Escrever implica, para mim pensar, porque escrever implica transcrever o que penso, sem pensar. Tenho pensado demais: não tenho conseguido escrever. Optei gaguejar músicas e desculpas: toda agente entende, toda a gente chega lá e eu fico no meu canto: a verdadeira verdade indesmentível. Prefiro assim. A fisiologia pode dar mais que fazer, mas este "status" já tinha a lição estudada, e sobrevive-se. Deixarei de dispensar os espelhos retrovisores, nem que o lugar do passageiro vá ocupado e por alguém que me ajude nas manobras. E fico satisfeito (comigo mesmo) por entender que esses slogans turísticos de países em sublevação são uma anedota de todo o tamanho, no que se refere a segurança.
Os importantes ficam. Aos importantes, não permitimos que partam.
Tudo o resto passa. Ainda que tragicamente.
2 comentários:
Já a Florebela Espanca tinha um belo poema que começava assim: "Tortura do pensar! Triste lamento! / Quem nos dera calar a sua voz!". Não concordo é quando dizes - "tenho pensado demais: não tenho conseguido escrever". Acho que seria mais certo dizer - "tenho pensado demais: não quero escrever" porque às vezes as conclusões a que chegamos quando pensamos permanecem no melhor no ar porque assim nos parecem mais vagas do que quando escritas no papel porque são bem mais concretas e bem mais reais.
hmmmm sim senhor menino carlos, citando bruno aleixo "até que enfim que sai por essa boca uma coisa que não é completamente ursa"" :) é mesmo uma questão de não querer. mas não para as ideias permanecerem no ar, mas para serem mais irredutivelmente fechadas ;)
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