E de novo, regressou à janela. Fazia-se tarde. Faltava Julliete. Como viria ela? Marie levou a mão à boca. Não se lembrara de confirmar como e com quem viria Julliete para casa. Com aquele tempo aterrador. Que raio de mãe seria ela? “Julliete, elle vient seule?” perguntou a Paul quando o viu passar no corredor. “Je crois qu’ellle vient avec la mére de Joanne”. Marie não conteve uma lágrima a escorrer pela cara, depois de a virar ao filho e esperar que fosse verdade o que ele lhe dizia. Não tardaria até que Julliete chegasse tão encharcada como Paul. Marie, ao ir recebê-la à entrada quis saber o motivo do atraso. Mas Julliete limitou-se a sorrir e a constatar à mãe que se limitara a chegar à hora de sempre. Marie olhou para o relógio: a filha tinha razão. Abraçou-a, beijou-a na face direita e pediu-lhe desculpa. “Te dérrange pas, maman. Pas de problème”, disse-lhe Julliete, olhando-a com benevolência e retribuindo o beijo. Entraram as duas. Marie deixou o rosto carregar-se, antes de fechar a porta para poder olhar a rua com desdém e temor. A porta estaria bem melhor fechada. Que Pierre não se demorasse muito tempo na reunião. Porquê? Aquele tempo metia-lhe medo.
Dispensou a ajuda de Julliete na preparação do jantar, preferiu que ela fosse fazer os trabalhos de casa. Assim que entrou na cozinha, o telefone tocou. Era Pierre. A avisar que chegaria algum tempo depois de jantar, e que seria melhor não contar com ele. Negociavam com uma velha raposa, que não se deixava ir com meias conversas e dali ninguém arredava pé antes de estar tudo bem resolvido. Marie compreendeu à primeira, mas Pierre queria deixá-lo bem claro. Começava até a ser enfadonho. “Pas de problème, Pierre.”. Mas para ele havia: odiava o facto de ser privado de jantar com a família. Só quando Marie disse que ou começava a preparar o jantar ou as crianças iam tarde para cama, é que ele se tocou e despediu-se com beijos para todos. Desligou. O amor de Pierre pela família tomava por vezes dimensões de cegueira. Cada um ama à sua maneira, pensou Marie, enquanto descascava as batatas. Uma gota de sangue caía na banca. Uma gota do seu sangue, mais precisamente. Distraíra-se e cortara-se com a faca. “Mérde.” Lavou a ferida. Fechou a torneira e o golpe não se fechara. Pousou a mão na banca e ali ficou. Ali ficou a tentar estancar a ferida. Porquê? Porque sangrava. Porquê? Porque estava magoada. Mas porquê? Porquê Marie? Porquê? E já não encontrou resposta. Não se conseguia lembrar de nenhuma. Não conseguia sequer perceber a pergunta. Seria assim tão difícil? Seria? Porquê? Porquê Marie? Porquê? Levou as mãos à cabeça. Deixou nos cabelos o sangue da ferida. Começou a chorar. Em silêncio. Só com lágrimas. Uma mão, levou-a ao peito e a outra levou-a à boca. Tapando-a, como se rezasse. Num pranto sem voz, contínuo. E ininterrupto. Limpou as lágrimas com a mão esquerda e pôs um penso rápido no dedo magoado. Voltou a pegar na faca para acabar o que tinha começado, mas em vão. Não conseguiu. Não conseguia. Porquê? Não sabia. E não queria saber. Arregaçou as mangas. Fechou o rosto e pegou numa caneta que encontrou e numa folha. Queria escrever. Mas de suas mãos só saíam “porquês?” e “famílias”. E não era essa a sua intenção. Não. Essa não podia ser a resposta. Não conseguia acabar o que tinha começado. Recuou dois passos, a medo. Pousou a caneta. As lágrimas voltavam de novo. Pegou desta vez num marcador. Foi até à porta e abriu-a. Ainda chovia e Marie estava aterrorizada. Chorava. Levantou o braço e na parte de fora da porta escreveu: “appellez à la police.” Fechou a porta. Entrou na cozinha, pegou na faca e decidiu acabar aquilo que tinha começado. Chovia. Deixara de chorar.
