terça-feira, março 30, 2010

she said she said she said

'She Said' - Solid

à medida que o dia ia transformando ratos em nevoeiro, a pessoa em questão discutia, mais o seu cigarro a agressiva tonalidade de cinzento na voz das nuvens. o mistério adensava-se e os outros dois, sozinhos. a pessoa em questão usava fato e ficava-lhe mal. o cigarro estava como costume. panóplias de dias brilhantes e solarengos acenam, das suas viagens promissoras para outras terras, largas e cheias de vida. para cá nada vem. de cá tudo parte. à medida que o dia ia transformando ratos em noevoeiro, a pessoa em questão acabava com o seu cigarro, numa morte de cinema. a vida como a conhecia acabava aos seus pés, e não queria saber.

terça-feira, março 23, 2010

"- You don't talk much do you? You should know, talking is good. Talking is good for stress and shit.
- In a world where God is dead, and Elvis is alive, I'd rather be on my own."

- in "Contrato"

sexta-feira, março 19, 2010

Rock Vs. Single Parents

"Danny keeps beats in a box by the door.
She's a diligent girl but she's been here before.
It reminds her of riding a bike.
Hey hey hey!

Slovenly ground for your slovenly shoes.
Cos we're destined to win and we're destined to lose.
And we're destined to deal with it.
Hey hey hey!

It used to be form to be warned about robots.
And alien life-forms on your way to the toilets.
But now it's like chasing a fish.
Hey hey hey!

Follow me down we can chase single mothers.
Around and around 'til those sluts blow their cover.
Just stick to the plan obi-wan.
Hey hey hey!

What if you never get home?
What if you never get high-hung?
What if you never get home?"




- Mclusky


quarta-feira, março 17, 2010

00 & 11

zéro.
como se diz.
como se fala
zéro
quando cala
quando se finge
zéro
a zéro.

ou
cem
a cem?
zéro
a
zéro
diz o outro,
"está tudo bem!"
tudo bem.
com zéro
e outro
zéro
com
montes de zéros
como não se poderia
estar bem?

sábado, março 13, 2010

sim.
não estavas pronto para o cartucho que comprei na esquina da Maio com a Novembro. duma patada só carreguei-o na palma da mão: máquina de matar. fiz de eastwood no torino antes do eastwood sequer sonhar em pegar arremessos que não fossem armas. apontei o dedo.
gatilho.
PUM!
foste! ahahahahahahahahahahahahahahahahahah devias ter visto a puta da tua cara, falhado de merda. devias ter visto o teu medo a borrar-se na tua cara toda ahahahahahahahahahhahahahah ai meu Deus meu Deus, foda-se! és tão burro!
tão burro.

terça-feira, março 09, 2010

wait! i'm coming undone...





admitamos que quando estes vídeos saíram já dávamos os korn como mortos e enterrados, e não obstante não o admitirmos, estas músicas não paravam de nos vir à memória. e ainda vêm.

domingo, março 07, 2010

acendia cigarros com o rastilho aceso do cocktail molotov, que perdida a utilidade, era arremessado por cima das costas em direcção ao fogão. entornava garrafas de whisky velho com o pé direito para cima das feridas abertas do pé esquerdo: andar descalço em cima de telhados de vidro partidos já não era tão boa ideia como o era há uns anos. na televisão, via a propaganda, de cores bem definidas, vivas, as imagens a marcharem mecânicas, épicos hinos populares reverberando no sistema de som. pegava em facas e tentava abatê-los a todos, à vez, sem muita sorte. apercebera-se de dada música, longínqua das colunas, implícita ao seu canal auditivo, escarninha como convinha a vozes mesquinhas de parlamento de pobres, mas ensonada como a voz dum guerrilheiro sem sopa de legumes à noite, porque a família foi toda morta à tarde. parou uma faca a meio caminho do lançamento do seu braço. calculou melhor a distância. enfiava a dita faca pelo ouvido, para fazer riscar a música e repeti-la e repeti-la e repeti-la e repeti-la e repeti-la

sábado, março 06, 2010

turn the wave, turn the tide
turn the way, become the hive

facilita,
palma caminho
de palmatória
na mão.

estrita,
a farsa do ninho
na célebre glória
do chão.
"não me deixes ver
para além de ti
não faz sentido"