segunda-feira, março 16, 2020

prison blues

As rodas dentadas da existência
desaceleram
de vagar
sem ningém acreditar
que páram.
O mundo não mexeu
dali.
O pânico revelou-se mudo.
Tudo acontecia.
Tudo tinha acontecido.
Nada de respostas.
O Dr. Manhattan
no início e no fim.
A roupa de uma gaja
qualquer no meu corpo
e o cheiro das drogas dela
no meu cabelo
com tinta cor-de-rosa
escorrida das paredes
para o interior da série
que estou a escrever.
Será incrível
o teu potencial
que todos vêem
mas em que ninguém acredita.
Esta conversa que travas contigo mesmo
dá-te vontade de fazer perguntas,
não dá?
Por que começas os teus argumentos
e as tuas desculpas
com um não?
Isto é um poema,
uma prosa
ou um post de facebook
sobre a falta de civismo dos portugueses,
questionamos-te.
Um gole de vinho
e uma cozinha
por arrumar.
Não acabaste as descrições.
Ou as alucinações.
Isto não são "Os Maias".
Isto não é português.
Isto não são as drogas
na tua língua
ou a minha língua
entre as tuas pernas.
Um chapadão de resposta
que tens de dor
das algemas que esquartejam
os teus membros
presos e esmagados
pela feroz realidade
dos quatro pontos cardeais.
É o medo.
Aqui, mesmo.
Ausência de movimento.
O mundo sabia
e não estava preparado
O teu pai não acreditava
Agora não o vês.
E não tem mal
porque assim não existe.
A traição aos teus
lembra-te a gravidade
a puxar-te rumo ao chão,
de entre todas as forças
para todos os outros lados.
E
mais uma vez, Pedro Ribeiro
Conseguiste aquilo que pediste,
e tão pouco fizeste por merecer:
Solidão;
Um quarto fechado
com todas as memórias
de todas as mulheres
com quem fodeste
a foderem-te ao mesmo tempo
na mesma foda
na mesma febre
que não tens
porque não tens sintomas
nem imaginação
nem inteligência
ou trabalho.
O mundo não parou,
parvinho.
Só tu.

Borrado de medo.
A fazer de Deus.

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