Subiu as escadas e entrou no quarto dos rapazes, onde estavam Jean e Sébastian. Jean dormitava. Sébastian veio pedir á mãe ajuda no trabalho de casa de francês. Marie vertia lágrimas em silêncio. Sébastian perguntou-lhe o que tinha a “maman”. Marie tinha uma faca. Levantou-a. Sébastian caiu. Rápido. Demasiado rápido. Mais rápido até do que julgara. Jean dormia ainda. O seu mais novo ali deitado mais parecia um anjo. Marie esforçou-se por não o acordar. Evitou soluçar, mas não conseguiu evitar dar-lhe um beijo. Levantou a faca novamente. Apagou a luz antes de sair do quarto, não queria ver o seu filho de 3 anos morto na cama, e o seu de 8 morto no chão, a segurar um caderno. O sangue deles cobria o seu avental. Se pudesse também o não veria. Entrou na casa de banho onde estava Nicole. “Maman?” O grito da menina de 11 anos perfurou a noite chuvosa. Marie perdeu o controlo sobre o choro e o soluçar. O sangue de Nicole escorria pela tijoleira da casa de banho e a sua mãe começava a perder o controlo. Ao abrir a porta, Marie deu de caras com Paul que a olhava completamente desorientado. Que se passava? Que faca era aquela? Que sangue era aquele? Que se passava? “Maman?” Marie de lágrimas nos olhos acenou que não e pela quarta vez levantou a faca naquela noite. Paul não mexeu um músculo. Quando caiu, caiu também ele, com lágrimas nos olhos. Os olhos que toda a gente dizia serem iguais aos de Pierre. Agora, apagados. Marie levou a mão à boca, na vã tentativa de controlar os gemidos. Tardaria ainda Pierre? Quando viria? Que fazer quando ele chegasse? “Oh mon Dieu.” Começava tudo a ficar confuso. Podia parar ao menos de chover. Mas não. Não! Agora ela tinha de acabar o que tinha começado. O rosto voltou a fechar-se e assim se dirigiu ao quarto das meninas, onde estava Julliete. Abriu a porta e um tremendo choque na cabeça e as luzes apagaram-se por momentos. Marie caiu, chorou e encarou a filha, também de lágrimas nos olhos, que lhe lançara com o candeeiro à cabeça. A custo Marie voltou a levantar-se, sem ousar largar a faca. “Ma petite…” “Tu va pas me tuer. Tu va pas me tuer!” “Ma petite…” “Non Maman!” Pela quinta vez Marie levantou aquela faca, mas pela primeira não matou ninguém. Julliete desviara-se e lançara á cara da mãe uma estatueta que tinha na mesa-de-cabeceira. Pela segunda vez Marie perdeu o equilíbrio e a visão. A estatueta acertara-lhe no olho esquerdo. Julliete tentou fugir. Marie agarrou-a. Julliete empurrou-a. A mãe soluçando. A filha gritando.“Tu va pas me tuer, maman! Tu va pas me tuer!” Mas Marie não conseguia articular a voz. Não conseguia. Preparava-se para voltar a erguer a faca. Julliete segurou-lhe na mão e tentou tirar-lha. Ambas choravam. “Tu va pas me tuer, maman… Tu va pas me tuer…” “Ma petite…” Marie começava a ceder. Deixava de ter forças para outra coisa que não fosse chorar. “Porquoi maman? Porquoi?”
Ambas choravam. Ambas choravam quando pela sétima vez naquela noite a faca de Marie fora erguida. Ambas choravam. Ambas caíram. Ambas, no sangue uma da outra. Julliete desfalecia. Marie achava estar na hora de acabar o que começara. Fechou os olhos. E não os abriu.
Alertados por uma série de gritos, os vizinhos daquela pacata cidade belga, e que tão bem conheciam a família Duchamps, acorreram à casa desta a fim de saberem o que se passava quando deram de caras com a alarmante mensagem “appellez à la police” escrita na porta. Por coincidência, havia quem já a tivesse chamado ao local. Rapidamente se entrou em contacto com Pierre, e menos de meia hora depois a polícia chegava ao quarteirão, entrava naquela casa e dava de caros com um dos mais macabros homicídios de toda a história da Bélgica. Aquela mulher, na casa dos 40, classe média alta, sem cadastro ou problemas clínicos matara os seus 5 filhos com uma arma branca e, ao que tudo indicava, tentara suicidar-se, embora sem sucesso. Rapidamente foi levada para um hospital. Bastava de mortes naquela noite. Ninguém sabia ainda quem ou como iria explicar a Pierre Duchamps o que se passara naquela noite, na sua casa, com a sua família.
No dia seguinte, por toda a Bélgica, em silêncio ou em voz baixa, houve uma pergunta que por diversas vezes viria a ser repetida: porquê?
Porquê Marie?
Porquê?
Porquê?
E feita a pergunta, uma lágrima fugia-lhe do olho e corria directa para um mar de lágrimas. Porquê Marie?
Era Janeiro e Marie não percebia o que havia de errado. De olhos inchados e rosto húmido dava uma arrumação na casa que o Natal não deveria ter desarrumado de tal maneira. Era sábado e ali estava ela. Sozinha, mais o pequeno Jean a dormitar no quarto ao lado e Sébastian a acabar os trabalhos de casa no escritório; os outros filhos em casa dos amigos; Pierre, o marido, em reunião. Não conseguia perceber, e também não conseguia parar de chorar. Dobrou um braço e com o outro segurou a cabeça, como que rezando ao pranto que se fosse. E lá a prece haveria de ser atendida. Foi já de olhos limpos que Marie enfrentou a pilha de louça deixada pelo almoço, e com esses mesmos olhos e uma cara risonha ajudou Sébastian numa pergunta da escola particularmente complicada para um menino de 8 anos. Não voltou a remexer no assunto o resto da tarde, nem sequer á noite quando a família se reuniu para o jantar e Pierre, a beijou com entusiasmo na face: concluíra um negócio fantástico. As horas de refeição eram horas sagradas e ela, preferia naquele momento nada ter a ver com os problemas que a atormentavam. Adorava ver-se ali no meio daquelas cinco adoráveis crianças, seus filhos e filhas, que concebera em seu ventre, amamentara em seu seio e apoiara nos primeiros passos. Adorava ver-se ao lado do homem que amava, e que a amava, desde que se lembrava. Tão embevecida que ficou com o quadro, que uma lágrima não conseguiu evitar. “Tu vas bien, Marie?” “Oui, oui, ça va bien. C’est la famille…” e Pierre concordou num aceno, e embevecido também ele olhou a cena. A pressa do quotidiano quase que lhes roubava aqueles pequenos momentos. Conversas cruzadas sobre a mesa, birras, risos. “La famille”. Quando se foram todos deitar, Marie ia mais tranquila, ainda que ligeiramente inquieta.
