Primeiro foste tu. E depois de ter esfregado os olhos já aqui estava, a meio deste trilho. Espigas para um lado, trigo para o outro, tudo muito dourado e desértico para mim que cheguei desalinhado e de fato preto. À medida que avançava senti pedras no caminho que me faziam tropeçar; sempre da mesma forma, na verdade, parecia tropeçar muitas vezes na mesma pedra. Era ela. Outra vez, oportuna, central, incontornável, a foder-me os sapatos que caminham levezinho; e pensar que a estrada é tão longa ainda. Ao caminho faz-se um espantalho de fisga em punho, a mirar-me com nozes e avelãs às mãos. Mais á frente, fez-me o mesmo um porco, mas à cabeça, e se continuar a este passo, jurava que outra coisa qualquer se lembraria de repetir a graça a alguma parte do meu corpo. De forma sempre inocente e inconsequente, sempre diferente, sempre muitos, mas sempre como um só. O horizonte não se vergou ainda um metro: eu bufo, porque continuo a não entender os anacronismos deste trilho, nem a ordem pela qual se revezam. Às tantas está um meliante encostado à berma desta história toda, de palha na boca, a desafiar-me, novamente, para uma corrida: aceitas? Aceito como? Quando as únicas tatuagens que trago são de miragens e de quem me matou a sede só tenho uns sarrabiscos indecifráveis? A verdade é que não faço ideia quanto tempo mais continuarei neste rumo, assim não sei se o consigo atravessar a correr. E começou tudo por ti, que me vomitaste para aqui logo no início, como se de um sonho se tratasse.
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