terça-feira, junho 14, 2011

"padece de imbecilidade".
"obrigado pelo óbvio, cretino"
mas eu tinha de dar a mão à palmatória: viciado em imbecilidade desde o primeiro dia em que articulei palavras, não haveria outro desfecho para mim que não o presente: uma morte lenta e cancerosa, afogada em imbecilidade. impregnado de dores coluna acima, a impedir-me de concretizar as mais elementares tarefas biológicas sem umas guinadas valentes. os membros, então, há muito que deixaram de me obedecer. tremem, tremem, ao ponto de um raquítico osteoporoso com parkinson parecer o usain bolt, à minha beira. só a língua funciona às mil maravilhas: não sei porquê estas maleitas têm o irónico e cruel condão de manter operacional a causa da nossa desgraça. não que eu tenha ao dispor o arsenal de léxico necessário para insultar este mundo e o outro, conforme bem merecem, porque a doença já se alojou na garganta e os impropérios, de tão gaguejados já parecem soluços de choro. tentei pôr um ponto final nesta história, a sério que tentei! gemi, gani, vociferei, calei, recalquei, maldisse, bendisse, fiz o diabo a sete e nada. continuava tão imbecil como na hora do meu parto. e se me venho safando a ouvir um 'bem te avisei', pelo reiterar do vício, Deus, como eu odeio, quando não me livro do maldito 'tentar não chega, é preciso fazer'. como é que no caralho deste mundo um imbecil deixa de o ser?
por isso é que eu vou acabar este texto agora.

Post Scriptum: já se antevia o final desde a primeira frase.

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