Os dias lá foram passando. Janeiro acabando, dando lugar a Fevereiro. Todos os dias Marie, assim que chegada do trabalho, ia à janela ver chegar cada um dos filhos: primeiro chegavam sempre Jean, Sébastian e Nicole, na carrinha do infantário, depois chegava Paul com Marc, o seu amigo de longa data e por último Julliete, a sua mais velha, que vinha sempre acompanhada de outras amigas, como ela de 14 anos. Chegada após chegada, lhes ia abrindo a porta, dando-lhes as boas vindas com um sorriso caloroso, a eles, ás suas conversas, birras e descobertas desse dia, trocando pequenas saudações com os vizinhos que iam também chegando a casa. Depois de pousados os casacos e descalças as botas, todos eles tentavam furtar-se às tarefas que a mãe e a escola lhes punham em mãos. Porém Marie, no meio da balbúrdia lá impunha ordem e a sua vontade prevalecia, ainda que com a ajuda da sempre solícita e madura Julliete. Pierre não tardaria e o jantar queria-se pronto. Esta era a rotina. A doce rotina que os motivava a guardar cada um daqueles momentos algures entre a memória e o coração. Marie chamava com dois bater de palmas os filhos para a mesa, que para não variar tinham estagnado em frente da televisão. “Julliete c’est la seule qui m’aide. Allez. Allez!”. Resmungando, lá dispersavam as crianças para a cozinha ou para os quartos conforme as funções destinadas. Foi numa dessas alturas, depois de ter tirado os filhos da sala e os mandado às suas tarefas, que Marie deu consigo presa, também ela ao pequeno ecrã. E ela que até nem era grande apreciadora. Nem gostava. Aquelas imagens que se sucediam sem parar. Aquele ruído e papaguear constante. Sem no entanto nada ver. Sem nada ouvir. Nada escutar. Nada, senão aquela pergunta. Porquê? Porquê Marie? Porquê?
Era quarta-feira. Caía a tarde, chegava a noite, e Marie voltava uma vez mais àquele desagradável e impiedoso choro. Voltou a apoiar na mão na cabeça, como que rezando. Ouviu vagamente o barulho dos filhos no andar de cima. Engoliu em seco e decidiu sair à rua: nenhuma das suas crianças a haveria de ver assim. Não levou casaco, embora fizesse frio naquela altura do ano. Não se importou muito, embora na verdade temesse uma constipação. De braços bem cruzados e passo tenso, enfrentou a rua, deserta como seria de esperar àquela hora. Ainda com uma lágrima teimosa no canto do olho, Marie ia ouvindo, das casas por onde passava, ora vozes mais elevadas, ora risos, discussões, pedaços de histórias, o burburinho que uma família faz quando uma família se reúne. Era como se na verdade não tivesse chegado a sair de casa. Era a sua família em cada casa, cada janela, em cada vulto que passava por detrás das persianas. Como poderia ela, Marie, mãe, não se sentir embevecida? Embevecida, como sentada à mesa entre os seus, sangue do seu sangue. Aquela era uma boa vizinhança. Gostava dela. Gostava daquele lugar. Dos seus filhos. Os seus meninos, adoráveis meninos. De Julliete, uma mulherzinha tão prestável a Jean, o seu pequeno, o último a lembrar-lhe a maternidade como quem dá a lição de uma vida. Como podia ela não se sentir embevecida? Como? Perdeu a conta ás vezes que calcorreou o quarteirão. Com um braço no peito e o outro ora segurando a testa ora tapando a boca, como quem reza. Perdeu a conta às vezes que a reza desembocava no pranto, e o pranto em mais caminhada. Não perdeu, contudo a noção do tempo: voltou a casa no fim de jantar. De olhos enxugados. Sorriso recolhido. Pierre à porta, esperava-a, com um ar completamente desconcertado. “Je suis arrivé et Je t’ai pas trouvé. Je suis concerne.” “Excuse moi, Pierre. J’ai mal à tête et J’ai besoin d’un peu d’air. Aprés, J’ai trouvé une amie…” “Les femmes, les femmes. Toujours, les mêmes…” suspirou Pierre aliviado, passando o braço sobre os ombros gelados da mulher, tirando-a da rua. Fazia frio e a Marie soube bem um bocado de calor. Assim como ser levada para a casa que conhecia como a sua mão pela mão do seu homem. Até ao luxo de entrar de olhos fechados se deu. Abriu-os, perante o primeiro passo no hall. Uma pergunta entrara-lhe sorrateira pela porta que Pierre fechava, entrando casa adentro antes que a fechasse. Porquê? Carregou-se, o rosto de Marie, por momentos. De tal forma que fechou ela a porta, com uma secura que inexplicavelmente passou despercebida a Pierre. Talvez o amor nos impeça de conseguir estar atentos a certos pormenores. Porquê? Boa pergunta, Marie.
Porquê?
