aquela mãe, jovem como as nossas mães, percebeu tudo pelas unhas do ser concebido: tinha unhas, logo existe. as nossas mães, então jovens, quase crianças, perceberam isso numa epifania de maturidade, e não tiveram medo: deixariam ser, crescer. como unhas. mas as mães, na candura do seu amor, não percepcionam para além desse ser, e do tal crescer. porque ao ser, cresce, ao crescer embate. choca quando se pontapeia paredes em raiva. entorta quando vicia, como os jogos, empena e fica para sempre assim. adoece, escurece, enruga, amedontra. morre. mas nunca pára de crescer. mesmo embatida, chocada, pontapeada, torta, viciada, empenada, doente, preta, enrugada, medonha, nunca pára de crescer. e quando morre, renasce, com esperança, mas já morta. sempre morta. sempre condenada. as mães não sabem que o fim é quando se desaparece, e que, como as unhas, andamos mortos, muitas vezes, antes do final desvanecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário