terça-feira, maio 19, 2009

todos os mesmos

todos os mesmos traços verticais
agrafam-me numa auto-estrada
as pernas à cama deitada.

todas as mesmas noites acordadas
abriram-se contos de bizarrias
de conhecidos! e profecias

todas as mesmas, histórias
que eu depois contei em claro
dormente, na verdade, sem amparo.

todos os mesmos, nós, aparecemos
não sei, pela ideia de quem,
em algazarra no sono de alguém

com todas as mesmas formas de inquinar,
encher, sabotar, nós percorremos
com as mesmas mãos com que sofremos

todas as mesmas torturas de todas
as mesmas insónias como a que tu
nos olhos agora nos olhos, nu.

todos os mesmos brindes continuam a chapinhar.
todos nós continuamos à minha volta a cantar.
a gozar a minha falta de paciência e siga!
mais bailarico; são só dores de barriga
e gargantas mudas duma insónia que não me liga

Um comentário:

Joana Banana disse...

como já te disse, mesmo muito bom.

naa cama estriada, agrava-se a gravidade do vertical. sui generis divergências falsas de acordos previsíveis sem canto despertado, sem lamparina nocturna.
desapareceremos ao acordar em silêncio, idealmente de alguem?
numa esquina nos prostramos finalmente vazios, sem planos, nem andanças, nem tacto.
o sonho do sono aliviado,cego, fora de nós, com a gota a retroceder até parares, veres que não aguentarias ser cheio de sapiência e começar uma conversa com um

-diga

antes amordaçando a mudança do laço desfeito, no pescoço imóvel de música.