O mês continuou, mas mais lentamente. Não apeteceria ao tempo, moer na sua mó, ou pelo menos não com muita pressa. E a cada novo dia, Marie deparava-se com aquela pergunta em cada ida ao supermercado, em cada espelho de casa de banho, na secretária do emprego, de cada vez que passava os olhos pela televisão, em cada beijo de despedida ao marido e filhos. E cada vez mais, era difícil reprimir o que sentia. Cada vez mais se desorientava quando face a face com aquele maldito “porquê?”. Marie encarava-o como aquele alguém que se conhece vagamente, que nos irrita solenemente e se gosta de ver ao longe. E esforçava-se por sorrir-lhe. Dia após cada longo dia daquele longo mês de Fevereiro. Volta e meia o sorriso fugia-lhe para o esgar. Porquê? Não sabia. Mas sabia que devia manter a postura. Aos fins-de-semana de manhã, quando Pierre e os miúdos ficavam até mais tarde na cama, ela ia para a cozinha adiantar o almoço e chorar à vontade. Levando a mão à testa, quase rezando a tudo que se fosse. Outras vezes, ao arrumar os quartos ficava subitamente séria, fitando uma ou duas fotos mais antigas. Rosto carregado e impassível. Nessas alturas não chorava. Não sabia porquê, e fechando os olhos com força, nem o queria. Fora isso, continuava a ser uma funcionária pontual e exemplar, a preocupar-se com a saúde de Pierre, assegurando-lhe invariavelmente a roupa lavada e a pasta do trabalho em sítio visível, a esperar o fim do dia para ver os filhos chegar a casa, a preparar refeições com carinho e a ajuda de Julliete, e a embevecer-se com a própria felicidade e daqueles que a rodeavam. Mas Marie, bem lá no fundo tinha um temor. Já nem tanto pela pergunta, mas assustava-a que pudesse ser a resposta.
Era sexta-feira. Parecia ser sexta-feira já à tempo demasiado, e enquanto esperava que chegasse a carrinha do infantário com Jean, Sébastian e Nicole, fitou aquele tempo um tanto sombrio, cheio de nuvens e a ameaçar chuva. Estavam atrasados. Pierre chegaria mais tarde por causa de uma reunião importante da empresa. E logo nesse dia que Marie já não suportava estar mais tempo sozinha. Ela, mais a casa e o mau tempo. Levou as mãos á cara e chorou como quem chove. Não se recordava de já ter chorado assim. Foi com alguma apreensão, portanto, que viu a carrinha do infantário chegar. Devia manter a postura. Ninguém a poderia ver assim. Ninguém. Porquê? Não sabia, ou não o sabia ao certo, ou não o queria saber. Recebeu os filhos e a desculpa esfarrapada do trânsito dada pela responsável para o atraso. Só a preocupava os filhos secos. Nicole resmungava do tempo e Jean chorava. Sébastian cumprimentou o vizinho, que entrava naquele preciso momento na casa ao lado e Marie sorriu pela reputada boa educação do filho. Porém, ali só lhe interessava os filhos secos e abrigados em casa. Fechou o sorriso, acenou ao vizinho e bateu a porta. Deu o lanche aos meninos, e de seguida pôs Jean no parque, mandou Sébastian e Nicole fazer os trabalhos de casa, e foi para a janela esperar a chegada de Paul, que deveria vir à boleia com Marc e o pai deste. Arrepiava-a o estado que o filho pudesse chegar senão apanhasse boleia. Trincou o lábio, e esperou. Uma eternidade em cada segundo e a sua preocupação aumentava. Paul lá chegou entretanto, saindo do carro e correndo para o alpendre. Marie olhou o relógio e viu que afinal só tinham passado cinco minutos desde a chegada da carrinha do infantário. Por momentos, parecera-lhe mais. Do alpendre, enquanto perguntava a Paul como tinham sido as aulas acenava ao pai de Marc, agradecendo-lhe a boleia. O senhor retribuiu o aceno com um sorriso, desaparecendo com o carro no meio da chuva. Marie meteu Paul dentro de casa, mandou-o trocar de roupa, e de seguida lanchar e fazer trabalhos de casa. E de novo, regressou à janela. Fazia-se tarde. Faltava Julliete. Como viria ela? Marie levou a mão à boca. Não se lembrara de confirmar como e com quem viria Julliete para casa. Com aquele tempo aterrador. Que raio de mãe seria ela? “Julliete, elle vient seule?” perguntou a Paul quando o viu passar no corredor. “Je crois qu’ellle vient avec la mére de Joanne”. Marie não conteve uma lágrima a escorrer pela cara, depois de a virar ao filho e esperar que fosse verdade o que ele lhe dizia. Não tardaria até que Julliete chegasse tão encharcada como Paul. Marie, ao ir recebê-la à entrada quis saber o motivo do atraso. Mas Julliete limitou-se a sorrir e a constatar à mãe que se limitara a chegar à hora de sempre. Marie olhou para o relógio: a filha tinha razão. Abraçou-a, beijou-a na face direita e pediu-lhe desculpa. “Te dérrange pas, maman. Pas de problème”, disse-lhe Julliete, olhando-a com benevolência e retribuindo o beijo. Entraram as duas. Marie deixou o rosto carregar-se, antes de fechar a porta para poder olhar a rua com desdém e temor. A porta estaria bem melhor fechada. Que Pierre não se demorasse muito tempo na reunião. Porquê? Aquele tempo metia-lhe medo.
Dispensou a ajuda de Julliete na preparação do jantar, preferiu que ela fosse fazer os trabalhos de casa. Assim que entrou na cozinha, o telefone tocou. Era Pierre. A avisar que chegaria algum tempo depois de jantar, e que seria melhor não contar com ele. Negociavam com uma velha raposa, que não se deixava ir com meias conversas e dali ninguém arredava pé antes de estar tudo bem resolvido. Marie compreendeu à primeira, mas Pierre queria deixá-lo bem claro. Começava até a ser enfadonho. “Pas de problème, Pierre.”. Mas para ele havia: odiava o facto de ser privado de jantar com a família. Só quando Marie disse que ou começava a preparar o jantar ou as crianças iam tarde para cama, é que ele se tocou e despediu-se com beijos para todos. Desligou. O amor de Pierre pela família tomava por vezes dimensões de cegueira. Cada um ama à sua maneira, pensou Marie, enquanto descascava as batatas. Uma gota de sangue caía na banca. Uma gota do seu sangue, mais precisamente. Distraíra-se e cortara-se com a faca. “Mérde.” Lavou a ferida. Fechou a torneira e o golpe não se fechara. Pousou a mão na banca e ali ficou. Ali ficou a tentar estancar a ferida. Porquê? Porque sangrava. Porquê? Porque estava magoada. Mas porquê? Porquê Marie? Porquê? E já não encontrou resposta. Não se conseguia lembrar de nenhuma. Não conseguia sequer perceber a pergunta. Seria assim tão difícil? Seria? Porquê? Porquê Marie? Porquê? Levou as mãos à cabeça. Deixou nos cabelos o sangue da ferida. Começou a chorar. Em silêncio. Só com lágrimas. Uma mão, levou-a ao peito e a outra levou-a à boca. Tapando-a, como se rezasse. Num pranto sem voz, contínuo. E ininterrupto. Limpou as lágrimas com a mão esquerda e pôs um penso rápido no dedo magoado. Voltou a pegar na faca para acabar o que tinha começado, mas em vão. Não conseguiu. Não conseguia. Porquê? Não sabia. E não queria saber. Arregaçou as mangas. Fechou o rosto e pegou numa caneta que encontrou e numa folha. Queria escrever. Mas de suas mãos só saíam “porquês?” e “famílias”. E não era essa a sua intenção. Não. Essa não podia ser a resposta. Não conseguia acabar o que tinha começado. Recuou dois passos, a medo. Pousou a caneta. As lágrimas voltavam de novo. Pegou desta vez num marcador. Foi até à porta e abriu-a. Ainda chovia e Marie estava aterrorizada. Chorava. Levantou o braço e na parte de fora da porta escreveu: “appellez à la police.” Fechou a porta. Entrou na cozinha, pegou na faca e decidiu acabar aquilo que tinha começado. Chovia. Deixara de chorar.
Subiu as escadas e entrou no quarto dos rapazes, onde estavam Jean e Sébastian. Jean dormitava. Sébastian veio pedir á mãe ajuda no trabalho de casa de francês. Marie vertia lágrimas em silêncio. Sébastian perguntou-lhe o que tinha a “maman”. Marie tinha uma faca. Levantou-a. Sébastian caiu. Rápido. Demasiado rápido. Mais rápido até do que julgara. Jean dormia ainda. O seu mais novo ali deitado mais parecia um anjo. Marie esforçou-se por não o acordar. Evitou soluçar, mas não conseguiu evitar dar-lhe um beijo. Levantou a faca novamente. Apagou a luz antes de sair do quarto, não queria ver o seu filho de 3 anos morto na cama, e o seu de 8 morto no chão, a segurar um caderno. O sangue deles cobria o seu avental. Se pudesse também o não veria. Entrou na casa de banho onde estava Nicole. “Maman?” O grito da menina de 11 anos perfurou a noite chuvosa. Marie perdeu o controlo sobre o choro e o soluçar. O sangue de Nicole escorria pela tijoleira da casa de banho e a sua mãe começava a perder o controlo. Ao abrir a porta, Marie deu de caras com Paul que a olhava completamente desorientado. Que se passava? Que faca era aquela? Que sangue era aquele? Que se passava? “Maman?” Marie de lágrimas nos olhos acenou que não e pela quarta vez levantou a faca naquela noite. Paul não mexeu um músculo. Quando caiu, caiu também ele, com lágrimas nos olhos. Os olhos que toda a gente dizia serem iguais aos de Pierre. Agora, apagados. Marie levou a mão à boca, na vã tentativa de controlar os gemidos. Tardaria ainda Pierre? Quando viria? Que fazer quando ele chegasse? “Oh mon Dieu.” Começava tudo a ficar confuso. Podia parar ao menos de chover. Mas não. Não! Agora ela tinha de acabar o que tinha começado. O rosto voltou a fechar-se e assim se dirigiu ao quarto das meninas, onde estava Julliete. Abriu a porta e um tremendo choque na cabeça e as luzes apagaram-se por momentos. Marie caiu, chorou e encarou a filha, também de lágrimas nos olhos, que lhe lançara com o candeeiro à cabeça. A custo Marie voltou a levantar-se, sem ousar largar a faca. “Ma petite…” “Tu va pas me tuer. Tu va pas me tuer!” “Ma petite…” “Non Maman!” Pela quinta vez Marie levantou aquela faca, mas pela primeira não matou ninguém. Julliete desviara-se e lançara á cara da mãe uma estatueta que tinha na mesa-de-cabeceira. Pela segunda vez Marie perdeu o equilíbrio e a visão. A estatueta acertara-lhe no olho esquerdo. Julliete tentou fugir. Marie agarrou-a. Julliete empurrou-a. A mãe soluçando. A filha gritando.“Tu va pas me tuer, maman! Tu va pas me tuer!” Mas Marie não conseguia articular a voz. Não conseguia. Preparava-se para voltar a erguer a faca. Julliete segurou-lhe na mão e tentou tirar-lha. Ambas choravam. “Tu va pas me tuer, maman… Tu va pas me tuer…” “Ma petite…” Marie começava a ceder. Deixava de ter forças para outra coisa que não fosse chorar. “Porquoi maman? Porquoi?”
Ambas choravam. Ambas choravam quando pela sétima vez naquela noite a faca de Marie fora erguida. Ambas choravam. Ambas caíram. Ambas, no sangue uma da outra. Julliete desfalecia. Marie achava estar na hora de acabar o que começara. Fechou os olhos. E não os abriu.
Alertados por uma série de gritos, os vizinhos daquela pacata cidade belga, e que tão bem conheciam a família Duchamps, acorreram à casa desta a fim de saberem o que se passava quando deram de caras com a alarmante mensagem “appellez à la police” escrita na porta. Por coincidência, havia quem já a tivesse chamado ao local. Rapidamente se entrou em contacto com Pierre, e menos de meia hora depois a polícia chegava ao quarteirão, entrava naquela casa e dava de caros com um dos mais macabros homicídios de toda a história da Bélgica. Aquela mulher, na casa dos 40, classe média alta, sem cadastro ou problemas clínicos matara os seus 5 filhos com uma arma branca e, ao que tudo indicava, tentara suicidar-se, embora sem sucesso. Rapidamente foi levada para um hospital. Bastava de mortes naquela noite. Ninguém sabia ainda quem ou como iria explicar a Pierre Duchamps o que se passara naquela noite, na sua casa, com a sua família.
No dia seguinte, por toda a Bélgica, em silêncio ou em voz baixa, houve uma pergunta que por diversas vezes viria a ser repetida: porquê?
Porquê Marie?
Porquê?
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
andava aqui sem nada para fazer e toma lá um post que já almoças
Um e dois e nada de coisa nenhuma acerca de tudo coisa alguma tão clara e concreta como se esfuuma em nuvem preta pouco mais que baça e a desgraça ali tão perto a desgraça aqui tão perto que decerto quereríamos etr o Inferno bem aberto para entrar e sair conforme nos apetecesse divagar no ir e vir ignorando essa alma que nunca dorme e mantém acesa a chama de nada coesa que ainda é o que nos dá vida supostamente vendida a um demo qualquer.
Sempre a dois passos de pouco mais ser que memorável
Não nos levarmos em conta, será um erro considerável.
Sempre a dois passos de pouco mais ser que memorável
Não nos levarmos em conta, será um erro considerável.
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
The New Beat
Cada vez acredito mais, que está na hora de nos tornarmos aquilo que nascemos para ser.
Porquê?
Teremos mesmo de estar sempre a questionar tudo? Tudo? E mais alguma coisa? E a resposta é: sim.
Cada vez acredito mais que cada um tem mais do que algo para dar. Todos e cada um temos algo a dizer, algo a perguntar. Afirmar. O aqui e o agora. Porque ali e depois, já poderão ser tarde demais. Por isso eu digo: é esta a hora.
A hora de finalmente percebermos que o 1+1=3
Que o todo foi feito para ser maior que a soma das partes. O uno não existe. O dual é uma merda. Nós nascemos para sermos algo mais do que aquilo que somos. Nós nascemos para ser vida e para ser Deus.
Fartei-me da vida. Farto-me dela a cada dia, e farto-me da puta desta máscara. A minha liberdade termina onde acaba a dos outros, é certo. Mas e se a minha liberdade, for a dos outros, e se também eles, ao invés de se protegerem nas suas convenções e nos seus limites e nas suas invenções racionalmente elaboradas para que os sentimentalistas não os atrapalhem nos seus planos de vida, tragicamente elaborados, ao longo dessa vida inteira, deixarem ser-se aquilo que nasceram para ser? E se também eles não baixarem os braços e só levantarem a voz para gritar, e nunca jamais para oprimir?
Resumindo: se nós não nos auto-limitarmos, como poderemos limitar os outros?
E se toda esta nossa vida, fosse apenas uma caminhada para este momento que agora termina?
E se toda esta vida não passasse de uma arma para disparar flores ao céu e cair chuva que nem água benta a baptizar-nos todos?
E se tudo isto fossemos nós?
E se a vida não acabasse porque ninguém quer que ela acabe?
E se a revolução não fosse feita de armas, mas de gritos, de alma combatente?
Acredito na violência. Na verdade, acredito que a violência é o único caminho, para ser eu e sermos nós em plenitude. E pensar nos outros. Nunca esquecer os outros. Não ignorar ou querer ignorar o gajo que é diferente. Fazer de conta que não vimos a gaja boa a atravessar a rua. Arrebitar só nariz quando vemos o político a mentir, uma e outra vez. Prosseguir caminho quando um senhor da guerra voltou a matar crianças como quem mata formigas que tiveram o azar de organizar a sua existência para aquele momento que as conduziu invariavelmente para debaixo do seu pé.
Eu sou eu e as minhas atenuantes. Vocês são vocês e o resto. E nós somos o todo e o todo que há de vir. Em nós está presentemente a chave da felicidade, da desordem, da criação, da poesia, da lei, da arte, do nada, do quase tudo, da electrónica, da física, da química, da biologia, porque tudo isso e muito mais nunca conheceu outros que não nós. NÓS. E a glória antiga e a glória que há-de ser e que há-de voltar a nós.
O guarda-chuva só é liberdade enquanto formos nós a carregá-lo. É que 2 ainda vá que não vá, mas 3 debaixo do mesmo chuço, já é fruta a mais. Que custa afinal abri-lo, ainda que com o seu custo miserável, e uma estúpida porção do nosso estúpido tempo perdido, se podemos, na pior das hipóteses ser felizes? Por nós, e por mais ninguém. Mas sê-lo com alguém. Viver para aquele momento em que dá AQUELA música. Para AQUELA mosh no SBSR. Para AQUELA desmarcação num ringue manhoso, numa qualquer Primavera. Para AQUELA molha que quase nos matou, enquanto corríamos. Para AQUELE mergulho em plenas águas geladas da Amorosa. Para aquela miúda de quem gostamos, e que tanto gostávamos que nos desse mais que um olhar, mas que basta que um olhar nos dê para o filho da puta do dia estar ganho.
E AQUILO que eu chamo de “AQUELES” não são senão o ISTO, o AQUI e o AGORA.
Será tão difícil perceber que isto somos nós e o resto que fizemos, acontecemos e quisemos que assim fosse?
Porque eu quero ser o tudo. Quero ser o nada e mais ainda. Quero ser o Demónio Azul. Quero ser Der Blaue Reiter. Quero ser Nefasto. Ser O Mais Infame Arauto da Loucura. Ser Adamastor. Ser o Alfa. E ser o Ómega. O Inicio e o Fim. O que foi e o que há-se ser. O Verbo e o Apocalipse. Um anjo e um poeta. Um arauto e um profeta. Vida e Morte conjugadas, como se mais do que um só se tratasse.
Foda-se!
E se eu posso ser isso tudo, porque caralho não podem vocês sê-lo também?
“this manifesto is very much for real”
“Tenho a certeza de que não achei o que procuras. Porque, se tu procuras, só tu podes achar.” – in “Aparição
“De onde vimos? Para onde vamos? – Podemos apenas responder – Vimos de onde vós não estais, vamos para onde vós não estiverdes.” – Eça de Queirós
“Porque haveria o artista de se julgar obrigado a submeter-se a um poder cuja força reside apenas no número?” – Nietzsche
“O Homem está condenado a ser livre” – Sartre
“Sinto todo o meu corpo deitado na realidade
Sei a verdade e sou feliz.” – Alberto Caeiro
[the new beat]
Porquê?
Teremos mesmo de estar sempre a questionar tudo? Tudo? E mais alguma coisa? E a resposta é: sim.
Cada vez acredito mais que cada um tem mais do que algo para dar. Todos e cada um temos algo a dizer, algo a perguntar. Afirmar. O aqui e o agora. Porque ali e depois, já poderão ser tarde demais. Por isso eu digo: é esta a hora.
A hora de finalmente percebermos que o 1+1=3
Que o todo foi feito para ser maior que a soma das partes. O uno não existe. O dual é uma merda. Nós nascemos para sermos algo mais do que aquilo que somos. Nós nascemos para ser vida e para ser Deus.
Fartei-me da vida. Farto-me dela a cada dia, e farto-me da puta desta máscara. A minha liberdade termina onde acaba a dos outros, é certo. Mas e se a minha liberdade, for a dos outros, e se também eles, ao invés de se protegerem nas suas convenções e nos seus limites e nas suas invenções racionalmente elaboradas para que os sentimentalistas não os atrapalhem nos seus planos de vida, tragicamente elaborados, ao longo dessa vida inteira, deixarem ser-se aquilo que nasceram para ser? E se também eles não baixarem os braços e só levantarem a voz para gritar, e nunca jamais para oprimir?
Resumindo: se nós não nos auto-limitarmos, como poderemos limitar os outros?
E se toda esta nossa vida, fosse apenas uma caminhada para este momento que agora termina?
E se toda esta vida não passasse de uma arma para disparar flores ao céu e cair chuva que nem água benta a baptizar-nos todos?
E se tudo isto fossemos nós?
E se a vida não acabasse porque ninguém quer que ela acabe?
E se a revolução não fosse feita de armas, mas de gritos, de alma combatente?
Acredito na violência. Na verdade, acredito que a violência é o único caminho, para ser eu e sermos nós em plenitude. E pensar nos outros. Nunca esquecer os outros. Não ignorar ou querer ignorar o gajo que é diferente. Fazer de conta que não vimos a gaja boa a atravessar a rua. Arrebitar só nariz quando vemos o político a mentir, uma e outra vez. Prosseguir caminho quando um senhor da guerra voltou a matar crianças como quem mata formigas que tiveram o azar de organizar a sua existência para aquele momento que as conduziu invariavelmente para debaixo do seu pé.
Eu sou eu e as minhas atenuantes. Vocês são vocês e o resto. E nós somos o todo e o todo que há de vir. Em nós está presentemente a chave da felicidade, da desordem, da criação, da poesia, da lei, da arte, do nada, do quase tudo, da electrónica, da física, da química, da biologia, porque tudo isso e muito mais nunca conheceu outros que não nós. NÓS. E a glória antiga e a glória que há-de ser e que há-de voltar a nós.
O guarda-chuva só é liberdade enquanto formos nós a carregá-lo. É que 2 ainda vá que não vá, mas 3 debaixo do mesmo chuço, já é fruta a mais. Que custa afinal abri-lo, ainda que com o seu custo miserável, e uma estúpida porção do nosso estúpido tempo perdido, se podemos, na pior das hipóteses ser felizes? Por nós, e por mais ninguém. Mas sê-lo com alguém. Viver para aquele momento em que dá AQUELA música. Para AQUELA mosh no SBSR. Para AQUELA desmarcação num ringue manhoso, numa qualquer Primavera. Para AQUELA molha que quase nos matou, enquanto corríamos. Para AQUELE mergulho em plenas águas geladas da Amorosa. Para aquela miúda de quem gostamos, e que tanto gostávamos que nos desse mais que um olhar, mas que basta que um olhar nos dê para o filho da puta do dia estar ganho.
E AQUILO que eu chamo de “AQUELES” não são senão o ISTO, o AQUI e o AGORA.
Será tão difícil perceber que isto somos nós e o resto que fizemos, acontecemos e quisemos que assim fosse?
Porque eu quero ser o tudo. Quero ser o nada e mais ainda. Quero ser o Demónio Azul. Quero ser Der Blaue Reiter. Quero ser Nefasto. Ser O Mais Infame Arauto da Loucura. Ser Adamastor. Ser o Alfa. E ser o Ómega. O Inicio e o Fim. O que foi e o que há-se ser. O Verbo e o Apocalipse. Um anjo e um poeta. Um arauto e um profeta. Vida e Morte conjugadas, como se mais do que um só se tratasse.
Foda-se!
E se eu posso ser isso tudo, porque caralho não podem vocês sê-lo também?
“this manifesto is very much for real”
“Tenho a certeza de que não achei o que procuras. Porque, se tu procuras, só tu podes achar.” – in “Aparição
“De onde vimos? Para onde vamos? – Podemos apenas responder – Vimos de onde vós não estais, vamos para onde vós não estiverdes.” – Eça de Queirós
“Porque haveria o artista de se julgar obrigado a submeter-se a um poder cuja força reside apenas no número?” – Nietzsche
“O Homem está condenado a ser livre” – Sartre
“Sinto todo o meu corpo deitado na realidade
Sei a verdade e sou feliz.” – Alberto Caeiro
[the new beat]
terça-feira, janeiro 23, 2007
O Poema da Anarquia
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Há não há? O que há? Que não haja já?
Há? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Quê? Não! Foda-se! Bota! Andor!
Corre caralho! Nas putas! Bora lá!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Anarquia! Anarquia!
Anarquia! Anarquia!
Anarquia todo o dia!
Anarquia! Anarquia!
Anarquia todo o dia!
A revolta pela revolta!
Dás um passo e não há volta
A revolta pela revolta
Dás um passo e dá a volta.
Polta! Bolta! Xolta! Caralholta!
AH! Ah! AH! Ah! AH!
Não há! EI! Ou? Já vou!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Há não há? O que há? Que não haja já?
Há? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Quê? Não! Foda-se! Bota! Andor!
Corre caralho! Nas putas! Bora lá!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Anarquia! Anarquia!
Anarquia! Anarquia!
Anarquia todo o dia!
Anarquia! Anarquia!
Anarquia todo o dia!
A revolta pela revolta!
Dás um passo e não há volta
A revolta pela revolta
Dás um passo e dá a volta.
Polta! Bolta! Xolta! Caralholta!
AH! Ah! AH! Ah! AH!
Não há! EI! Ou? Já vou!
quarta-feira, janeiro 10, 2007
sabes como sabe bem
É estranho fazer uma retrospectiva e chegar à conclusão de que não passou assim tanto tempo que justificasse tanta mudança. Que são 3 anos afinal? São 3 pedras num charco, e não uma vida. Uma vida é coisa para cima de muito tempo, e é uma vida que passou desde 3 anos a esta parte. Quem diz 3, diz mais, longe de mim ser picuinhas. E não obstante ser estranho é agradável.
Agradável repetir o percurso tantas vezes percorrido, agora quase caído no esquecimento, e não conseguir evitar uma certa comoção. Ficamos como que com a sensação de que no final de contas 3 anos não foram assim tanto tempo. Aquela brisa de fim de tarde não engana. Como não engana aquele pôr-do-sol, nem aquele frio miudinho, nem aquele caminho sinuoso. Sabe tão bem chegar á conclusão que ainda podemos ouvir um cd com aqueles ouvidos de 15 anos a fazer-nos acreditar que podemos mudar o mundo: uma fé renovada com novo entusiasmo sempre que ouvimos esse cd, e AQUELA música. É bom notar ainda aquele passo confiante de quem sabe que tudo é uma questão de tempo até o jogo virar para nós, e não dar demasiada importância ao que quer que seja porque nada parece merecer demasiada importância.
Mas a verdade é que 3 anos passam e mudam muita coisa. Especialmente, depois dos 15. Mais ainda se os 3 virarem 4 e os 4 virarem 5. E o tempo a fugir. E sabe bem. Sabe bem ver que por muita machadada que se leve, teremos sempre aquelas raízes. Aquelas raízes e aquele solo. Só isso já faz valer a pena. Recordar não serve para matar a saudade. Recordar é o objectivo último da saudade e a única coisa boa e de novo que ela nos traz.
E sim foi bom. "Foi bom ter nascido. Foi bom não ter acabado ainda de nascer".
Agradável repetir o percurso tantas vezes percorrido, agora quase caído no esquecimento, e não conseguir evitar uma certa comoção. Ficamos como que com a sensação de que no final de contas 3 anos não foram assim tanto tempo. Aquela brisa de fim de tarde não engana. Como não engana aquele pôr-do-sol, nem aquele frio miudinho, nem aquele caminho sinuoso. Sabe tão bem chegar á conclusão que ainda podemos ouvir um cd com aqueles ouvidos de 15 anos a fazer-nos acreditar que podemos mudar o mundo: uma fé renovada com novo entusiasmo sempre que ouvimos esse cd, e AQUELA música. É bom notar ainda aquele passo confiante de quem sabe que tudo é uma questão de tempo até o jogo virar para nós, e não dar demasiada importância ao que quer que seja porque nada parece merecer demasiada importância.
Mas a verdade é que 3 anos passam e mudam muita coisa. Especialmente, depois dos 15. Mais ainda se os 3 virarem 4 e os 4 virarem 5. E o tempo a fugir. E sabe bem. Sabe bem ver que por muita machadada que se leve, teremos sempre aquelas raízes. Aquelas raízes e aquele solo. Só isso já faz valer a pena. Recordar não serve para matar a saudade. Recordar é o objectivo último da saudade e a única coisa boa e de novo que ela nos traz.
E sim foi bom. "Foi bom ter nascido. Foi bom não ter acabado ainda de nascer".
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